No final de semana passado, os alunos assistidos pela Associação de Deficientes Visuais de Fernandópolis (ADVF) realizaram um de seus maiores sonhos: conhecer o mar. Os que têm deficiência parcial puderam, de fato, ver o mar; já os que possuem deficiência visual total, se deliciaram com os aromas, a brisa e até com o gosto da água salgada.
Célia Mafra, presidente da ADVF, conta que a emoção e satisfação dos alunos foi tão grande que um deles fez questão de beijar a areia: Quando chegamos à Praia Grande, em Santos, a emoção foi tamanha que uma deficiente visual total (cega) abaixou e beijou a areia, tomou a água do mar pra ver se era salgada. Foi muito emocionante, pois pude notar que coisas pequenas, que para nós passam despercebidas, para eles que não conseguem ver a beleza são muito importantes. Mas eles puderam se satisfazer através de outros sentidos, como o cheiro da brisa. Presenciei deficientes chorando de emoção. Muitos trouxeram como recordação garrafas de água do mar, areia e conchinhas.
A ideia de fazer a visita ao mar surgiu depois que Célia consultou todos os deficientes sobre o que eles gostariam de fazer no final deste ano. 90% dos assistidos disseram que era conhecer o mar. Mafra, que estava acostumada a apenas fazer uma festa de confraternização e distribuir cestas de Natal, passou então a espalhar a ideia para muitas pessoas. A iniciativa deu resultado, não demorou muito para que uma pessoa anônima se oferecesse para pagar o ônibus. A viagem foi então marcada para 27 de novembro. Todos da ADVF juntaram dinheiro para pagar o aluguel da casa em que iriam se hospedar, conseguiram doações de alimentos, carne e refrigerantes e quando já estavam com tudo preparado, surge um empecilho.
A Prefeitura da Praia Grande não concedeu isenção de R$ 500 para o ônibus de excursão e nem licença para entrar na cidade. Fiquei chocada, quando tudo estava pronto, recebemos a notícia de que não poderíamos ir, mesmo com ajuda do Vereador André Pessuto e do Deputado Julio Semeghini, que fizeram o contato com a Secretaria de Turismo da Praia Grande não conseguimos. Foi uma decepção, mas pensei: não podemos desistir. Então o senhor Márcio - dono da Empresa Vame Turismo - conseguiu uma casa grande para que pudéssemos ficar e uma empresa de ônibus que fosse buscar nossos deficientes na garagem onde lá não precisava de autorização. Um absurdo o que aconteceu, pois tiraram o direito de ir e vir do deficiente. Transferimos, então, nossa viagem para o dia 4 de dezembro e fomos rumo à praia ao mar tão esperado por todos. Durante a viagem várias perguntas foram feitas, como por exemplo, se o mar era azul mesmo, se a água era salgada e se havia muita areia em torno do mar, disse Célia.
Mais um sonho concretizado e uma lição de vida ficou gravada no coração dos alunos e presidente da ADVF: tudo é possível ao que crê!
BALANÇO ADVF 2009
Durante o ano de 2009, a Associação dos Deficientes Visuais de Fernandópolis (ADVF), atendeu 43 deficientes visuais com aulas de Braille, reforço escolar, apoio pedagógico através da Fundação Educacional de Fernandópolis para dois assistidos que fazem o curso de Historia e Serviço Social. Aulas de informática, de artesanato em madeira, curso de inglês em parceria com o Centro Cultural América, aulas de Judô em parceria com Associação de Judô de Fernandópolis, aulas de orientação e mobilidade (onde o deficiente aprende a se locomover através da bengala e se portar perante a sociedade), consultas oftalmológicas em parceria com a Dra. Márcia Gianette, além de vários passeios no Shopping Center, clubes, Expô, entre outros lugares. A ADVF agradece a todos que contribuíram e contribuem com a Associação.