Dos palcos para o altar

20 de Agosto de 2025

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Dos palcos para o altar
Quem nunca ouviu falar nos irmãos do Fat Family? Conhecidos pela voz forte e grande presença de palco, eles ganharam fama e notoriedade na mídia. Entre eles sempre esteve Celinha, que hoje faz carreira solo e escolheu o Senhor como tema principal de suas canções.

Na última semana a cantora esteve em Fernandópolis participando de um culto na Igreja Batista. Conhecida agora como Célia Cipriano Soares Batista, ela concedeu entrevista ao CIDADÃO em Ouroeste, logo após realizar uma apresentação na cidade.



Nas linhas a seguir essa sorocabana e paulista de coração conta o motivo de sua saída do Fat Family e sua conversão ao mundo evangélico.



Por Winter Menezes



Não dá para falar de Célinha sem falar do Fat Family. Conte como tudo começou.

Eu e meus irmãos cantávamos desde pequenos e com 18 anos eu falei para a minha mãe que eu queria cantar profissionalmente. Nessa época nós morávamos em Sorocaba. Então fui para a casa de uma tia em São Paulo e comecei a cantar em barzinhos e em bandas de baile. Nesta época eu tive um relacionamento com um baterista que tocava em um grupo de pagode, e ele falou da minha família para o empresário do grupo e ele quis nos conhecer. Ele nos colocou para ensaiar durante um mês para nos apresentar a uma gravadora. Em 1998 lançou o grupo Fat Family. O interessante é que não foi no Brasil, pois aqui é difícil um estilo novo chegar e ter abertura. Acho que eles tinham receio de que realmente iria dar certo. Então a gravadora levou nosso trabalho para ser lançado a princípio em Portugal e eles gostaram muito dos gordinhos! E foi um grande estouro de vendas de CD e só então nos lançaram aqui no Brasil, que também foi um sucesso.



Quando e o que a levou a se converter ao universo evangélico?

Eu fui a última da minha família a aceitar Jesus. Meus irmãos e meus pais iam a uma igreja perto da casa deles e sempre convidavam meu esposo e eu, que na época era meu noivo. E na terceira vez que visitamos a igreja, o pastor fez um apelo e nós, sem combinarmos nada, aceitamos Jesus. Isso foi em abril de 2003. Mas que eu realmente me converti foi em 2006.



Qual é o seu testemunho de vida que costuma dividir com as pessoas que lhe procuram? O que mudou na sua vida depois da conversão?

Olha, mudou tudo. Porque eu conheci Jesus em 2003, e o Espírito Santo me direcionou para eu dar aulas de canto para as pessoas e muitos vinham para aprender a cantar e participar de programas de calouros e o Senhor ministrava no meu coração. Mas eu percebia que essas pessoas haviam saído do caminho do Senhor, eles queriam o mundo, fazer sucesso, ter fama e tudo mais. E então eu não aceitava que os meus irmãos passassem por tudo o que eu passei, querendo tudo o que o mundo oferece, que, aliás, não se aproveita nada, porque aquele que tem prazer no mundo o Senhor não terá prazer. Então eu tive a certeza de que tudo aquilo não mais me satisfazia e eu comecei a ministrar na vida deles. Por isso eu decidi deixar o mundo em 2006, deixar as minhas vontades, os meus sonhos de homens para viver os sonhos e planos do Senhor na minha vida. Então eu renunciei e foi inclusive no dia do meu aniversário, quando no outro dia haveria um ensaio para um programa de TV. Eu sentia que aquilo estava me incomodando. Meus irmãos comentaram que ensaiaríamos uma nova música para gravarmos e eu falei para eles que aquele não era o plano do Senhor para a minha vida. E eu abri mão de tudo. O Senhor foi me dando um entendimento do que era ser servo, do que eu era ser seu filho.



E então seus irmãos continuaram com o Fat Family?

Eles continuam até hoje. Eu cheguei para eles e disse que não queria mais. Eu joguei tudo fora e não segui mais a minha carreira. Desfiz-me de tudo o que o mundo havia me oferecido. Mas atualmente eles também estão ministrando nas igrejas. Inclusive a última vez que eu estive com eles foi em uma igreja.



Existe alguma música que você cantava com os seus irmãos e que hoje você não cantaria mais?

Então, inclusive nesta ocasião em que eu estive com eles pela última vez eu havia escolhido um louvor para cantar “Toque em Mim”. Porque neste culto onde nos encontramos o pastor nos disse que poderíamos cantar todas as músicas do Fat Family e louvores – porque era época de Carnaval. Inclusive ele tirou todos os bancos da igreja e deixou tipo um “louvorsão” na igreja. Eu achei estranho aquilo e ele disse também que não éramos para entrarmos quando o culto começasse, que era para esperarmos ser anunciados, que seria o auge. E tudo aquilo me parecia muito estranho. Então no meio do culto eles apresentaram a gente e nós fomos para o “palco” – porque até então aquilo era um palco e não um altar. Então eu abri a minha boca e não conseguia fazer com que minha voz saísse, nenhuma música, parecia que eram músicas que eu nunca havia cantado. Não saia nada. E eu me sentia que era Deus, minha mão ficou quente, pegando fogo. E quando chegou a hora de eu cantar o louvor que havia escolhido, minha voz estava embargada e eu sabia que era Ele testificando em mim.



As pessoas vão no culto para ver, a princípio, a Celinha? Como é isso?

Com certeza. E me incomoda muito ver a igreja parada, assistindo. Oras eu me sinto num aquário, oras eu me sinto num palco fazendo show. Mas espera ai, Deus me tirou daquele lugar, do mundo das trevas e me trouxe para o mundo do Reino. E eu preciso falar para a igreja que aquilo que impedia o acesso a este reino não existe mais, o véu rasgou. Agora eles têm que ter consciência de que hoje eu sou da família deles, que nós somos de uma mesma família.



Como é a agenda da Celinha atualmente?

Hoje eu sou 100% Jesus. Eu trabalho integralmente na obra. Eu pertenço à Igreja Batista do Povo, na Vila Mariana, em São Paulo, onde criei o Coral Black, que envolveu um trabalho árduo de quatro anos. Estudei também durante dois anos a palavra, para conhecer ao Deus que eu estava servindo. Atualmente de quinta e domingo eu ensaio com o coral e toda semana ministro em várias cidades.



Você vem desenvolvendo um trabalho de evangelização através da música em várias cidades. Que mensagem pretende passar para essas pessoas que lhe ouvem?

A mensagem de que Jesus Cristo é o senhor da minha vida, que só Jesus salva, que ninguém vai ao Pai se não for por Ele. E que o espírito do Senhor me ungiu.



Pretende gravar algum CD gospel?

Olha, desde que eu aceitei Jesus eu penso: Senhor, me dá louvores. E eu sei que isso ainda vai se manifestar. Eu e o coral já temos ministrado três louvores nas igrejas.



Alguns críticos dizem que muitos artistas “viram” evangélicos para explorarem o mercado gospel. O que você tem a dizer a sobre isso?

Infelizmente isso acontece. E foi tão difícil para mim no começo porque quando você chega a igreja e você vê o mau testemunho de outros a igreja já te recebe assim: é mais uma que quer fazer show aqui na igreja. Mas o Senhor é tão bom, que quando eu pedi para Ele me encaminhar a uma igreja eu pedi para que ninguém me reconhecesse, que todos me recebessem como uma irmã em Cristo, mas não como a Celinha que o mundo conheceu. E ninguém me reconheceu. E pensei: eu sei fazer show, mas eu quero aprender a adorar ao Senhor. No segundo culto que eu participei, eu fui apresentada à líder e ela disse que eu era a resposta de Deus às suas orações e me colocou no altar para louvar e foi assim que eu aprendi a ministrar para a igreja. Mas eu sei o que eu já passei, das pessoas que dão mau testemunho na TV e então as pessoas acham que todo artista veio para tirar proveito, mas quem me justificou foi Deus.



Quais são os seus planos para o futuro? Como você vê a Celinha daqui a vinte anos?

Eu me vejo falando para multidões, que só Jesus Cristo é o Senhor. Falando para os quatro cantos desse mundo, porque o Senhor me chamou para cantar a sua palavra e quando eu estou meditando na palavra o Senhor me dá louvores e tem muito deles que serão instrumento para que as pessoas cheguem ao Senhor.



Que mensagem deixaria para os leitores do jornal CIDADÃO, principalmente para aqueles que se encontram em dificuldades ou desanimado com a vida?

Dificuldades a gente sempre vai passar. É como a palavra diz: No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo e quem venceu, venceu por mim e venceu por cada um que está lendo esse jornal. Porque Jesus Cristo me ama, Ele te ama. Só dê oportunidade, abra o seu coração e deixe Cristo entrar e você vai saber, por experiência própria, a diferença que é estar em Cristo e passar por tudo com Ele. Porque sem Ele não tem como. Ele vai na frente abrindo os caminhos, nos preparando. A Bíblia diz que o Senhor dá ordem aos anjos ao nosso respeito e eles nos guardam e nos livram de todo o mal. A Bíblia diz que Ele guarda a nossa entrada e a nossa saída. Jesus é a proteção, é o único caminho. Assim como eu abri o meu coração, dei oportunidade para Jesus entrar e hoje vivo uma vida abundante no Senhor, é isso que eu declaro para cada um que está lendo esse jornal: vida e vida em abundância. Ele é o caminho, a verdade e a vida. Eu te amo em Cristo, amém.