Pateis: Meio século de música

20 de Agosto de 2025

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Pateis: Meio século de música
Dia 22 de novembro, domingo, é o dia do músico. Para lembrar essa data tão especial, nada melhor do que homenagear um veterano músico fernandopolense, Waldecir Pateis de França, que assim como os demais colegas brasileiros “não desiste nunca” dessa profissão pouco valorizada.

Waldecir nasceu em uma família de músicos. Seu pai, que era flautista, teve 19 filhos, mas chegou a criar apenas 12 – seis homens e seis mulheres. Cinco filhos herdaram o talento do pai. Pateis – o caçula dos homens – começou a tocar seu primeiro instrumento aos cinco anos de idade e nunca mais parou.

Ele conta que era impossível não esbarrar nos instrumentos que ficavam espalhados pela casa, principalmente pela curiosidade de criança. Tudo começou com um cavaquinho, depois passou a dominar boa parte da “família dos instrumentos de cordas”: bandolim, guitarra, violão, violino e baixo.

Não demorou muito para que ele se juntasse aos irmãos para tocar nos bailes da cidade. Na adolescência, se uniu a amigos do colégio (Wanderlei Angelucci, José Sérgio, Hirami, Wanderlei Alves) e formaram a banda “The Black Falcons”, cuja influência maior era os Beatles. “Nós tocávamos em bailes, festas, nos comícios. Eu me lembro que o primeiro comício em que tocamos foi do Leonildo Alvizi”, disse.

Depois de oito anos, essa banda se desfez e Pateis passou a fazer parte de outra: The Hells. Nesta, ficou por cinco anos e acabou aceitando o convite para tocar em um conjunto de Votuporanga, conhecido como Hellos, em que permaneceu também por oito anos.

Foi num desses bailes da vida que Waldecir conheceu sua esposa, Regina Célia Gazeta de França. Na multidão, entre uma música e outra, ela jogava papéis de bala em Pateis para chamar sua atenção. E conseguiu, estão juntos até hoje.

Só que, para conquistá-la de fato, foram necessárias muitas serenatas e conchavos com o cunhado para driblar o sogro que não podia ouvir falar em seu nome. “Toda vez que eu queria fazer serenata para ela, tinha que combinar com o meu cunhado que depois faria uma serenata para a namorada dele também. Então, quando a música começava a ganhar proporção no interior da casa e meu sogro perguntava de onde vinha aquela música, meu cunhado e minha sogra diziam: é o rádio da vizinha”.

Sete anos de conchavos e de muita serenata se passaram até que Pateis tomou coragem e decidiu pedir a mão de Regina em casamento. Dessa união eles tiveram dois filhos: Alessandra e Renato.

Com o filho caçula, a tradição da família voltou a se repetir. O “bichinho da curiosidade” também picou o pequeno garoto que, logo cedo, decidiu que queria ser músico como o pai. Ao lado do filho, Pateis tocou até o final do ano passado, até que decidiu sair de vez da banda e também se aposentar do seu ofício de alfaiate. Atualmente ele toca em casamentos com o amigo Wanderlei Alves.

Apesar de reconhecer a desvalorização de sua profissão, tem saudade dos velhos tempos, que deixaram bons momentos guardados no coração. “Uma história engraçada que não esqueço foi o dia em que a banda foi convidada para tocar em um casamento e eu cheguei atrasado. A noiva já estava entrando na igreja quando peguei o bandolim e chacoalhei para tirar a paleta de dentro e saiu uma barata! As grã-finas que eram madrinhas começaram a pular no altar. Foi muito engraçado. Levamos a maior bronca da noiva que disse que estragamos o casamento dela. Histórias como essa não vou esquecer jamais”.