Procurar um veterinário o mais rápido possível, essa é a orientação que o veterinário do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Mileno de Castro Tonisse, fez à população durante entrevista a CIDADÃO, nessa quarta-feira, 11. Mesmo discordando da opinião da veterinária da Unicastelo - de que o município estaria com 80% dos cachorros de rua com leishmaniose - Mileno se mostra preocupado.
Creio que no município há um número grande de animais com leishmaniose, mas não 80%. Nós enviamos para o Laboratório Adolfo Lutz que é credenciado pelo município um material da cachorra colhido pela Unicastelo, agora é aguardar. Mas, mesmo não tendo o resultado oficial esses números me preocupam, estou apavorado e acredito que o surto está se alastrando. O problema é que o município só pode agir mediante o resultado oficial. E o resultado demora, só há uma pessoa no Adolfo Lutz para atender toda a região, então acabamos ficando com os pés e as mãos atadas, disse Mileno.
Na última semana, a Prefeitura enviou comunicado a todas as clínicas veterinárias da cidade informando que qualquer caso suspeito de leishmaniose deve ser comunicado à Vigilância Sanitária e ao CCZ. Até agora, não houve qualquer comunicação.
Durante a semana, a equipe de reportagem do CIDADÃO ligou para três clínicas veterinárias da cidade passando-se por cliente. Depois de perguntar o valor da consulta e informar que o cão, provavelmente, estava com leishmaniose, foi questionado se eles tinham conhecimento de outros casos na cidade. Um informou que não, dois disseram que sim e um destes chegou a dizer que já havia sacrificado dois animais na semana passada.
No Centro de Zoonoses há cachorros com os sintomas da doença, entre eles, um de nome Salsicha, que foi levado para lá por uma aluna da Unicastelo que o encontrou na rua depois de ter sido atropelado. A estudante tem ajudado a cuidar do animal. Nas últimas semanas também foi enviados para o Adolfo Lutz o material colhido de 60 cães do CCZ para detectar se são ou não portadores da doença.
Somente após a confirmação oficial de um caso, o município poderá agir. A primeira providência, de acordo com Mileno, será fazer um bloqueio na região onde o cão reside e fazer a coleta de materiais de todos os cachorros dessa região para enviar para o laboratório. Se 50% dos casos derem resultado positivo, a situação será considerada de epidemia.
Questionado sobre a utilização de armadilhas para capturar os mosquitos ou veneno, o veterinário responde: Diz a Sucen que foram colocadas armadilhas, mas que nada foi constatado. Perguntei se existe veneno e eles disseram: desde que tenha o mosquito a gente pode passar. É complicado.
Uma reunião com todos os veterinários da cidade foi proposta por Mileno à Diretora da Vigilância Epidemiológica Fabiana Lavezzo, que aguarda decisão. Essa semana o CIDADÃO entrou diversas vezes em contato com Fabiana, mas ela não foi encontrada no setor.