Uma mulher que reside no Jardim Paraíso, em Fernandópolis, pode ser condenada pelo crime de abandono e maus tratos por ter deixado o filho de apenas três anos trancado fora de casa sem comida e abrigo por cerca de dez horas.
No final da semana passada, a pedido do juiz da Vara da Infância e Juventude Evandro Pelarin, a Delegacia de Defesa da Mulher instaurou um inquérito policial para investigar o caso.
Testemunhas arroladas no boletim de ocorrência que afirmam que a mãe não tem condições de criar a criança - já foram intimadas na semana passada e estão sendo ouvidas pela delegada Eda Leci Honorato. A última a prestar depoimento será a mãe da criança.
O fato ocorreu num domingo, 24 de outubro. Os vizinhos acionaram a polícia depois de avistarem o garoto de 3 anos e seu tio, de 11, dormindo no alpendre da casa, vestindo apenas calções e cobertos com um pano que servia de cama para uma cachorra que parira havia poucos dias. Quando a polícia chegou, as duas crianças disputavam o pequeno espaço com a cadela e os cinco filhotes. Para enxergá-los, foi necessário o uso de faroletes.
Segundo a conselheira tutelar Célia Mafra, que estava de plantão naquele dia, as crianças, além de sujas, exalavam forte odor de urina. Elas estavam muito famintas. Dei a elas um lanche enquanto aguardavam no Plantão Policial, elas comeram como se aquela fosse a última coisa que fariam na vida.
Até 01h horário que a conselheira e as crianças deixaram o Plantão a mãe e a avó não haviam procurado as crianças. Uma vizinha entrevistada pelo CIDADÃO disse que a avó chegou à casa bêbada, logo depois que a polícia levou os garotos. Já a filha, chegou algum tempo depois e disse que estava na Santa Casa tomando soro. Quando souberam do que havia ocorrido começaram a brigar. Vizinhos precisaram apartar a briga.
O menor foi encaminhado para a Associação Assistencial Nosso Lar (Orfanato) e o tio, de 11 anos, voltou para casa mediante autorização do juiz Pelarin. De acordo com o Conselho Tutelar, não é a primeira vez que essa mãe abandona o filho. Dois outros boletins de ocorrência já foram feitos contra ela pelos mesmos motivos.
Na primeira ocorrência, que aconteceu no ano passado, a criança foi encontrada a dez quarteirões de casa, acompanhada de um cachorro, que ajudou os policiais a encontrarem a residência.
Na segunda vez, o menor foi encontrado na rua com uma bicicleta grande. Ele foi levado ao Conselho Tutelar, e a avó foi chamada para assinar um termo de responsabilidade pela criança. Vários encaminhamentos para psicólogos foram feitos pelo Conselho Tutelar, mas a mãe não compareceu a nenhum.
