O “jovem embaixador” que representará a região nos EUA

20 de Agosto de 2025

Compartilhe -

O “jovem embaixador” que representará a região nos EUA
O estudante Antonio Joaquim Moreira Junior, de 16 anos de idade, foi um dos 35 brasileiros selecionados no Programa Jovem Embaixador, que faz intercâmbio cultural entre o país e os EUA. No dia 8 de janeiro, ele embarcará para Washington, numa viagem de cerca de três semanas. Junior é aluno da escola “EE Tonico Barão”, de General Salgado, subordinada à Diretoria Regional de Ensino de Fernandópolis. O rapaz esteve na redação acompanhado pela coordenadora pedagógica Ivani Aparecida da Silva Cabrera e pela professora de inglês Maria Inês Gonçalves Castardi. Tranqüilo, jeito de menino do interior, Junior aguarda ansioso o dia do embarque. Ele deixou de ser o orgulho do pai Antonio e da mãe Maria de Fátima para ser o orgulho de toda General Salgado.

CIDADÃO: O que é esse concurso “Jovens Embaixadores”?
JUNIOR: Essa iniciativa é uma parceria entre o governo brasileiro, a embaixada norte-americana e instituições privadas, que leva estudantes brasileiros aos EUA para fazer intercâmbio de informações, conhecer o modo de vida dos norte-americanos, etc. Trata-se de uma troca cultural, porque também levamos informações sobre o nosso modo de ser.
CIDADÃO: Você passou por um processo seletivo, para alcançar esse prêmio. Como foi isso?
JUNIOR: Primeiramente, houve uma prova escrita, com perguntas que não eram de múltipla escolha, e sim que nos levavam a redigir, dando nossa opinião sobre uma série de assuntos. Mostrava-se, por exemplo, uma reportagem, e nós tínhamos que dar nossa opinião sobre ela. Uma que chamou a minha atenção era sobre uma matéria onde constava que, até 2012, um número elevadíssimo de jovens morrerá de forma trágica. Nós tínhamos que apontar soluções para aquela problemática. Perguntava-se também qual era o acontecimento mais marcante da última década, em nossa opinião. Coisas assim.
CIDADÃO: Houve uma seleção regional, não é? E depois?
JUNIOR: O procedimento praticamente se repetiu. Perguntavam também o que nós fazíamos, no plano extra-curricular.

CIDADÃO: E o que você respondeu?
JUNIOR: Falei do trabalho voluntário que faço na Escola-Família. Durante um ano, fui monitor na sala de informática da escola. Agora a sala está em fase de manutenção, mas continuo no projeto Escola-Família. Sou auxiliar na prática de esportes. Também ensino a jogar xadrez.
CIDADÃO: Pelo visto, você vai à escola todos os dias da semana, não é?
JUNIOR: É verdade. Aos sábados, vou à tarde, porque faço espanhol pela manhã. No domingo, fico cerca de três horas por lá.
CIDADÃO: Qual terá sido, em sua opinião, o diferencial que o levou a vencer a disputa no “Jovens Embaixadores”?
JUNIOR: Olha, eu já havia participado uma vez. Na segunda, me preparei melhor, e na entrevista eu consegui controlar o meu nervosismo. Dei respostas simples, e consegui me soltar.
CIDADÃO: Como é a sua família?
JUNIOR: Até o ano passado, éramos quatro pessoas em casa. Agora, minha irmã, que já se formou, está trabalhando e vivendo em Votuporanga. Considero que somos uma família de classe média baixa, porque meu pai é autônomo, e minha mãe é do lar. Não há uma renda garantida todo mês, porque existem os riscos. Meu pai planta frutas. O nosso relacionamento é bom, eles me incentivam a estudar. O curso de inglês, por exemplo, que faço à parte, estou fazendo pelo incentivo da minha mãe.
CIDADÃO: Qual foi a reação da sua família ao saber que você ganhou o concurso?
JUNIOR: Meu pai pulou de alegria, minha mãe também. Assim como a minha avó. Eles sabem que essa experiência é importante para mim. Minha expectativa em relação a essa viagem é exatamente ver, com meus próprios olhos, o american way of life, além de conhecer um país super-desenvolvido. Espero que a minha visão de mundo ganhe novos contornos. Além disso, eu viajei muito pouco na minha vida, a maior cidade que conheço é São José do Rio Preto.

CIDADÃO: Você não conhece São Paulo?
JUNIOR: Não. Vou conhecer agora em novembro, porque vou para São Paulo no “Deputado por um dia” (NR: projeto da Assembléia Legislativa de SP). Também fui selecionado nesse projeto.
CIDADÃO: Onde será o desembarque nos EUA?
JUNIOR: Não sei o roteiro exato, só sei que desembarcaremos em Washington. Devemos visitar museus, monumentos, escolas, e também conviver por duas semanas com uma família voluntária norte-americana. Haverá treinamentos para melhorar o nosso inglês.
CIDADÃO: Quantos jovens participarão dessa viagem?
JUNIOR: Somos 35 jovens, do Brasil inteiro. Dos quatro mil que participaram, foram pré-selecionados 139, e depois chegaram ao número final de 35.

CIDADÃO: Certamente, hoje você é o orgulho da sua escola e da cidade. O que você quer fazer no futuro?
JUNIOR: Pretendo estudar Medicina. Sei que não é fácil ingressar numa escola pública, mas se você tem disposição, se você quer mesmo, pode conseguir. Tenho o hábito de estudar bastante, pela orientação que recebi da minha família e dos professores. Acredito que a iniciativa começa na escola, e foi lá que aprendi a querer ser alguém na vida. Tenho uma diretora na minha escola que é firme, consciente e responsável. Se não fosse pelo empenho dela e dos professores e funcionários, acho que eu e outros colegas não teríamos tanta motivação para perseguir o nosso sonho. Nossa diretora é dona Marilei Fernandes Belini Lopes.
CIDADÃO: A sua geração vive problemas seriíssimos na sociedade moderna, como a questão das drogas. Como você avalia isso?
JUNIOR: Por viver numa cidade pequena, sei que o problema é muito menor do que em cidades grandes, onde os riscos também são maiores. Tenho consciência de que isso é errado justamente pela educação que recebi – na família e na escola. Tem também a religião – eu sou evangélico. Sei que a igreja de uma maneira geral – a Católica, a Evangélica – pregam o bem. Tenho certeza de que o que falhou nos jovens que entram no caminho errado foi a base, a falta de formação.

CIDADÃO: E a internet? O que você acha do seu uso indiscriminado? As relações virtuais não preocupam? Por exemplo, você tem a sua turma?
JUNIOR: Conheço gente que nunca vi pessoalmente, e que só pude conhecer por causa da Internet. Por exemplo, há uma menina de Pernambuco que vai comigo no Jovens Embaixadores, e nós estabelecemos contato via Internet e já ficamos amigos. Agora, se a pessoa ficar presa naquilo, é uma coisa ruim, porque ela perde o contato social. Tem que se policiar.
CIDADÃO: Tem algo que você gostaria de dizer aos jovens da sua idade?
JUNIOR: Tenho uma mensagem para aqueles que não foram selecionados no concurso Jovens Embaixadores: Persistam! No ano passado, não consegui vencer o concurso. Eu me esforcei, me dediquei, e consegui este ano. Não desanimem nunca, porque com muita batalha a gente vence. Tem que ter perseverança. Claro que tudo isso também depende de orientação, apoio e incentivo da família e da escola.