Dois grupos de evangélicos de Fernandópolis e Votuporanga se uniram para dar força ao rap evangélico e disseminar essa expressão cultural pela região. A iniciativa partiu do casal Bruna Rafaela Fernandes de Souza e Jair Carlos de Souza Junior (conhecido com SL) que faz parte do grupo Missão Resgate e pertence à Igreja O Evangelho Quadrangular de Fernandópolis.
Juntos com os grupos Shekinah Rap, Família GPD e Chrigor e Luppy, tiveram a ideia de promover encontros nos finais de semana, nas escolas que fazem parte do projeto Escola da Família. A programação teve início nesse domingo, na escola Carlos Barozzi, que fica no bairro da Brasilândia. Cerca de 100 pessoas compareceram ao evento, que durou cerca de quatro horas. Nas próximas semanas, eles estarão em outras escolas e, futuramente, pretendem estender o projeto às praças.
Apesar da boa vontade de cada um, todos reconhecem que não se trata de uma missão muito fácil. Quem explica a razão é Marcelo Biorki, que faz parte do grupo Shekinah Rap e da Igreja Presbiteriana da Graça de Votuporanga. O rap não é muito bem visto, pois as pessoas que não conhecem acham que é um estilo musical violento, mas o rap evangélico não. Eu costumo dizer é que se o rap secular é o veneno, o nosso é o antídoto. As nossas músicas falam de Deus, de respeito aos pais, às autoridades, somos contra qualquer tipo de droga. Outro diferencial é que procuramos viver tudo o que cantamos em nossas canções, afirmou.
O Shekinah Rap - que é composto do Marcelo Biorki e Marcelo Guerche (DJ Morgado) - existe há quase dez anos e é um dos grupos mais antigos da região. Eles já gravaram um CD e, no próximo mês, lançam um novo álbum: Rimas de Sangue, que possui 18 faixas. Além das apresentações feitas em igrejas, escolas e praças, um dos lugares em que surgem mais convites é para cantar é em cadeia e Fundação Casa (Febem).
No mês passado, por exemplo, eles estiveram em uma Fundação Casa em Minas Gerais e vivenciaram uma de suas experiências mais marcantes: ver dezenas de menores cantando suas canções. Eles já conheciam nossas músicas porque no ano passado fizemos um show na cidade e uma igreja comprou o CD em grande quantidade e distribuiu a eles. Então, quando ouvimos todos cantando nossas músicas foi emocionante. Depois conversamos com eles, fomos até as celas daqueles que não podiam sair para o pátio. Um deles disse o seguinte para nós: Para sobreviver nesse inferno que é aqui, só o CD de vocês para me dar forças. Isso é muito gratificante, disse.
Há menos tempo que o Shekinah rap - há quatro anos - também vem desenvolvendo seu trabalho, o grupo GPD (Guiados por Deus), que é composto por dois irmãos, que são integrantes da igreja O Evangelho Quadrangular de Fernandópolis: Murilo César e Tiago Marcelo Camargo Alves. Mesmo com toda dificuldade que eles sabem que imperam sobre esse meio, sonham em gravar um CD e seguir os mesmos passos da banda Shekinah Rap.
Para que esse trabalho alcance outras gerações e não feneça, o DJ Morgado vem preparando, há dois anos, os irmãos: Chrigor, 12, e Luppy, 10. Para o pai, Denis Edson do Nascimento, é um orgulho poder ver seus dois filhos se empenhando em algo que realmente vale à pena. A gente vê no mercado evangélico cantoras como Aline Barros, Cristina Mel, Diante do Trono, gravando músicas pop para crianças. Mas e as que curtem rap? Não existem músicas voltadas para elas nesse estilo. Então estou investindo nesses garotos. Eles têm muita facilidade para cantar rap, que não é fácil. Tem gente que às vezes compõe lindas letras, mas na hora de cantar, se perde, não consegue cantar no tempo certo. Queremos ensinar essa nova geração a também adorar a Deus com o rap, que é o que a gente gosta, concluiu DJ Morgado.