Um magarefe de um frigorífico de Fernandópolis, Adauto Aroca, 38, doou em 2008, sua medula óssea para uma pessoa no hospital Fundação Amaral Carvalho em Jaú. Apenas 25% dos pacientes encontram doadores na própria família. Acredita-se que a compatibilidade do código genético (HLA) ser semelhante à de outra pessoa seja de uma em 100 mil. Adauto fez parte dessa rara exceção de doares espalhados pelo mundo.
Ele foi motivado a doar a partir de uma palestra que ouviu na empresa em que trabalhava na Construtora da Secol em agosto de 2007. Mas antes, já vinha acompanhando os noticiários a respeito do tema. Toda vez que eu ouvia falar sobre medula óssea na televisão, rádio ou jornal, eu prestava atenção. Sempre dizia, uma hora vou doar. Depois dessa palestra, decidi que era a hora. Algo dentro de mim me impulsionava e eu tinha certeza de que chegaria a fazer a doação, afirmou Aroca.
Em menos de um ano, ele foi comunicado que seu HLA parecia ser compatível com o de outra pessoa. Para verificar a compatibilidade, novos exames foram feitos pelo Hemocentro de Fernandópolis e enviados para o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (REDOME), que fica instalado no Instituto Nacional de Câncer (INCA) no Rio de Janeiro. O resultado foi positivo. Após a confirmação, Adauto foi novamente consultado se gostaria, de fato, de doar. Diante do sim, ele foi encaminhado para a Fundação Amaral Carvalho em Jaú para ser avaliado por médicos especialistas.
Após dez dias saiu o resultado de que Aroca estava liberado para fazer a doação, que ocorreu em agosto de 2008 e durou cerca de 3h30. Adauto ficou três dias hospedado em um hotel da cidade com tudo pago pelo Governo. Recebi um tratamento cinco estrelas tanto no hotel quanto no hospital. Parece que o custo de cada transplante gira em torno de R$ 150 mil para cada doador. Fiquei muito contente de poder doar. Mas gostaria demais de poder saber quem foi a pessoa que recebeu a minha medula. Como não é permitido revelar o nome do receptor, então não me foi passado, disse.
Desde a doação, um dos maiores sonhos de Adauto e sua família é conhecer o paciente que recebeu sua medula. Segundo eles, há suspeitas de que essa pessoa seja de Fernandópolis. Coincidência ou não, uma amiga deles garante que uma colega fez um transplante de medula óssea em São José do Rio Preto, no mesmo dia que Aroca fez, e que o doador estava na cidade de Jaú.
Adauto e Rosemeire, sua mulher, foram até a casa da suposta receptora, mas ela negou o que havia confirmado para a amiga. Ela procurou a nossa amiga depois e disse que não queria que as pessoas soubessem que ela fez um transplante por causa da sua religião que não permite. Claro que respeitamos a sua decisão, mas temos a esperança de que um dia caso seja essa mesma pessoa ou outra se revele para nós. É o nosso maior sonho, concluiu o casal.