Suzete Angélica Ferrarezi Isaías ou simplesmente Suzi Ferrarezi, como é mais conhecida se tornou mãe de muitas crianças quando decidiu implantar a Associação Assistencial Nosso Lar (Orfanato) em 1996. Embora já tivesse seus dois filhos (Rodrigo e Fernando) optou por dar chance a outras crianças de também terem um lar. A ideia surgiu quando Suzi ainda dava aulas em uma escola de ensino infantil, que abriu em Fernandópolis depois que se formara em Educação Artística pela PUC-Campinas. Eu tinha na escola vários alunos adotivos. Em conversa com os pais de alguns deles, resolvemos criar essa Associação. Não tínhamos nada no começo, ganhamos de início alguns beliches, depois vieram outras mobílias que foram doadas por uma família de São José do Rio Preto. Começamos, então, abrigando três crianças, atualmente temos 22, disse.
De início, todos que ajudavam na casa eram voluntários, mas à medida que o trabalho foi se solidificando houve a necessidade da contratação de funcionários, hoje a Associação possui 12. Suzi permaneceu por dois anos à frente do Orfanato, mas por problemas pessoais precisou afastar-se, deixando na presidência Elisabete Maria Moro Viana, que permaneceu por dez anos. Depois de uma década, Suzi voltou a assumir a Associação e há dois anos vem lutando pelo Orfanato.
Dar conta de 22 crianças com históricos tão marcantes não é algo tão fácil, principalmente, quando se trata de uma pessoa emotiva como Suzi. Durante a entrevista, precisou respirar fundo várias vezes para conter as lágrimas, ora ao falar das crianças da Associação, ora ao falar do orgulho que sente de seus próprios filhos. A gente se envolve muito com as histórias de cada criança. Quando você lê a peça que diz o por que aquela criança veio para ali, dá um nó na garganta muitas vezes. O abandono é uma coisa que não sara, deixa sempre cicatrizes abertas, afirmou.
Todo esse esforço não passa despercebido pelos olhos das funcionárias e das crianças. Com a Suzi, melhor impossível. Ela faz o que for necessário para melhorar tudo aqui dentro. Ela é bem mãezona. Se precisa chamar a atenção, ela chama, mas quando tem que ceder, cede bastante, disse - em meio a risos - Érica, uma funcionária da Associação.
Já quanto aos seus filhos, Rodrigo e Fernando, Suzi também não mede esforços para vê-los bem. No final de semana passado, ela foi levar um deles a um campeonato de karate em Sebastianópolis do Sul para incentivá-lo ao esporte. Eu notei que ele andava meio desanimado, então fui levá-lo ao campeonato para incentivá-lo. Ele acabou ganhando medalha de prata na sua categoria. Nossa, parecia que eu ia explodir por dentro de tanta felicidade. Quando terminou, ele veio me abraçar, todo suado, tirou a medalha do seu pescoço e coloco-a em mim e disse: mãe esse prêmio é seu. Não há nada que pague isso. O mesmo ocorre com as crianças da Associação. Vê-las se saindo bem - seja em uma prova ou ganhando um prêmio - nos faz ver que valeu a pena e que nada é em vão, disse.
Ao ser questionada sobre seu maior sonho, Suzi diz já ter realizado. Meu maior sonho era ter filhos, tenho dois. Tenho também uma família maravilhosa. Meu marido, Claudemir, é um ótimo marido que me apóia em tudo o que eu faço. Quando preciso resolver problemas do Orfanato fora do horário ele sempre me diz vai que eu cuido de tudo aqui. Então, meu desejo é que meus filhos cresçam e sejam pessoas do bem e que eu continue sempre assim feliz como eu sou, concluiu Suzi Ferrarezi.