Diante da crise financeira que assola o país, a ordem é não desperdiçar. Entre os alunos do curso de Agronomia da Universidade Camilo Castelo Branco (Unicastelo) de Fernandópolis, a tarefa é cumprida ao pé da letra. Tudo é aproveitado até mesmo os bate-papos informais. Foi num desses que nasceu o projeto Ceres, um dos únicos da universidade que possui caráter permanente.
A ideia surgiu a partir de uma conversa entre os alunos, que falavam sobre o tema fome, em diversas partes do Brasil e do mundo, exceto em Fernandópolis. Foi então que eu disse aos alunos que essa realidade também existia em nossa cidade e os convidei para conhecer a realidade de uma entidade local. Depois, propus que fizessem um trabalho voluntário, através da criação de uma horta para abastecer diversas entidades, disse o coordenador do projeto, o engenheiro agrônomo Douglas Costa Martins.
O trabalho filantrópico que já tem um ano de funcionamento - não só deu certo como se tornou um projeto de extensão da Unicastelo. Atualmente, sete entidades são abastecidas com os alimentos produzidos pelos alunos. São elas: Associação Comunitária Maria João de Deus; Associação Beneficente Casa da Criança Auta de Souza; Associação Assistencial Nosso Lar de Fernandópolis (Orfanato); Associação de Voluntários no Combate ao Câncer (A.V.C.C.); Lar Meimei; Núcleo Espírita Dr. Adolfo Bezerra de Menezes e Parque Residencial São Vicente de Paulo.
Para cada entidade são entregues, uma vez por mês, cerca de 15 maços de diversas hortaliças e cinco quilos de outros alimentos, como abóbora, chuchu, cenoura, entre outros.
Uma das entidades - a Maria João de Deus, que fica no Jardim Ipanema teve iniciativa de criar uma horta própria em sua sede. A novidade se espalhou entre as demais instituições, que decidiram realizar o mesmo projeto. Há cerca de 20 dias, Douglas fez uma reunião com todas elas para falar sobre o assunto. Um levantamento do que cada uma irá necessitar para criar a horta vem sendo elaborado pelos alunos.
O próximo passo é tentar pleitear entre os empresários da cidade o material necessário para execução do projeto. Segundo o coordenador, outros dois planos futuros serão colocados em prática. O primeiro é criar para as crianças das entidades, um manual de como criar e cultivar uma horta. O segundo é vender os alimentos produzidos para a comunidade como forma de geração de lucros.
Ao final do processo, Martins acredita que os alunos terão cumprido todo o ciclo de aprendizagem. Quando conseguirmos colocar tudo isso em prática, os alunos terão cumprido um ciclo. Vão saber produzir mudas, conduzir uma horta e comercializar.
Uma mudança ocorrida no início desse ano animou ainda mais os alunos. A partir do último semestre, a atividade começou a valer como horas de estágio supervisionado com direito a certificado. Esse tipo de trabalho, que é obrigatório dentro do curso, é muito bem visto por multinacionais. Essas empresas dão preferência a pessoas que fazem trabalhos voluntários. Além da ajudar outras pessoas, eles estarão se preparando para o mercado de trabalho, concluiu o engenheiro agrônomo Douglas Costa Martins.