O médico Renato Sato Sano, especialista em radiologia e diagnóstico por imagem, é um dos diretores do CDI Centro de Diagnóstico por Imagem de Fernandópolis. Ele e o irmão Rubens são filhos de médicos (Nestor e Miyoko Sano) e desde os tempos da faculdade sonhavam montar na cidade natal um instituto especializado nessa área. Com o apoio moral e material dos pais, eles inauguraram o CDI há três anos, e contam com equipamentos de ponta para facilitar a identificação das moléstias. Agora, o grupo adquiriu um aparelho de Raio X digital, cujas imagens são infinitamente melhores do que as dos antigos aparelhos. Aos 30 anos, Renato acredita que parte do projeto de vida que ele e o irmão traçaram já está cumprida. Mas ele espera muito mais da medicina fernandopolense, na qual o jovem vislumbra boas perspectivas para, no futuro, transformar a cidade num efetivo centro de referência de uma grande região.
CIDADÃO: O que é Raio X digital?
RENATO: O Raio X digital, na verdade, é um equipamento que permite ao médico analisar o exame no computador, em vez de fazê-lo na película, como antigamente. A comparação perfeita está no sistema de fotografia antigo, que era passada para o papel de revelação, e a digital. Esse aparelho permite que a imagem seja ampliada, clareada, aumentada ou diminuída, de acordo com as necessidades. Depois de imprimir um filme, tem-se essa possibilidade de trabalhar a imagem antes de imprimir a película e, consequentemente, obter uma qualidade melhor. A aquisição da imagem acontece como antigamente, só que a película é uma placa de computador, que adquire a imagem para que seja analisada.
CIDADÃO: Quer dizer que, se a anormalidade suspeitada tiver dimensões reduzidas, a ampliação da imagem permitirá um diagnóstico mais seguro?
RENATO: Exatamente. Se há alguma dúvida, por exemplo, num corpo vertebral, faz-se um raio X. Digamos que seja da coluna, onde haja suspeita de fratura em alguma vértebra. É possível ampliar a imagem, observar os contornos da vértebra e diagnosticar se existe fratura ou não. Ella, a imagem, dá uma melhor caracterização das alterações. Enfim, para o perfeito entendimento do leigo, a comparação ideal é mesmo com a da fotografia. Há muitos recursos, como retirar parte da imagem para permitir melhor observação. Outro fator importante é o seguinte: a quantidade de tempo a que o paciente será exposto á radiação diminui, porque se você faz um raio X convencional e ele sai muito branco, pouco penetrado, haverá a necessidade da repetição do exame, o que significa expor o paciente outra vez aos efeitos da radiação. No caso digital, a gente consegue escurecer essa imagem no próprio computador, não havendo necessidade de nova exposição. A única possibilidade de repetição do exame ocorre quando o paciente se mexe no exato momento da captação e a imagem sai tremida. Mas é muito difícil de acontecer.
CIDADÃO: Além do Raio X digital, quais são os outros equipamentos modernos de que o CDI dispõe atualmente?
RENATO: Hoje, o CDI está completo em termos de diagnóstico por imagem, porque além da densitometria óssea para osteoporose, a mamografia digital, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética, é possível dizer que o CDI pode hoje realizar todos os exames em termos de diagnóstico. Nós tentamos trazer para Fernandópolis os equipamentos mais novos e modernos, para efetivamente estruturar um centro de diagnóstico por imagem com aquilo que há de ponta na tecnologia.
CIDADÃO:Como funciona a parceria do CDI com a Santa Casa?
RENATO: Na verdade, a Santa Casa tinha a necessidade da aquisição de um aparelho de ressonância magnética, porém tinha dificuldades na parte financeira. Era um problema sério, e um antigo sonho do hospital. Nós, de nossa parte, tínhamos a vontade de, em conjunto com a classe médica de Fernandópolis, adquirir um equipamento capaz de diagnósticos mais complexos. Então, surgiu a parceria, onde nós entramos com a parte financeira e a Santa Casa entrou com o local. Nós pagamos um aluguel ao hospital, e o CDI praticamente terceirizou esse serviço.
CIDADÃO:A família Sano decidiu investir maciçamente na medicina em Fernandópolis. Vocês acreditam mesmo que no futuro a cidade será um centro de referência médica?
RENATO: Nós sempre acreditamos que Fernandópolis tinha a necessidade e a possibilidade de descentralização em relação a São José do Rio Preto e outras regiões. O que acontece é que nós temos uma classe médica excelente, com bons médicos, só faltava esse empurrão que é um suporte para o diagnóstico e para o tratamento das doenças mais complexas. Nós acreditamos na nossa microrregião, ou mesmo na macrorregião, se considerarmos a afluência de pacientes de Minas e Mato Grosso do Sul, entendendo que se tratava de potencial a ser explorado. Meu pai (Nestor Sano) acreditou na gente e nos deu essa força, o empurrão inicial sem o qual não teríamos condições de realizar esse sonho, e graças ao apoio da classe médica e também da população, pudemos alavancar a medicina em Fernandópolis. Acredito que nesses três anos de atividades do CDI, a medicina da região melhorou em termos de diagnóstico. Ou seja, alcançamos parte daquilo que era a nossa pretensão, ou seja, a descentralização de que falei há pouco.
CIDADÃO: Sempre que o assunto é Medicina, vem à baila o projeto de fazer da Santa Casa um hospital-escola. Qual é a sua opinião pessoal sobre isso?
RENATO: Acho que, em termos de Fernandópolis, será muito bom, porque ainda existe falta de médicos, principalmente na parte básica, como os postos de saúde e pronto- socorros. Acho que esses alunos, além de ajudarem no atendimento, ainda vão melhorá-lo, porque o médico é sempre obrigado a se reciclar e trazer informações novas para os alunos, que estão sempre questionando aí, o médico-professor tem que saber dar a resposta. Normalmente, o atendimento pelo aluno é um pouquinho mais demorado, mas é mais completo, com mais perguntas ao paciente, um histórico mais completo etc. Acho que será muito bom para a Santa Casa e para Fernandópolis.
CIDADÃO:Na sua opinião, a tecnologia de ponta pode fazer desaparecer o clínico geral bom de diagnóstico, ou seja, o médico capaz de estabelecer um diagnóstico só pelos métodos mais ortodoxos, como apalpação, ausculta e anamnese?
RENATO: Não. Isso nunca vai desaparecer. Na verdade, todo bom diagnóstico começa com uma boa história, um bom exame físico. Hoje, nós estamos praticamente obrigando o médico a fazer uma investigação completa, porque nós, com nosso equipamento, suspeitamos de uma determinada moléstia, cujo diagnóstico definitivo virá do clínico ou cirurgião. Assim, a capacidade de diagnosticar não desaparecerá nunca. De todo modo, nós, mais jovens, ficamos impressionados com a capacidade dos médicos do passado, que estabeleciam diagnósticos precisos sem os recursos da atualidade.