Historiador fala sobre o feriado de 7 de Setembro

20 de Agosto de 2025

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Historiador fala sobre o feriado de 7 de Setembro
Nessa segunda-feira, 7 de setembro, comemora-se o dia da Independência do Brasil. Para muitas pessoas, porém, a data só é lembrada por ser um feriado nacional em que as pessoas têm a oportunidade de viajar, visitar amigos e parentes ou descansar. Essa semana o CIDADÃO entrevistou o historiador Rodrigo Ribeiro Paziani - que é professor do curso de História, Geografia, Pedagogia e coordenador do Centro de Documentação e Pesquisa da Fundação Educacional de Fernandópolis – para falar a respeito da Independência do Brasil.

Segundo Rodrigo, apesar da data oficial da ruptura entre Brasil e Portugal ter ocorrido em 7 de setembro de 1822, o processo de independência já havia se iniciado cerca de dois anos antes. As causas que levaram a essa separação começaram em virtude da exploração de Portugal, por intermédio do Marques de Pombal, em relação ao Brasil. Essa opressão fez com que parte da elite política brasileira começassem a articular a ideia de se emancipar. Um dos personagens que teve papel fundamental na preparação e consolidação da Independência do Brasil foi José Bonifácio de Andrada e Silva, um político paulista, nascido em Santos que ficou conhecido como o Patriarca da Independência. Mas a figura que sempre foi evidenciada nos livros didáticos e, por conseguinte, nas escolas e universidades, era a D. Pedro I. A história narra que ele teria bradado às margens do rio Ipiranga a frase: Independência ou Morte. Determinados aspectos dessa versão são contestados por alguns historiadores.

“Existem críticas bastante contundentes dessa versão, há cerca de dez anos vem discutindo-se no ensino essa temática. Alguns livros de história repensam essa “independência”. Existem duas versões sobre esse tema que se contrapõem. A primeira, mais embasada historicamente, diz que D. Pedro, sabendo que já havia confabulações por parte da elite brasileira de emancipar-se de Portugal, ele – sabiamente – propôs um acordo: eles o apoiavam como emancipador da independência e, em contrapartida, D. Pedro os designariam à cargos públicos. Os primeiros ‘lobbistas’ teriam surgido durante a independência. A segunda versão – que baseia-se mais em fatos lendários – conta que D. Pedro – apesar de ser casado com – tinha várias amantes. Entre elas, havia uma que era mais famosa, que era a marquesa de Santos. D. Pedro teria saído para encontrar com sua amante em Santos, mas antes decidiu parar em São Paulo para falar com José Bonifácio. No caminho ele teria encontrado com um desconhecido que - regressava de São Paulo – que comunicou-lhe que teria ouvido rumores de que a independência teria sido já oficializada por José Bonifácio. D. Pedro chegou então a São Paulo sem graça, por pensar que teria perdido a oportunidade de ser o emancipador da ideia”, disse Rodrigo.

A partir desses relatos, Paziani afirma que a “Independência do Brasil” não foi tão pacifica em função dos interesses políticos que havia na época. Outro ponto que Rodrigo fez questão de evidenciar durante a entrevista, foi o fato do Brasil haver se emancipado politicamente, mas não na área econômica, já que a condição imposta por Portugal para que o país ganhasse a sua independência foi assumir uma dívida de Portugal com a Inglaterra. “Portugal dependia economicamente da Inglaterra. Todo o dinheiro que o país arrecadava ia parar nas mãos dos ingleses. Para que o Brasil se tornasse independente foi preciso aceitássemos contrair a dívida. Foi a partir daí que começou a dívida externa. Esse seria um pequeno resumo da história da “Independência do Brasil”, conclui Rodrigo Ribeiro Paziani.