Antônio Cruz, o “homem de mil utilidades”

20 de Agosto de 2025

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Antônio Cruz, o “homem de mil utilidades”
Antônio Cruz tem 81 anos de idade e nasceu na cidade de Marcondésia, próximo a Ribeirão Preto. Seus pais, Manoel Ferreira da Cruz e Olímpia Maria de Jesus, tiveram nove filhos. Desses, apenas oito chegaram à idade adulta. Por ser o primogênito, aos sete anos teve que aprender a trabalhar para ajudar o pai na roça.

Na lavoura, trabalhou até 1952, quando foi convidado para trabalhar como servente em uma escola de Brasitânia. Cruz jamais pensara que, oito anos depois que viera para Fernandópolis, pudesse conseguir um trabalho que não fosse a labuta no campo. “Já fiz de tudo um pouco nessa vida, fui boiadeiro, trabalhei em oficina. Já na escola arrumei lâmpadas, portas, cheguei até a substituir professores quando faltavam. Eu era o famoso Bombril, o das mil e uma utilidades. Assim me chamavam na escola”.

Nessa escola trabalhou por cerca de dez anos, sendo transferido para Fernandópolis, para a escola Joaquim Antônio Pereira (JAP), onde permaneceu por cinco meses até ser transferido para a escola Francisco Arnaldo da Silva (Coronel).

Das atividades que desenvolvia, a que mais lhe dava prazer era pintar. Por vezes pedia à diretora Wandalice Franco Renesto para que o deixasse pintar as paredes da escola nas férias, ao invés de apenas lavá-las. Depois de algum tempo trabalhando nessa escola, surgiu a oportunidade para assumir a representação do jornal Folha de S.Paulo na cidade; para isso, porém, ele precisaria de um avalista.

Sem pensar duas vezes, Antônio procurou o amigo Waldomiro Renesto – marido da diretora Wandalice. A confiança que Waldomiro tinha em Cruz fez com que a resposta fosse positiva. Antônio passou, então, a fazer duas jornadas de trabalho. Das 7h às 11h trabalhava na escola; no período da tarde, dedicava-se ao jornal e das 18h às 23h fazia seu segundo período no Coronel. Por cerca de 20 anos teve essa mesma rotina de trabalho, até se aposentar pelo Estado.

Por 30 anos, Antônio ficou com a representação do jornal e, durante essas décadas, chegou a receber muitos elogios da Folha por ser um dos únicos no Estado a não gerar problemas para empresa. Hoje, aos 81 anos de idade, Cruz diz sentir muita saudade dessa época. “Sinto saudade de quando trabalhava no jornal. Não era um serviço simples, pois não se tratava apenas de vender, receber e entregar jornais. Tinha que renovar assinaturas e ficar atento às datas que venciam. Quando um cliente me dizia que não tinha condições de renovar a assinatura naquele mês por algum problema, eu negociava para ele me pagar no mês seguinte. Desta forma, nunca fechei o balancete com uma assinatura a menos. Quando deixei o jornal tínhamos 970 assinaturas, hoje tem cerca de 300”, afirmou.

Para Antônio, que começou a trabalhar aos sete anos de idade, ficar parado é um martírio. Para suprir a falta das inúmeras atividades que exerceu no passado, se dedica a serviços manuais e assistenciais. “Volta e meia um vizinho me chama para trocar um chuveiro, uma lâmpada”.

O trabalho vicentino também é algo a que se dedica há 45 anos. Toda quinta-feira ele se reúne com os vicentinos para analisar o trabalho e dividir funções, como visitas a idosos, realização de campanha de medicamentos e alimentos, distribuição de cestas básicas, entre outros. Paralelo ao trabalho Vicentino, Antônio e sua esposa, Geni, se dedicam à pastoral de quarteirão da Igreja Católica. “Fazemos visitas a idosos, pessoas que perderam seus companheiros. Têm muitos que nem conseguem sair de casa. É importante a realização desse tipo de trabalho, pois as pessoas são carentes de receber uma visita, uma palavra amiga. É gratificante poder ajudar”, concluiu Antônio Cruz.