Neusa superou grandes dramas e não perdeu a alegria de viver

20 de Agosto de 2025

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Neusa superou grandes dramas e não perdeu a alegria de viver
Neusa Francisca de Jesus, a “Neusa Cabeleireira”, já militou na política como candidata a vereadora nas últimas duas eleições; foi eleita miss Fernandópolis terceira idade; participa ativamente da Unati (Universidade Aberta à Terceira Idade); faz teatro, atividades físicas diárias, adora pescar, viajar, trabalhar. Tudo isso com muito bom humor e alegria. Sempre com um sorriso nos lábios e de bem com a vida.

O que talvez poucos saibam é que essa mesma mulher já sofreu muito na vida trabalhando em carvoarias, na roça, apanhando algodão, cortando cana para sustentar dez filhos; e perdeu um deles quando este tinha apenas dez anos de idade.

Em 1996, Neusa descobriu que tinha um câncer de mama. Fez cirurgia para retirada do nódulo que, nove anos depois, surgiu em outra mama. Foram anos viajando a Barretos, quando as estradas de acesso à cidade nem eram asfaltadas e o hospital, Pio XII, ainda era apenas um ambulatório.

Mesmo nesse período mais difícil de sua vida, nunca deixou de dar uma palavra de ânimo e encorajamento aos amigos. Muitos quando vinham visitá-la, esperavam encontrar uma mulher acamada, abatida e triste; mas acabavam, no final, sendo também “visitados”.

A Casa de Apoio, inaugurada na última semana, foi uma das promessas de campanha de Neusa em 2004 e também em 2008; como não conseguiu se eleger, incentivou a amiga e vereadora Cândida de Jesus Nogueira a lutar por esse sonho.

Para reforçar o pedido de Candinha, Neusa fez uso da Tribuna Livre em março para falar da importância das casas de apoio. “Fico feliz por essa conquista, foi a realização de um sonho. A Casa de Apoio de Fernandópolis é a mais bonita de Barretos. Sei porque já visitei todas as outras e vou a Barretos até hoje”, afirmou.

Neusa nunca teve vida fácil. Desde pequena fora criada na roça pelos avós, pois sua mãe se separou do pai antes mesmo dela nascer. Somente aos 13 anos de idade foi morar com a mãe (Eremita), padrasto e as três irmãs.

Foi nessa idade que Neusa aprendeu a trabalhar, pois na casa de dona Eremita não tinha moleza. Teve que aprender a lavar, passar, cozinhar, limpar a casa, cuidar das irmãs mais novas e ainda carregar as trouxas de roupa que a mãe pegava para lavar.

Após um ano, Neusa voltou a morar com os avós, dessa vez em Fernandópolis, em uma casa próximo ao cemitério. Não acostumado com a vida urbana, seu avô decidiu voltar para o campo e instalou-se em uma fazenda em São João das Duas Pontes. Neusa e a avó o visitavam nos finais de semana.

Foi em uma dessas visitas que ela conheceu seu marido, Severino Sebastião da Silva, que viera do Nordeste em busca de trabalho. Em seis meses eles se casaram e foram morar em uma fazenda em Arabá.

Juntos, tiveram dez filhos: Leonildo, Telma, Tânia, Silvanete, Silvaneide, Leandro, Rosilei, Rosa Maria, Carlos Eduardo (em memória) e Corina. Hoje, Neusa e Severino são avós de 19 netos.

Para criar dez crianças, tiveram que passar por muitos sacrifícios. “Eu e meu marido sempre mudamos muito. Teve um ano que mudamos 13 vezes. Até que um dia decidi que tínhamos que nos firmar em um lugar, pois as crianças precisavam de estudo. Foi então que viemos morar em uma casa de barro no Jardim Ubirajara, em Fernandópolis”, disse Neusa.

Para comprar uma casa melhor, teve que trabalhar na roça, apanhando algodão, acompanhada do filho mais velho, Leonildo, que na época tinha 13 anos. “Conseguimos comprar nossa casinha, mas eu e o Leonildo tivemos que comer muito arroz com banana ou ovo e levantar às 3h30 da madrugada. Vencemos. Tenho orgulho dos meus filhos, pois eles nunca reclamaram de nada e hoje são pessoas de bem e me dão muito orgulho”, elogiou.

Aos 64 anos de idade, Neusa se diz uma pessoa realizada. Um dos sonhos que ainda tinha era tirar a Carteira Nacional de Habilitação. Há dois anos, ela realizou esse sonho. De todos os percalços que teve na vida, tirou a seguinte lição: “o segredo é ter fé em Deus; não faço nada sem antes conversar com Ele. Graças a Ele, hoje estou aqui com bastante saúde e alegria. E onde eu estou há alegria”, concluiu Neusa Francisca de Jesus.