Farinazzo: “Penso muito em Fernandópolis. A saudade é imensa”

20 de Agosto de 2025

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Farinazzo: “Penso muito em Fernandópolis. A saudade é imensa”
Há seis meses sem pousar os olhos na sua cidade querida, o ex-prefeito Armando José Farinazzo cumpre um auto-exílio na capital paulista, obedecendo a rigorosas ordens médicas. As complicações da saúde o obrigam a fazer três sessões semanais de hemodiálise e a seguir um rígido tratamento. Ao político dinâmico, não resta alternativa senão a de se submeter ao que lhe foi prescrito. Quem conhece Farinazzo sabe que ele gostaria de circular por Fernandópolis, rever os muitos amigos, falar de política na Bastilha. E, poeta que foi na juventude, o professor, advogado e líder tucano fernandopolense certamente se recordou, nesses dias cinzentos da paulicéia, dos versos de “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, que terminam assim:

“Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá”

CIDADÃO: Como vai o seu tratamento?

FARINAZZO: Vai bem, graças a Deus. Ele é meio moroso, mas devagarinho está evoluindo satisfatoriamente.

CIDADÃO: Há quanto tempo o senhor não vem a Fernandópolis?
FARINAZZO: Há seis meses. Vim para cá no final de janeiro. Depois que saí do hospital vim morar no bairro da Liberdade.

CIDADÃO: E como tem sido a sua rotina em São Paulo?

FARINAZZO: Minha rotina é a seguinte: faço hemodiálise três vezes por semana na Clínica Santa Rita e faço retornos ao hospital, para fazer fisioterapia, exames de rotina.

CIDADÃO: E os amigos? Eles têm telefonado?

FARINAZZO: Ah, sim! Isso ajuda muito. Tudo ajuda. Mesmo os amigos aqui de São Paulo têm me ligado constantemente.

CIDADÃO: Mesmo à distância, o senhor tem acompanhado a política de Fernandópolis?

FARINAZZO: Não. Não tenho tido noticias. É melhor assim, para que eu não fique esquentando a cabeça.

CIDADÃO: Por que o município de Fernandópolis tem mostrado tanta dificuldade em revelar novas lideranças políticas?

FARINAZZO: Atribuo isso à pouca participação dos jovens. Por alguma razão, justamente depois que resgatamos a democracia no Brasil, os jovens se desinteressaram pela política.

CIDADÃO: E o que poderia ser feito para incentivar a participação da juventude?

FARINAZZO: Em primeiro lugar, creio que seria muito importante que os partidos políticos fizessem campanhas de filiação, para trazer os jovens até eles.

CIDADÃO: E o noticiário Brasil, o que o senhor tem achado dele?

FARINAZZO: Está horroroso! Essas histórias de Sarney e companhia, meus Deus do céu! Não dá para engolir. Acho que o atual quadro nacional é muito ruim

CIDADÃO: Em São Paulo as pessoas andam falando muito em crise ou ela está deixando de ser tema das conversas?

FARINAZZO: É lógico que as pessoas ainda comentam muito sobre a crise, isso é um fenômeno natural. Tenho conversado com amigos da área política aqui em São Paulo e o pessoal está muito preocupado com o quadro econômico.

CIDADÃO: Como é que o senhor controla a saudade de Fernandópolis?

FARINAZZO: É muito difícil, mas a gente vai se controlando, não resta outra alternativa. Eu gostaria imensamente de poder voltar, mas ainda não estou andando. Há uma série de dificuldades, mas estou fazendo fisioterapia. Continuo na berlinda, como se diz. Bem que eu gostaria de abreviar o tratamento, mas os médicos não deixam...

CIDADÃO: Esta é uma pergunta formulada a pedido do seu amigo e jornalista Alencar César Scandiuzi: Como foi o seu 22 de Maio longe de Fernandópolis?

FARINAZZO: Foi a primeira vez que isso aconteceu. Eu nunca tinha passado um aniversário da cidade longe dela. Pensei muito em Fernandópolis nesse dia, senti muitas saudades. Eu me recordei de grandes momentos que Fernandópolis viveu em sua história e senti a falta que ela me faz. Só que a gente tem que ir levando e obedecendo o tratamento médico.

CIDADÃO: O senhor acha que o PSDB terá disputa interna para indicar seu candidato ao governo de São Paulo ou o quadro aponta para uma união partidária em torno do nome de Geraldo Alckmin?

FARINAZZO: Eu não acredito em dissensões, em guerra interna do PSDB paulista. Acho que será um processo harmônico. Pode ser que o partido convirja para o nome do Dr. Geraldo. Só que, ultimamente, a gente tem ouvido falar que o governador José Serra estaria pensando em não disputar mais a presidência da República. Isso, evidentemente, mudaria o quadro político-partidário, mas são especulações.

CIDADÃO: O senhor sente saudades da militância na política?
FARINAZZO: A gente sente, sim. É uma coisa meio natural, que está no sangue. Eu sempre participei da política.

CIDADÃO: E esse afastamento temporário tem lhe proporcionado alguma lição política?

FARINAZZO: Sempre faço reflexões. Por exemplo, essa possibilidade do Serra não disputar a eleição presidencial: isso é muito relativo, porque ele, potencialmente é o candidato natural à presidência. Graças a Deus que nós temos boas opções. Particularmente, gostaria que o candidato fosse ele.

CIDADÃO: Já que é impossível falar diretamente com todos os seus amigos de Fernandópolis, o que o senhor gostaria de dizer a eles, através desta entrevista?

FARINAZZO: Para os meus amigos, uma palavra só: saudade. À população de Fernandópolis de um modo geral, só tenho a agradecer. Sei que ela tem feito orações, e quero revelar que isso tem me ajudado demais. Eu e minha família só temos a agradecer. Aliás, quero agradecer também aos meus familiares, que têm me dado um apoio fora do comum. Nem tenho palavras.