O delegado do 2º Distrito Policial de Fernandópolis, José Flávio Guimarães, ouviu na durante a semana passada, três estudantes que foram testemunhas no Caso Mariana. Os jovens Matheus Guimarães Almeida, Thaísa Helena de Paula Azanha e Hugo Moraes disseram não ter visto, em nenhum momento, a estudante de medicina Mariana Finazzi de Almeida com o frasco, tipo spray, denominado buzina do barulho na mão.
A versão dos três diverge, nesse ponto, do depoimento dado à polícia no dia que ocorreu o fato. No boletim de ocorrência consta que a vítima, de acordo com relato das testemunhas arroladas (Matheus, Thaísa, Hugo e Mariana Klein), ingeriu cerveja e vodka com refrigerante, bem como inalou uma substância do interior de um frasco, tipo spray, de buzina do barulho, sendo que por volta das 02h00, passou mal, caiu no chão e vomitou. As quatro testemunhas arroladas que lá se encontravam tentaram reanimá-la, mas de nada adiantou, oportunidade em que as testemunhas colocaram a vítima em um veículo e rumaram todos para a Santa Casa de Misericórdia local.
Ainda resta ouvir uma testemunha, Mariana Kleins Feltrin, que em função das férias escolares retornou para sua cidade, Balneário Camboriú. Segundo o delegado, ela seria a testemunha-chave, pois estava abraçada com Mariana quando esta passou mal.
Na última sexta-feira, 26, a reportagem de CIDADÃO entrou em contato com Mariana Kleins. Ela também afirmou que não viu Mariana Finazzi com o spray na mão. Leia abaixo o que ela disse à reportagem:
CIDADÃO: Mariana, você deverá ser ouvida pela polícia quando retornar das férias. Então, só em agosto, correto?
MARIANA KLEINS: Isso.
CIDADÃO: Você estava junto com a Mariana Finazzi quando ela começou a passar mal. Ela chegou a dizer se estava se sentindo mal?
MARIANA KLEINS: Não, não. Foi bem de repente mesmo.
CIDADÃO: Ela disse estar sentido tonturas ou algo parecido?
MARIANA KLEINS: Não.
CIDADÃO: Vocês caíram no chão juntas?
MARIANA KLEINS: Eu vou contar essa história direito quando eu chegar aí (Fernandópolis). Eu não vou ficar falando disso porque saiu muita informação errada. Falaram que ela cheirou lança-perfume. É tudo mentira. Disseram que foi overdose, também é mentira. Vamos esperar sair os exames, eles vão mostrar que ela nunca usou droga. Eu tenho certeza absoluta que não vai ter nada.
CIDADÃO: Você chegou a vê-la em algum momento com o spray da buzina do barulho não mão?
MARIANA KLEINS: Não.
CIDADÃO: Você vai continuar estudando na Unicastelo ou pedirá transferência?
MARIANA KLEINS: A minha intenção desde sempre foi pedir transferência. Mas não sei, vamos ver o que vou fazer, ainda não sei.
Caso Mariana Kleins mantenha o que disse à reportagem quando for interrogada pelo delegado, haverá divergência no que foi dito pelos quatro quando foi lavrado o Boletim de Ocorrência no dia da tragédia.
O último a depor na delegacia essa semana foi o estudante Hugo Moraes. Na última quinta-feira, ele chegou ao 2º Distrito Policial acompanhado de três amigos - um deles também estivera na festa. Hugo demonstrava bastante nervosismo e agitação, e disse que não iria falar com a imprensa sem a presença do seu advogado.
Logo que chegou, às 14h55, o estudante trocou farpas com o delegado José Flávio, que o chamou cinco minutos mais cedo do horário marcado para depor. Hugo disse que não entraria sem o seu advogado.
José Flávio, por sua vez, disse que não era obrigado a esperá-lo, uma vez que seu cliente não estava sendo acusado de nada. O estudante retrucou dizendo que o horário do depoimento havia sido marcado para as 15h e ainda faltavam cinco minutos. O delegado disse que o aguardaria até às 15h01.
Após o seu depoimento - ainda demonstrando nervosismo e agitação - aceitou gravar entrevista com a imprensa e disse que ele e os amigos tentaram socorrer Mariana, mas ela chegou ao hospital já sem vida. No final da entrevista, o rapaz acusou a imprensa de ter divulgado fatos inverídicos sobre o caso.
Pusemos ela (sic) dentro do carro, mas infelizmente ela deu entrada no hospital com óbito. Inclusive, como sempre, a imprensa denigre a imagem, essa menina não era uma drogada e não teve uma overdose. No exame de necropsia não indica isso, a gente tem que esperar o exame toxicológico. Se não se tem esse resultado então não podemos afirmar, concluiu.