Vilar faz o balanço dos primeiros 6 meses

20 de Agosto de 2025

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Vilar faz o balanço dos primeiros 6 meses
A administração de Luiz Vilar de Siqueira chega ao final do seu primeiro semestre e o prefeito já contabiliza alguns sucessos e críticas. Em entrevista exclusiva a CIDADÃO, Vilar fala de diversos assuntos, como o crescimento do parque industrial, pagamento de impostos, saúde, transporte coletivo e o mais polêmico tema desses seis meses: a Exposição Agropecuária e sua crônica dependência dos cofres públicos. O prefeito garante: nos próximos três anos, a festa terá que aprender a andar com as próprias pernas.

CIDADÃO - Quando sua administração completou 100 dias, o sr. anunciou um pacote de acordos com empresários que iria gerar mais de 600 empregos. Agora, findo o primeiro semestre, quantos desses empregos se concretizaram?
VILAR – Não tenho os dados numéricos em mãos, mas posso dizer que várias empresas menores já estão instaladas. Temos uma empresa da área sucro-alcooleira que veio de Minas Gerais e está se instalando no antigo ferro velho Bim. Ela já está contratando funcionários. Até encaminhei vários currículos, a pedido deles, para a seleção de pessoal. Ontem (terça-feira) recebi três empresários da área de metalurgia que se instalarão no prédio do IBC. São empresas de São Paulo, que deverão gerar, somadas, de 250 a 300 empregos. Elas já definiram as áreas que cada uma ocupará no prédio.
CIDADÃO - É verdade que vai ser implantada em Fernandópolis uma usina de processamento e reciclagem de óleo de cozinha?
VILAR – Sim. Vamos implantar uma indústria de reciclagem de óleo de cozinha, que depois de usado acaba sendo jogado no ralo, o que polui o lençol freático. A grande beneficiária desse projeto será a SABESP, que é uma das parceiras. As outras são a Fapesp, FEF, Unicamp, Prefeitura Municipal, Alcooeste, o Curtume, que sendo reassumido pelo Clacir Colassiol. Essa indústria vai recolher esse óleo, o que protegerá o meio ambiente. O óleo será transformado em biodiesel e os próprios veículos da prefeitura poderão usar esse combustível, por um preço menor do que o de mercado. Se sobrar, os parceiros também poderão usá-lo. É um projeto pequeno, de produção de 20 mil litros por mês, mas é o embrião de um grande projeto de produção de biodiesel para o futuro, além de ser ecologicamente correto.

CIDADÃO - O que vai mudar na Saúde, com o advento do AME?
VILAR – O AME vai atender a população de Fernandópolis e os 13 municípios que fazem parte da nossa região. Haverá 16 especialidades médicas. Isso vai acabar com as filas nos postinhos e na própria Santa Casa. O doente será encaminhado pelos postinhos ao especialista. A administração do AME, como já disse, será da Santa Casa de Misericórdia.

CIDADÃO – Em maio, a bandeira no município foi desfraldada num mastro na entrada da cidade. Agora, outra bandeira foi instalada no centro de Fernandópolis. De quem foi a idéia e qual é o objetivo?
VILAR – Quando nós estávamos pensando no que fazer para comemorar os 70 anos do município, surgiu a idéia de colocar uma bandeira de Fernandópolis no centro da cidade. Depois, pensamos que seria interessante colocá-la na entrada principal, como se ela desejasse boas-vindas aos visitantes. Além do mais, acreditamos que o fernandopolense que vê a bandeira diariamente acaba pensando mais na cidade e o que pode fazer por ela. Quando acabou a semana do aniversário, resolvemos pôr as duas bandeiras.

CIDADÃO - O sr. tem sido criticado por várias correntes por causa dos gastos do município com a Expô. Há tempos Fernandópolis quer a privatização da festa. A administração não andou na contramão, nesse caso?
VILAR – Posso falar com conhecimento de causa porque a grande mudança da nossa festa foi durante a minha administração anterior. Naquela época o presidente era o José Carlos Matias, e investimos muitos recursos na Expô. O recinto ganhou outra cara, e isso melhorou o nível da festa. Depois disso, a festa não cresceu mais, enquanto festas de outras cidades cresceram muito no mesmo período. Agora, de volta à prefeitura, constatamos que teríamos que investir mais nesses quatro anos para que a festa voltasse a crescer. A Câmara aprovou uma verba de R$ 600 mil da prefeitura. Buscamos também vários recursos externos – no Ministério do Turismo, verbas conseguidas por deputados... deu para alavancar o porte da festa, praticamente todo mundo elogiou. Só que a partir de agora acho que não deve haver investimento de recursos do município. A partir do ano que vem, com os recursos já entabulados nas áreas federal e estadual, e com a manutenção da atual comissão, ela poderá prescindir da ajuda do município. A idéia é conquistar a autonomia financeira da Expô, e que a Cia. da Expô seja uma gestora independente.

CIDADÃO - Outro caso importante, que não envolve a pessoa do prefeito Vilar, mas envolve a prefeitura, é a ação civil pública que o promotor Denis Henrique Silva moveu contra o município, a COHAB, a Nossa Caixa e um empresário, por causa do terreno do Centro Comunitário do Jardim Bernardo Pessuto. O promotor disse que a prefeitura terá que desafetar um imóvel para substituir aquele dado em comodato anos atrás. O que o sr. pensa disso tudo?
VILAR – Olhe, faz apenas três horas que a prefeitura foi citada nesse processo. Já passei o caso para o departamento jurídico, e depois pretendo ler para conhecer a argumentação usada. Na verdade, isso foi feito em 1990 ou 1991, na administração do ex-prefeito Milton Leão. Com todo respeito ao promotor, ainda não conheço as alegações, por isso prefiro não falar desse assunto por enquanto.

CIDADÃO - No futuro, a prefeitura vai colocar as informações gerais, como salários de funcionários, na Internet?
VILAR – No prazo certo, determinado pela lei, vamos fazê-lo. Cidades que possuem entre 50 mil e 100 mil habitantes têm um prazo de dois anos para se adequar a esse dispositivo legal. Por enquanto, nossa estrutura não está adaptada para isso, mas vamos divulgar essas informações no prazo legal.

CIDADÃO - Alguns vereadores e a empresa Jauense querem saber como será resolvida a questão do transporte coletivo, que eles consideram “precário”.
VILAR – Eu também considero precário no momento, mas a tendência é melhorar. Quando assumi, a empresa estava a ponto de romper o contrato. Pedi aos empresários que mantivessem o serviço funcionando porque iríamos estudar uma solução. O idoso e o deficiente físico também precisam andar de ônibus – e sem pagar nada, porque existe uma lei que garante isso. É evidente que o dono de uma empresa de ônibus não pode ser obrigado a fazer transporte de graça; então, quem tem que fazer a complementação é o município. Só que precisávamos ter uma base para saber qual seria o valor justo. Isso foi feito pelo departamento de planejamento. Durante um mês fizemos um levantamento para conhecer o déficit real, e chegamos à conclusão de que é em torno de R$ 24 mil a 30 mil mensais. Na semana passada, conversamos com o pessoal da empresa. Eles haviam pedido R$ 75 mil por mês para bancar esse déficit. Mostramos o nosso estudo e eles a princípio concordaram. O assunto agora está nas mãos da alta direção da empresa, que deve apresentar sua concordância ou discordância na próxima semana. Daí, encaminharei um projeto à Câmara pedindo autorização para essa subvenção. E os ônibus da empresa terão que ir aos locais que eles hoje estão evitando, como a Unicastelo e o Água Viva – quantas viagens forem necessárias.

CIDADÃO - Como está a questão do lixo hospitalar? Houve concorrência ou o contrato foi prorrogado?
VILAR – O lixo está sendo recolhido. O que houve foi o seguinte: a prefeitura estava pagando normalmente o recolhimento do lixo hospitalar que é de responsabilidade dela, como o dos postinhos. Só que a prefeitura estava pagando também todo o recolhimento do lixo hospitalar da Santa Casa, do Hospital das Clínicas, dos dentistas e dos médicos, das farmácias. Ao passar por aqui no ano passado, o Tribunal de Contas considerou isso irregular. Assim, estamos estudando a melhor maneira de dividir essa cobrança com os particulares.
CIDADÃO - E a remodelação das avenidas, quando começa?
VILAR – Ainda este ano, vamos remodelar a praça Fernando Jacob. O projeto ficará pronto na próxima semana. Ela será o marco zero de Fernandópolis.

CIDADÃO - Alguns moradores de Fernandópolis temem que o sr. esteja gastando muito no primeiro semestre, o que provocaria falta de recursos na segunda metade do ano. Como o sr. responderia isso?
VILAR – Tenho que me preocupar realmente porque a arrecadação caiu, mas a gente tem um controle. Tenho acompanhado o orçamento e espero que não haja problema. Se todo mundo continuar pagando seus impostos não vai faltar dinheiro. O cidadão não tem que só cobrar, não. É cobrar e pagar os impostos! Inclusive vou adiantar em primeira mão: por lei, devo mandar para o departamento jurídico até agosto os débitos referentes ao período de 2005 a 2008 para que sejam executados. Decidi hoje (quarta-feira) mandar para a Câmara nos próximos dias um Refis, para dar uma chance aos contribuintes com débitos vencidos até 31/12/2008; se quiserem pagar no mês de agosto, vamos tirar os juros e as multas. Aqueles que não aproveitarem essa oportunidade, em setembro vão para execução fiscal. Essa renúncia de juros e multas implica em valores de 45% a 50% do principal, é uma grande oportunidade.
CIDADÃO - Qual é a novidade na área das audiências públicas?
VILAR – Todo mês, temos recebido no gabinete 130, 150 pessoas. Normalmente, as reivindicações são de pessoas simples, que eu procuro escutar e atender. Agora, quero me comunicar também com a outra ponta da sociedade, e a maneira que encontramos foi a realização mensal de audiência com um clube de serviço, ou loja maçônica, às quais farei um relato do está sendo feito e do que pretendo fazer no próximo ano, além, é claro, de ouvir suas queixas e sugestões. Essa camada da comunidade também deve ser ouvida.