Coleta seletiva de lixo em condomínios aumenta renda de coletores

20 de Agosto de 2025

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Coleta seletiva de lixo em condomínios aumenta renda de coletores
Já faz tempo que o lixo deixou de ser um material descartável. Há tempos, empresas vêm transformando materiais que iriam poluir o meio ambiente em verdadeiras obras primas. No mês passado, o fernandopolense Elias Francisco da Silva construiu uma casa com 80 mil embalagens de caixas de leite - sendo 50% da residência feitos a partir desse material - além de plástico e alumínio. A construção foi uma das atrações da 42ª Exposição de Fernandópolis.

Para que trabalhos como o de Elias sejam realizados, porém, é necessário muito esforço por parte dos coletores de materiais recicláveis que saem pelas ruas da cidade coletando esse material. São horas de trabalho para conseguir alguns trocados. Quem depende desse dinheiro para sustentar a casa precisa trabalhar o mês todo e, às vezes, durante os três períodos.

Foi pensando no bem dessas pessoas e, principalmente, no meio ambiente que condomínios de Fernandópolis passaram a fazer a coleta seletiva do lixo. Nesta semana, a reportagem de CIDADÃO ligou para 13 condomínios da cidade, e nove afirmaram que promovem a separação do lixo reciclável.

Entre esses, cinco repassam o material para coletores particulares, dois entregam somente para a Ecopav – empresa responsável pela coleta seletiva no município – um divide entre a empresa e um coletor particular e um condomínio vende para uma empresa de recicláveis da cidade.

Vários são os coletores que visitam os condomínios à procura do material. Alguns edifícios, por segurança, preferem entregar o lixo reciclável para apenas uma pessoa - de preferência, a que realiza o trabalho mais organizado e tem maior necessidade.

É o caso do Condomínio Edifício Portinari, que repassa todo o material para uma aposentada de 74 anos, Sudária Santana Batista. Segundo o porteiro Gilberto Antônio Barbosa, o condomínio começou a fazer a separação do material logo após a sua inauguração, em janeiro de 2007.

No início, vários coletores tiveram acesso ao lixo reciclável, mas devido à organização do trabalho de Sudária - que comparece ao prédio em companhia da filha Sílvia e do neto Henrique – o edifício repassa o material somente para essa família.

De acordo com a aposentada, o material que ela e a família coletam - não só do edifício, mas de outros pontos na cidade – dá para arrecadar cerca de R$ 100 por mês. Esse dinheiro é dividido com a filha e o neto.

“Antigamente dava para tirar até R$ 200 recolhendo o lixo reciclável, mas o valor dos produtos caiu muito, agora só tiro uma base de R$ 100. Esse dinheiro eu divido com minha filha e o neto. O dinheiro do material de ferro é deles; já o do papelão, garrafa, fica comigo para eu comprar o que preciso para casa, pagar telefone, comprar remédio e fazer compras. Além desse dinheiro recebo uma pequena pensão do meu marido que faleceu. O pouco que sobra guardo na poupança, pois a gente nunca sabe o dia de amanhã. Além de trabalhar para ajudar nas despesas da casa, trabalho para não ter depressão. As vezes estou meio para baixo, saio na rua, trabalho e me sinto bem, útil. E assim a gente vai vivendo”, disse Sudária.

Para o sindico do prédio João Henrique Zago Navas, ajudar essas pessoas não é simplesmente fazer o bem ao próximo, mas a si próprio. “ Não estamos ajudando simplesmente essa família, mas a nós mesmos, pois o ambiente fica mais limpo. Isso é qualidade de vida. Priorizamos isso em nosso condomínio”, disse João.

Na cada da moradora Edna Aparecida Gomes de Oliveira Belati, a orientação não é simplesmente separar o lixo reciclável do apartamento, mas enxaguar todas as garrafas, latas, para não juntar bichos peçonhentos. “Minha empregada já sabe, além de separar o lixo reciclável tem que enxaguar as garrafas, latas para não juntar formigas e baratas. Eu me preocupo muito com essa questão do meio ambiente, pois dou aulas de catequese e sempre friso muito sobre esse assunto com meus alunos. Temos que cuidar do planeta em que vivemos, isso deveria ser um princípio para todos”, concluiu Edna.