Para Luiz Flávio, nova fase da Santa Casa eleva qualidade de atendimento

20 de Agosto de 2025

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Para Luiz Flávio, nova fase da Santa Casa eleva qualidade de atendimento
O cardiologista e intensivista Luiz Flávio Franqueiro comemorou dois acontecimentos importantes nos últimos dias: seus 20 anos de atividades profissionais em Fernandópolis e a criação do Instituto Avançado do Coração (IAcor), um consórcio entre um grupo de médicos e a Santa Casa. Formado pela Universidade Federal de Uberlândia, casado com Nicézia e pai de Gabriel e Flávia, Franqueiro foi escolhido por alguns de seus colegas para falar em nome do grupo. Ele acredita que investimentos como o IACor e outros que têm surgido transformarão a Santa Casa de Fernandópolis num hospital de primeira linha.

CIDADÃO: O que representa o Instituto Avançado do Coração (IACor) para Fernandópolis?
LUIZ FLÁVIO: O IACor foi constituído por um grupo de médicos cardiologistas em conjunto com a Santa Casa de Fernandópolis. O hospital precisava de melhorias em termos de equipamentos cardiológicos e fez uma parceria com um grupo de cardiologistas da cidade e até alguns de outras cidades da região. Construímos uma unidade cardiológica onde serão instalados vários aparelhos (equipamentos cardiológicos), sendo que o carro-chefe é a aparelhagem de hemodinâmica e cinecoronariografia e cateterismo vascular.

CIDADÃO: O que vai mudar em Fernandópolis, em termos de atendimento de urgências cardíacas?
LUIZ FLÁVIO: O cateterismo cardíaco era feito em São José do Rio Preto e Votuporanga. Então, por exemplo, os pacientes em fase aguda do infarto do miocárdio eram tratados em Fernandópolis e posteriormente enviados para uma dessas cidades. Agora, poderemos tratar o paciente na fase aguda do infarto e já realizar a cinecoronariografia e também a angioplastia com a colocação de stents, que é a peça que abre a artéria no local da obstrução que provocou o infarto agudo do miocárdio. Quando o paciente chega ao pronto socorro com sintomas de infarto, já é possível encaminhá-lo rapidamente para a unidade competente do IACor para que a artéria obstruída seja aberta. Hoje em dia, na grande maioria das angioplastias, já é feita a introdução do stent. A artéria é aberta com um balonete, que é insuflado em seu interior. Isso feito, é colocado o stent para que a artéria não se feche novamente.

CIDADÃO: A grande investimento financeiro que foi feito para a consecução do IACor muda aquele conceito corrente em Fernandópolis, segundo o qual os médicos só tiravam da Santa Casa e não investiam nela?
LUIZ FLÁVIO: Essa afirmação não corresponde exatamente à verdade. Vários médicos já instalaram anteriormente equipamentos dentro da Santa Casa. Eu mesmo, quando comecei a trabalhar com holter investi muito nisso. Sai do Brasil, fui para a Argentina estudar, fiquei seis meses em Buenos Aires e quando cheguei, comprei uma aparelhagem de holter e instalei na Santa Casa. Então, esse conceito, pode-se dizer, é um tanto errôneo. Não corresponde à verdade. E, quanto ao IACor, foi um investimento muito grande. Para que você tenha uma idéia, só a aparelhagem da hemodinâmica custou US$ 600 mil. Metade desse investimento é da Santa Casa e a outra metade foi rateada pelo grupo de médicos. Isso, fora as despesas com instalações e melhoramentos que tivemos que fazer na Santa Casa para abrigar esse equipamento de hemodinâmica.

CIDADÃO: O que muda na Santa Casa, em termos de status de hospital, com o advento de um instituto do coração?
LUIZ FLÁVIO: Traz uma grande gama de possibilidades, porque a partir do momento em que começarmos a tratar os pacientes aqui em Fernandópolis, sem dúvida atrairemos mais pacientes da cidade, da região e até de outros estados. Essa demanda possibilitará que invistamos em novos equipamentos, novos exames, como por exemplo, a cintilografia miocárdica, que já é um dos nossos planos para o futuro. Assim, considero que se trata de um importante melhoramento para o hospital, a cidade e a região.

CIDADÃO: Existe a perspectiva de que no futuro sejam feitas cirurgias cardíacas em Fernandópolis?
LUIZ FLÁVIO: Isso existe sim. Essa perspectiva está em nossos planos e deve se concretizar. Quando da inauguração do IACor, estive conversando com um cirurgião cardíaco de São José do Rio Preto e ele se mostrou muito interessado em vir operar em Fernandópolis. Batemos um longo papo durante a inauguração e ele demonstrou não só um grande interesse em vir para Fernandópolis como mostrou sua convicção de que em breve essas cirurgias se tornaram rotineiras em nossa cidade. Aliás, ele até já entrou em contato com a administração da Santa Casa, que também se mostrou entusiasmada com a perspectiva de que tenhamos cirurgias cardíacas no hospital num futuro próximo.

CIDADÃO: A cidade tem a Associação dos Voluntários do Combate ao Câncer, a faculdade de medicina, clínicas de diagnóstico por imagens com equipamentos de última geração e a Santa Casa cada vez mais aprimorando seus equipamentos e no rumo de se tornar um hospital-escola. O senhor acha que isso nos levará a ser um grande centro de referência médica como é hoje São José do Rio Preto?
LUIZ FLÁVIO: Claro! Fernandópolis com certeza está se tornando um centro de referência médica. Nossa localização geográfica é privilegiada, pois está num entroncamento por onde circula gente que vem do Mato Grosso e do triângulo mineiro, o que nos coloca na posição de sempre lhes propiciar conforto e comodidade no atendimento. Tenho pacientes dessas regiões, e agora, com o advento desses equipamentos e também a presença da faculdade de medicina, as coisas vão melhorar muito. A simples presença dos alunos da medicina dentro do hospital leva à melhoria do atendimento e do conhecimento de todas as pessoas envolvidas no trabalho do hospital. Então, com certeza, Fernandópolis já é um grande centro médico da região.

CIDADÃO: O esforço concentrado pelos médicos e pela mesa diretora do hospital na criação de melhores condições de atendimento médico evidentemente tem um custo. E a contrapartida? O SUS vai arcar com parte dessas despesas?
LUIZ FLÁVIO: Nós do IACor ainda não temos convênio com o SUS, e é nossa expectativa que esse convênio seja criado o mais rápido possível. Sabemos que isso demandará algum tempo, e que também será necessária uma “briga” política para conseguir o credenciamento. Claro que queremos esse credenciamento, até porque há uma grande parcela da população que necessita do sistema de saúde pública para ser atendida.

CIDADÃO: Recentemente, o promotor de Justiça Denis Henrique Silva tentou fazer um acordo com os prefeitos da região para que estes contribuíssem mensalmente com a Santa Casa, uma vez que seus cidadãos se utilizam dos serviços do hospital. Até que ponto essa ajuda dos municípios da microrregião de Fernandópolis será importante?
LUIZ FLÁVIO: Essa participação é de suma importância, porque o atendimento da Santa Casa tem um custo e ele tem que ser dividido com a população e com as autoridades municipais constituídas. Esse custo não pode ficar apenas com a Santa Casa de Fernandópolis. Afinal, os repasses do SUS não são suficientes para atender a todas as despesas existentes. Os prefeitos têm que compreender essa realidade. Não dá para a Santa Casa trabalhar cronicamente no vermelho.