Uma vida dedicada à educação

20 de Agosto de 2025

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Uma vida dedicada à educação
Wônia Aparecida Franco Gomes militou na educação por mais de quatro décadas. Lecionar ou estar envolvida nas atividades acadêmicas sempre foi seu maior prazer; mas quando pequena chegou a dizer ao pai que não iria à escola e que tinha decidido ser analfabeta. Como sua família morava em um sítio em Itápolis, a escola mais próxima ficava a cerca de 20 km da cidade. Para frequentá-la era necessário sair de casa na segunda, passar a semana toda fora e retornar no sábado pela manhã. “Eu era muito apegada aos meus pais – especialmente com o meu pai – e não queria ficar longe de casa por tanto tempo. Mas meu pai - que sempre foi muito dedicado e amoroso com os filhos - decidiu mudar-se para a cidade para que eu pudesse estudar. Então ele passou a ir todos os dias para o sítio trabalhar. Ia a cavalo e só voltava à noite”, disse Wônia.

Mesmo morando na cidade, tinha que andar muito para chegar à escola, mas ela adorava. Suas notas tinham sempre que ser as melhores, pois embora os pais não tivessem muito estudo, faziam questão que os filhos tivessem uma boa formação. Quando concluiu seus estudos – sempre em escola pública – decidiu fazer a escola normal (comparado ao Magistério). Em 1951 formou-se e passou a lecionar em uma escola rural. No ano seguinte, veio de mudança com a irmã Wandalice Franco Renesto para Fernandópolis, para ajudar a cuidar da sobrinha Beatriz. Na cidade, lecionou em diversas escolas, além de ter dado aula em cidades vizinhas – como São João das Duas Pontes, Indiaporã, Valentim Gentil e Palmeira D´Oeste. Depois que fez o curso de administrador escolar e de Pedagogia – que era um dos seus sonhos – atuou também como diretora e supervisora escolar. Em 1963, casou-se com João Gomes dos Santos e teve dois filhos, João Filho e José Paulo.

A paixão de Wônia pela profissão era tanta, que por diversas vezes os filhos bradavam em casa: “Mãe, a senhora não é diretora aqui em casa!”. O fruto do seu trabalho se encontra espalhado por várias partes da cidade, região e até outros estados: são diversos ex-alunos que a encontram e fazem questão de se lembrar dos velhos tempos. “Certa vez eu e minha família estávamos viajando e um guarda nos parou na rodovia, após conferir os documentos do carro ele olhou para mim e disse: - dona Wônia quanto tempo, lembra de mim? Fui seu aluno lá na Brasilândia. Que saudade”. Outro dia fui me consultar com uma médica da cidade que também fez questão de recordar o tempo em que eu era diretora da escola onde ela estudava. Ver esses ex-alunos bem encaminhados na vida me dá muito orgulho”, disse.

Após 42 anos militando na área da educação, Wônia se aposentou. Ela achava que ficaria parada e passaria a curtir mais a vida, mas no mesmo ano recebeu um convite para ser diretora do Colégio Anglo de Fernandópolis, cujo cargo ocupou por 12 anos, deixando-o em 1994. Quatro anos depois, em 1998, quando a Unicastelo passou a oferecer vagas para o primeiro curso de Direito, seus filhos a convidaram a voltar a estudar. Um se propôs a pagar o curso e o outro a comprar o material. Wônia aceitou o desafio, fez o vestibular e passou. Na primeira carteira da primeira fileira, lá estava ela. Quando a conversa na classe aumentava, logo se ouvia um: “psiu!” Era ela: a ex-professora e diretora exigindo silêncio. Se um aluno contava uma piada, Wônia era a única que não ria. Preferia manter a pose e se fazer de durona. Mas bastou algum tempo para que ela se familiarizasse com a turma e aí então, ficar vermelha de tanto rir com os colegas de classe. No final dos cinco anos, aos 70 anos de idade, estava Wônia entre os formandos da primeira turma de Direito da Unicastelo. E escolhida pelos colegas para ser a oradora da turma.

Questionado sobre sonhos e planos futuros, ela diz ter vários; mas um em especial: o de ver os netos formados. “Tenho vários sonhos, porque sou muito gulosa, quero ver tanta coisa. Mas tem uma muito especial, que é ver meus netos formados. Assim como papai que já quase no final da vida disse: “tenho quatro filhos que são professores e netos que são doutores, que posso eu mais querer?”. Assim digo eu. Tenho dois filhos, um é advogado e o outro é médico veterinário, quero agora é ver meus netos formados. Esse é o meu maior sonho hoje”, concluiu Dona Wônia.