As profissões em risco de extinção

20 de Agosto de 2025

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As profissões em risco de extinção
Deve ser difícil encontrar alguém que não o conheça. No último meio século – precisamente, desde setembro de 1958 – ele cortou os cabelos de várias gerações de fernandopolenses.

Jair Dias Soares nasceu em Junqueira (SP) e aprendeu o ofício em Macaubal. Em 1958, seu pai decidiu mudar-se com toda a família para Fernandópolis. O jovem barbeiro gostou da cidade (“era movimentada, um lugar gostoso de se viver”) e logo iniciou suas atividades profissionais.

O primeiro salão se chamava Metrópolis, pertencia a um barbeiro conhecido como “Seu” Alfredo e ficava na Avenida Amadeu Bizelli, ao lado do histórico Central Hotel.

Desse salão, entre outras histórias, Jair se recorda do hilariante episódio em que o falecido Sérgio Cavariani estava a deblaterar contra juízes em particular e a Justiça em geral, enquanto um dos profissionais cortava o cabelo de um cliente. Sergião contava que “tinha juiz novo na praça”. E, mesmo sem saber de quem se tratava, já fazia críticas por antecipação. Nisso, chegou à barbearia o oficial de Justiça Tonicão, que, ao ver o cliente que estava sentado, tirou o chapéu e disse: “Bom dia, Excelência!”. Era o próprio! Sergião, por via das dúvidas, ficou uns dois meses em Mirassol...

Depois do Metrópolis, ele trabalhou – de 1964 a 1998 – no salão da Rua Brasil. Ali, atendeu clientes que hoje fazem parte da história de Fernandópolis, como Fernando Jacob, Percy Semeghini e Waldomiro Renesto, entre outros.

Desde 1999, ele divide com o colega “Barba” um salão na Avenida Paulo Saravalli, local que já se tornou um tradicional ponto de encontro de amigos pescadores.

Casado com Lourdes Ovídio Soares e pai de Jair Junior e Carlos Alberto, Jair tem hoje 74 anos. Continua firme no trabalho, sempre sorridente e discutindo futebol com os amigos.

O barbeiro não se arrepende nem da escolha da profissão, nem da escolha da cidade para viver. Reconhece, entretanto, que dificilmente os filhos querem seguir a profissão do pai, em determinadas profissões. “Barbeiro não tem status, e os jovens preferem seguir outros caminhos. Além disso, hoje em dia é muito mais fácil estudar do que antigamente”, resigna-se.

Jair segue em frente, trabalhando animadamente, gozando de boa saúde e aparentando menos idade do que efetivamente tem. Ele confirma a máxima de que aquele que trabalha no que gosta, vive melhor.