Fernandópolis completa nessa sexta-feira, 22, 70 anos. A cidade que teve início a partir da junção de duas vilas há muitos anos deixou de ser uma pequena cidadezinha. Em sete décadas, ela ganhou novos contornos e conquistou seu espaço na região da Alta Araraquarense.
Parte dessa história é narrada por populares, que, orgulhosos, fazem questão de voltar no tempo para contar detalhes da formação do município e matar saudades de momentos que não voltam mais.
É com esse sentimento que o casal Alcebíades Alves Barreto e Arinda Alves da Silva Barreto relembram parte da história de Fernandópolis. Mas com muita propriedade, pois eles têm exatamente a mesma idade da cidade. No início desse ano, ambos completaram 70 anos de vida; ela em 15 de janeiro e ele em 9 de março.
Alcebíades nasceu em Fernandópolis; já sua mulher - apesar de ter nascido em Macaubal - desde criança sempre teve o desejo de morar aqui. Em 1962, quando seu pai decidiu vender suas terras e comprar a Fazenda Jagora em Fernandópolis, o sonho de Arinda se realizou.
Anos mais tarde, Arinda e Alcebíades se conheceram através de uma sobrinha dele e começaram a namorar. Oito meses depois eles estavam casados. Naquela época não podia namorar muito tempo, logo tinha que casar. Os namoros de antigamente era um para lá, o outro para cá e o pai bem pertinho do casal de namorados, que ficava sentado em um sofá na sala. Só dava tempo de tomar um cafezinho, bater um papo e logo já tinha que ir embora, relembrou Arinda.
Com saudades, o casal lembra dos flertes e os passeios no jardim que era chamado de footing dos momentos de lazer no cinema, das missas e procissões que eram feitas na Sexta-feira Santa.
Alcebíades conta também que, aonde é a Praça da Matriz hoje, havia um jardim cheio de árvores em que os fazendeiros se aproveitavam das sombras para fazer negócios. O transporte urbano da época já era feito pela Empresa Santa Rita, mas em uma perua Kombi.
A luz era fornecida por um pequeno motor, que ficava onde está localizada a Munheca. Às 23h ele era desligado. Para ver a claridade, só por intermédio da luz da lua ou de uma lamparina.
A vida era difícil, ressaltou Arinda no meio da entrevista. Mesmo com tantas dificuldades que teve que enfrentar naquela época, ela sente saudades; mas não deixa de elogiar as maravilhas que o progresso trouxe para Fernandópolis. Entre elas, o Shopping Center, os edifícios e, principalmente, as faculdades.
Nossos filhos Aluísio, que hoje é dentista, e Elenice, que é professora tiveram que estudar fora, pois aqui não existia faculdade. Hoje temos dois netos fazendo faculdade aqui. Isso é muito importante. Ter um estudo é muito importante, fizemos de tudo para dar estudo aos nossos filhos. Como não pudemos estudar, pois naquela época a família era muito grande, nos esforçamos para ver nossos filhos formados. A formatura dos dois foi uma das maiores alegrias de nossas vidas. Eles são o nosso orgulho, concluiu o casal.