Uma onda de denúncias vem arranhando a imagem da Câmara dos Deputados nos últimos dias. As principais delas são sobre o mau uso das verbas indenizatórias com passagens aéreas. Agora, além de proibir que terceiros utilizem a cota de passagens dos deputados, a Câmara deve disponibilizar na internet todos os gastos dos parlamentares com os bilhetes aéreos. Os deputados também devem anunciar mudanças na utilização da verba indenizatória --valor de R$ 15 mil mensais a que têm direito para financiar seus gastos.
Atualmente, os 513 parlamentares têm direito a R$ 16,5 mil de salário, além de verba de gabinete de aproximadamente R$ 60 mil, mais verba indenizatória no valor de R$ 15 mil, cota postal de R$ 4.200 e auxílio-moradia de R$ 3.000. Os deputados também podem requerer a liberação da cota de passagens áreas --que, dependendo do Estado do parlamentar, varia de R$ 4.700 a R$ 18.700-- e reembolso com gasto telefônico de até R$ 5.000. Já o limite de gastos com impressões em gráficas é R$ 6.000 --sendo o valor máximo por ano.
Somente entre os meses de fevereiro de 2007 e outubro de 2008, o deputado federal Vadão Gomes (PP) teve lançadas em sua cota 13 viagens internacionais, todas realizadas por pessoas desconhecidas do deputado, segundo afirmação do mesmo. Nos trechos aparecem como destino, por exemplo, as cidades de Londres e Miami. Segundo o deputado, ele teria repassado seus créditos de passagens aéreas para o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB), que teria vendido as passagens para a agência de viagens Infinite, de Brasília.
Segundo o portal Transparência da Câmara dos Deputados, em 2008, Vadão Gomes recebeu mais de R$ 81 mil em verbas indenizatórias, enquanto o deputado federal Júlio Semeghini (PSDB) recebeu mais de R$ 177 mil. As despesas são decorrentes, por exemplo de combustíveis e lubrificantes, aluguel de imóveis para escritório, TV a cabo ou similar, além de consultorias, assessorias, pesquisas e trabalhos técnicos, entre outras.
No primeiro trimestre de 2009, o custo com verbas indenizatórias recebidas por Semeghini já somam mais de R$ 28 mil e as de Vadão Gomes, mais de R$ 19 mil.
Presença em Plenário
Em 2008, das 98 sessões deliberativas realizadas pela Câmara dos Deputados, Vadão Gomes esteve presente em 54 e teve sua ausência justificada em 40 delas e 4 ausências não foram justificadas. Já Júlio Semeghini esteve presente em 78 das 98 sessões deliberativas realizadas no último ano e teve sua ausência justificadas nas outras 20.
Freqüência às reuniões de Comissões
O Deputado Júlio Semeghini é titular em 4 comissões da Câmara dos Deputados e suplente em outras duas. Em 2008, esteve presente em 57 reuniões das 70 realizadas no período. Das ausências, 5 foram justificadas e 8 delas não. Já Vadão Gomes é titular em 2 comissões e suplente em outras duas. No último ano, das 46 reuniões realizadas no período, ele esteve presente em 9 delas. Quanto às ausências, 17 foram justificadas e 20 não.
Proposituras e discursos
Segundo o site da Câmara dos Deputados, Júlio Semeghini apresentou 9 proposituras de sua autoria em 2008, enquanto Vadão Gomes não apresentou nenhuma de sua autoria.
No quesito proposituras relatadas, em 2008 Semeghini teve 19. Já Vadão Gomes não tem registro de propositura relatada desde 2006.
Enquanto Semeghini teve 9 discursos proferidos em plenário no último ano, Vadão Gomes não teve nenhum.