Resgatar valores como o amor e o romantismo, além de trazer à memória, através da música, momentos arquivados do passado eis a proposta do Grupo Zeca Poesia e Seresta. Falar de romantismo em um tempo onde o avanço tecnológico pôs fim a antigas demonstrações de amor, como o correio elegante, as cartas e as serenatas de amor, pode soar como correr contra o vento.
Mas o grupo garante o oposto; muitos são os que encomendam serenatas, inclusive os jovens. O mais curioso - segundo os seresteiros - é ver as mulheres oferecendo serenatas aos homens, que, a princípio durões, se derretem e choram diante dos acordes dos violões e das belas canções.
Os pedidos são os mais variados: para reatar namoro, conquistar alguém especial, bodas, aniversário, casamento, carnaval, festas natalinas, cantigas de roda para crianças, para amigos, entre outras.
O grupo começou por acaso e sem muitas pretensões futuras. O pivô de tudo foi José Antônio Alves da Silva - o Zecão, que entrou em um curso do Sebrae, onde lhe foi passada uma missão: criar uma empresa fictícia e fazê-la funcionar.
Eu tinha que vender um produto, mas eu não tinha muitos contatos em Rio Preto. Então liguei para casa e disse para minha esposa: vamos vender serenata. Era o que eu sabia fazer, quando eu era jovem tinha costume de fazer serenatas, comecei a agendar. Minha filha elaborou os contratos e quando terminou o curso comecei a cumprir a agenda, disse José.
Toda a família Elaine, a esposa, e os três filhos (André, Ana e Rafael) se empenhou para ajudar ao pai. O sucesso das apresentações foi tão grande que as encomendas de serenatas começaram a vir de outras cidades.
No início, o figurino era montado a partir de roupas antigas, de brechó. Os integrantes eram somente os membros da família; mas aos poucos outros amigos foram se integrando ao trabalho.
Embora para eles o tempo pareça não ter passado, o grupo já completou dez anos, em novembro de 2008. Para comemorar a data, o grupo pretende lançar, ainda este ano, um CD com as músicas mais executadas.
Entre essas preferidas estão: Eu sei que vou te amar; Noite do meu bem; As rosas não falam; Se todos fossem iguais a você; Solamente una vez; Trem das onze e outras. Um novo figurino especial também foi preparado para 2009.
Não se trata de algo comercial, mas simbólico, para marcar essa data tão especial. Além de comemorar o sucesso desse trabalho, comemoramos também a união da nossa família, que é o mais importante, destacou Zecão.
A família Silva vivenciou muitas histórias engraçadas e inusitadas ao longo desses anos. Entre as engraçadas estão desmaios de integrantes do grupo durante as apresentações; errar a janela da pessoa indicada para a seresta; se deparar com um enorme cachorro logo após um arbusto.
São histórias como essas que fazem com que dez seresteiros que hoje compõem o grupo (Zecão, Elaine, André, Ana, Rafael, Kiko, Lílian, Fabiana, Inaíse e Gutenberg) se apaixonem cada vez mais pelo trabalho e tenham êxito.
Com orgulho, a administradora do Zeca Poesia e Seresta, Elaine, declara que em dez anos de trabalho a inadimplência do grupo foi quase zero. Nesse período, nossa inadimplência chegou a apenas R$ 20, quase zero. Espero que os próximos anos também sejam assim, concluiu Elaine.