O torneio de glutões no Rio Taquari

20 de Agosto de 2025

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O torneio de glutões no Rio Taquari
Perto da lendária Estância Fernandópolis, lá na beira do Rio Taquari (até hoje não sei se lá é município de Alcinópolis ou não) há um outro rancho de pesca, alguns quilômetros rio acima, que pertence a uma turma de Potirendaba.

Quase todo mundo já se conhece, e volta e meia um rancho socorre o outro, seja por ocasião da quebra de algum equipamento, seja para usar um telefone, ou outra necessidade qualquer. Há, pois, um clima de camaradagem entre as duas turmas.

No rancho de Potirendaba, há um personagem chamado João Bafão, que pesa, sem exagero, uns 200 quilos. Uma vez, estávamos na Estância e o João apareceu por lá, pedindo água potável: a bomba do rancho deles havia quebrado. Observei que ele se sentava em duas cadeiras, dessas de cervejarias. Acomodava uma nádega em cada cadeira.

Bem, certa vez as turmas se reuniram para fazer uma feijoada de confraternização. Ninguém sabe como, começou uma discussão: alguém disse que não havia no mundo quem comesse mais feijoada do que o João Bafão. Ora, na pescaria estava o Zé Beran (aliás, cuja família era de Potirendaba), e os fernandopolenses rapidamente lançaram na conversa a capacidade, digamos, “gastronômica”, do seu glutão-mor.

Aí foi a vez do João Bafão chiar: “O Zé? Esse aí eu conheço desde menino”, disse. “O cara é hors concours, com ele eu não disputo!”

O Zé nem pestanejou: chamou o seu sobrinho Laerte Beran, que se deliciava com alguns abacaxis à sombra de uma árvore, totalmente alheio à conversa. No mesmo instante, o cozinheiro anunciou que a feijoada estava pronta, e quando se deu conta, o Laerte estava sentado frente a frente com o João Bafão, num torneio gastronômico.
Desnecessário dizer que, após nove ou dez pratos, o João Bafão desistiu, ao ver os olhares de gula que o Laerte (que comera mais de 15 pratos) ainda lançava ao grande caldeirão.

Palmas para o vencedor. O Laerte ainda beliscou uma costelinha de porco enquanto ouvia os elogios e os gritos da galera. Alguém exigiu: “Discurso! Discurso!”. O Laerte deu um gole na caipirinha, passou lentamente o guardanapo pela boca e proferiu: “O que vai ter de sobremesa??!”