Seu nome é o mesmo do Salvador, Jesus Cristo, o filho de Deus. Para Jesus Moreti, tal semelhança é mera coincidência; mas há quem diga que ele é mesmo um salvador. Não do mundo, mas do time de futebol da cidade: o Fefecê (Fernandópolis Futebol Clube).
Moreti já esteve na presidência do time por cinco mandatos. Este ano, ele assumiu novamente o time para não vê-lo se acabar. Sua história com o Fefecê começou em 1994, quando foi convidado pelo presidente do time Antônio Ribeiro, seu primo para ser gerente de futebol.
Meu primo me deu carta branca para trabalhar. Eu tinha autonomia tanto para despedir jogadores quanto para contratar. Então renovei todo o time, restaram apenas três da antiga formação. Naquele ano fomos campeões da série A3 e ficamos 12 jogos invictos, destacou Moreti.
No ano seguinte, Jesus se tornou o presidente do time após uma reunião em que participavam Antônio Ribeiro, Luiz Vilar e Milton Luiz da Silva (Reizinho) para a escolha do presidente.
Eles estavam reunidos há horas, pensando em quem indicar para presidente, de repente alguém disse: porque estamos preocupados se estamos como o novo presidente em nossa frente? Foi então que eu fui indicado. Eu jamais pensei em assumir o cargo, mas não rejeitei porque tinha sonhos de ver o time crescer. Naquele ano ficamos por um ponto para subir para a segunda divisão. Quase fomos campeões novamente, disse.
Em 1996, Moreti se afastou do time; mas com a decadência do Fefecê que caiu para série B1 e tinha uma dívida no valor de R$ 15 mil com a Federação Paulista de Futebol em 1997 ele foi convidado a voltar.
Depois de várias tentativas para arrumar um novo presidente, disseram: só tem uma pessoa que pode salvar o time de Fernandópolis, o Jesus Moreti. Então novamente me chamaram e eu consegui mandar o Fefecê a campo - sem dinheiro e classificá-lo como o quarto melhor time do estado de São Paulo, afirmou.
Para saldar a dívida com a Federação, Moreti teve que pôr R$ 5 mil do próprio bolso, pedir um adiantamento de R$ 10 mil para um amigo até conseguir arrecadar dinheiro através de um bingo.
O amor pelo time é tão grande, que em todos os jogos ele é o primeiro a chegar ao estádio. Checa os vestiários, recebe a arbitragem, fiscaliza tudo para que não ocorram falhas. Com orgulho, Moreti afirma que nunca foi vaiado pelo torcedor fernandopolense e sempre teve prestígio na Federação.
Jesus já recebeu inúmeros convites para trabalhar com times maiores e de renome, mas ainda gostaria de realizar um sonho, o de ver o Fefecê subir duas divisões, A3 e A2. Pela minha família eu já teria abandonado o Fefecê, pois acabo pondo muito dinheiro do bolso e me envolvendo demais com o time e deixando de me dedicar mais à família. Já recebi convites para ir trabalhar com outros times maiores. Sempre me ligam e dizem: larga esse time, esse povo não te valoriza, vem para cá. Mas não vou, pois tenho um sonho de fazer o Fefecê subir duas divisões, A3 e A2. Espero que eu tenha forças para conseguir chegar até lá, conclui Jesus Moreti.