Jane, uma podóloga por vocação

20 de Agosto de 2025

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Jane, uma podóloga por vocação
As várias horas de trabalho diário de Janete Matos Navazelli não parecem cansá-la nem irritá-la. Essa podóloga que começou ainda menina a fazer unhas – quando morava em Mato Grosso – adora a profissão, e aproveita o tempo do contato direto com os clientes para estreitar relações de amizade, trocar informações e até mesmo se divertir. Casada com o técnico em informática Marcos Navazelli e mãe de Cibele, uma linda garota de 6 anos, Jane, como é chamada por todos, exerce uma profissão relativamente pouco conhecida. Nesta entrevista, ela explica por que sua atividade é muito mais importante do que se imagina.

CIDADÃO: Você é de Mato Grosso?
JANE: Não, muita gente pensa isso, porque fui criada em Mato Grosso. Na verdade, eu nasci aqui perto, em Indiaporã. Era pequena quando a minha família foi morar em Glória D’Oeste, no oeste mato-grossense. Morei lá por oito anos, dos sete aos 14 anos de idade. Vim com a família para Fernandópolis em 1989.
CIDADÃO: Como foi que você começou a atuar nessa área profissional?
JANE: Comecei como manicure, porque via na televisão as reportagens sobre um grande podólogo, o Dr. Scholl, e me interessei muito pela profissão. Comecei a trabalhar como manicure pensando em, um dia, fazer o curso e me tornar uma podóloga. Quando vim para Fernandópolis, estava predestinada a fazer o curso, já que estaria mais perto de São José do Rio Preto, onde realmente acabei por frequentá-lo.

CIDADÃO: Enfim, hoje você é uma podóloga. Em que consiste exatamente essa profissão?
JANE: O podólogo é um profissional que cuida para que o paciente não tenha doenças nas unhas. Entretanto, na nossa região, a atuação do profissional é muito menos preventiva e muito mais curativa, porque as pessoas vivem com as unhas encravadas ou com micoses e só procuram o podólogo quando o problema já se instalou. Se houvesse um cuidado preventivo, certamente a incidência de doenças seria muito menor. É uma questão de conscientização.

CIDADÃO: E o que se deve fazer para evitar, por exemplo, que uma unha encrave?
JANE: Fazendo o corte corretamente, usando só material esterilizado, com toda a higiene necessária, e não cortando a unha de maneira errada, usando qualquer tipo de produto. A unha, na verdade, é uma proteção da primeira falange. Assim, tem que ser cortada de acordo com a anatomia do indivíduo.

CIDADÃO: Nota-se que você usa roupas e equipamentos especiais para trabalhar. Quais são os cuidados básicos de higiene e saúde que o profissional da podologia precisa tomar?
JANE: Usar sempre roupas claras, cobrindo bem o corpo, usando luvas e anteparos adequados – tanto para o profissional quanto para o cliente; usar máscara, para poder evitar a absorção do pó, até porque a atividade do podólogo cria muito pó; usar sapatos adequados, mais fechados, para evitar a entrada de material de secreção ou mesmo algum instrumento pérfuro-cortante; e principalmente usar material esterilizado, para evitar as doenças, principalmente aquelas que andam “na moda”, como a hepatite e a infecção nas unhas.

CIDADÃO: Quais são as doenças mais comuns que o cliente apresenta quando procura um podólogo?
JANE: Geralmente a micose que dá na planta dos pés e entre os dedos, e também por causa da unha encravada, decorrente do corte errado.

CIDADÃO: O clima quente da nossa região contribui de alguma forma para a proliferação dessas doenças?
JANE: Sim, porque normalmente as pessoas têm que usar meias para trabalhar, e isso provoca excessiva sudorese. Com o excesso de transpiração, há um fluxo maior de micoses. O pé úmido, num ambiente escuro, é o meio-ambiente ideal para o fungo proliferar.
CIDADÃO: O que pode ser feito para que a pessoa que não pode evitar o uso das meias minimize esse problema?
JANE: Primeiramente, ela deve secar bem os vãos dos dedos dos pés após o banho; em seguida, aplicar um talco antifúngico. Uma dica: quem não consegue secar corretamente os pés com o uso de toalhas, pode fazê-lo com o secador de cabelos. É uma boa solução.

CIDADÃO: E a questão da AIDS? Caso um paciente soropositivo precise de atendimento do podólogo, este terá segurança para trabalhar?
JANE: A segurança do profissional, nesse caso, vai depender muito do paciente. No preenchimento da ficha de anamnese, ele tem que ser honesto, sincero com o podólogo, não devendo omitir essa informação. De todo modo, o profissional não deve nunca trabalhar com material de segurança que tenha furos, rasgos ou qualquer defeito, por menor que pareça.

CIDADÃO: Evidentemente, existem casos em que o paciente deve ser encaminhado ao médico, e não ao podólogo. O que você faz, quando constata que o caso é médico?
JANE: Sempre indico a procura de um profissional da área do tratamento que é exigível para o caso, para que o médico receite o medicamento necessário. Depois, se for o caso, recomendo ao paciente que volte para fazer o tratamento que compete ao podólogo, como por exemplo os curativos de uma unha encravada.
CIDADÃO: Os homens estão mais vaidosos? Eles andam procurando os tratamentos estéticos?
JANE: Acho que o homem, atualmente, está mais interessado na questão da prevenção. Ele está se prevenindo do risco de unhas encravadas, de descamação da pele, etc. O homem deixou de ser “relaxado”, está realmente mais vaidoso, também.

CIDADÃO: Apesar de trabalhar muitas horas por dia, você está sempre de “alto astral”. Isso se deve a quais fatores?
JANE: Eu adoro a minha profissão, amo o que faço. Quando decidi ser manicure, já sabia que meu objetivo era ser podóloga. Tudo que faço é com muito amor. Sei que até poderia fazer outras coisas com competência, mas eu gosto é do meu trabalho, por isso estou sempre de bom humor.

CIDADÃO: Você tem um hobby diferente, em se tratando de uma mulher: é pescadora. Por que você adotou a pescaria como passatempo?
JANE: Porque, quando estou pescando, estou em contato direto com a natureza. Adoro esse contato, a relação de simplicidade que se estabelece nessas horas entre o ser humano que tem sensibilidade e o meio-ambiente. Isso me dá grande paz de espírito, encontro dentro de mim mesma condições para obter essa paz e voltar ao trabalho com a alma lavada na segunda-feira. A maior das mães é a Mãe-Natureza, é ela quem nos passa as energias boas.

CIDADÃO: Seu marido e sua filha costumam pescar com você?
JANE: Sempre. Meu marido é meu amigo, meu companheiro de pescaria e de qualquer outra forma de lazer. Na nossa casa, todos nós somos apaixonados pela pesca. Se não vamos a algum rio, vamos a um pesque-pague, mas não deixamos de praticar o nosso esporte.
CIDADÃO: E quem é que pega mais peixes?
JANE: O Marcos (risos). É ele quem pega mais. Embora, às vezes, eu dê um showzinho nele...