Luis Antonio Arakaki, o Luisinho Arakaki, conhecido empresário de Fernandópolis, é personagem de uma inovação do prefeito Luiz Vilar: ele topou a parada de formar, ao lado de Neoclair José Morales e Valdir Erédia Fâncio, o trio (essa é a inovação) que comandaria a pasta do Desenvolvimento Sustentável da administração municipal de Fernandópolis. Logo Luisinho entendeu as razões do prefeito: devido às circunstâncias, a pasta era a mais estratégica diretoria da administração. Com os dois parceiros, Luisinho foi a campo e, apenas três meses após o início das atividades, puderam apresentar resultados bastante substanciais durante audiência no gabinete do prefeito, na última quarta-feira. Nada menos que R$ 23,5 milhões devem ser injetados na economia do município, através dos empresários cooptados pela pasta da administração malgrado a tal crise (palavra que Luisinho abomina).
CIDADÃO: Nesta quarta-feira, o triunvirato do Desenvolvimento Sustentável apresentou à cidade os números do primeiro trimestre da atual gestão. São 13 novas empresas confirmadas e a perspectiva da criação de 633 novos empregos diretos. Particularmente, como você vê esses números?
LUISINHO: Os resultados são ótimos, e é um trabalho de equipe, através do qual conseguimos fazer com que as coisas aconteçam. É muito difícil falar desse trabalho sozinho, porque somos três diretores e conseguimos não só nos entender muito bem como dividir as funções. É fruto, repito, de um trabalho de equipe.
CIDADÃO: Seu colega Valdir Erédia disse que Fernandópolis está na contramão da crise. Você também pensa assim?
LUISINHO: Eu penso, sim. Aliás, de comum acordo, nós proibimos dentro da diretoria o uso dessa palavra tanto que não vou falá-la aqui (risos). A palavra de ordem é trabalhar com as oportunidades que se apresentam neste momento, nestas condições. Nós sabemos que, em vez de falar em crise, temos que falar em oportunidade, porque estas mudam de acordo com as condições do ambiente, da economia, do dia a dia. Temos que procurar as oportunidades.
CIDADÃO: È possível extrair bons resultados da crise e crescer dentro do processo, como asseguram alguns economistas?
LUISINHO: Exatamente. Concordo, sim. Há alguns produtos e serviços que vão muito bem numa economia como a que a gente vivia até meados do ano passado, ou seja, indo de vento em popa. Mas há outros produtos e serviços que são excelentes e geram grandes oportunidades nesses momentos de aperto. Por exemplo, o álcool: hoje, é um produto excelente em competitividade. Na realidade, essas oportunidades são muitas, e temos que correr atrás. Quero deixar expressa a minha convicção: acredito que todas as pessoas que forem procurar essas oportunidades dentro do seu negócio, do seu dia a dia, vão encontrá-las. Provavelmente serão aquelas nas quais elas nunca prestaram atenção.
CIDADÃO: Já que você mencionou o álcool: recentemente, a empresa Brenco se reuniu na sede de uma empresa do Grupo Arakaki com usineiros da região para tratar da questão do poliduto, e abriu-se a perspectiva de que Fernandópolis possa ganhar um terminal de cargas e bombeamento de etanol. Vocês têm alguma estratégia para trabalhar por isso?
LUISINHO: Temos, sim, e digo mais: não dá para separar o diretor do empresário nessa questão porque é uma coisa que interessa a ambos. O que nós estamos fazendo agora é a viabilização da participação das usinas da região no projeto do poliduto; queremos que elas coloquem o produto aqui em Fernandópolis, cidade que estrategicamente está num local muito adequado à instalação de um terminal. É um lugar muito competitivo, porque poderia receber o etanol que virá da Coruripe, em Minas Gerais; o etanol que vem de Ouroeste, da Usina Colombo, da própria Alcoeste. Queremos garantir a captação de volume agora, porque é fundamental para o setor que o produto chegue a preços competitivos nos pontos de consumo, como a Grande São Paulo, ou de exportação, como o porto de Santos. Hoje, nós temos uma diferença de competitividade muito grande. O transporte do nosso álcool é mais caro, por exemplo, do que o de Ribeirão Preto. Com o poliduto, nós chegaremos aos centros estratégicos a custo ainda mais barato do que o álcool dessas regiões tradicionais e mais próximas de São Paulo e Santos. Essa é a importância do poliduto, e os empresários da região têm consciência disso. É uma luta, acredito eu, que temos que encampar com todas as forças.
CIDADÃO: Rogério Manso, o vice-presidente da Brenco, declarou que o filet mignon do mercado está lá fora, ou seja, na exportação. Como o Brasil domina bem essa tecnologia de produção de energia renovável, será que a redenção está exatamente nisso, na exportação de pelo menos dois terços da produção?
LUISINHO: Quando a gente fala num futuro próximo, até podemos pensar dessa maneira. Mas eu posso dizer que o consumo interno é muito importante e até melhor do que a exportação, já que, quando exportamos o álcool, a rentabilidade é menor do que no mercado interno. Além disso, o consumo está aumentando muito, com o advento dos carros flex. Dada a diferença entre os preços da gasolina e do álcool, o consumo deste último aumentou do dia para a noite. As pessoas que abasteciam com gasolina passaram a usar o álcool. É aquilo que disse antes: o álcool é um típico produto que leva vantagem na crise. E ninguém no mundo tem condição de produzir álcool etanol mais barato do que o Brasil. A visão do Rogério Manso vem daí da nossa extrema competitividade em termos mundiais. Só vai depender da política dos países europeus, dos EUA, de abrirem o mercado, porque eles são muito fechados, há um lobby muito grande contra o produto brasileiro.
CIDADÃO: O que você gostaria de conseguir e ainda não conseguiu, na diretoria de Desenvolvimento?
LUISINHO: Prefiro dizer o seguinte: o prefeito Vilar tem um programa de governo com objetivos claros, que estamos perseguindo a todo dia. Particularmente, terei grande satisfação de chegar ao final desses quatro anos e sentir que nós três da diretoria contribuímos efetivamente para o crescimento e desenvolvimento da cidade, trazendo emprego e renda. Não tenho nenhuma ambição política, quero ficar na iniciativa privada, como empresário, Porém, quero ajudar Fernandópolis. É uma obrigação de cada um de nós. Então, não é uma conquista específica que importa, como, por exemplo, trazer uma grande empresa. Temos que levar em conta que as pequenas e as micro-empresas podem dar uma cara diferente para a cidade, que, aliás, ainda não a tem. Queremos dar à cidade essa cara, uma característica própria. E não podemos esquecer que a nossa diretoria se chama Diretoria do Desenvolvimento Sustentável. Para mim, a sustentabilidade tem até mais peso do que o desenvolvimento, porque hoje a sustentabilidade é a base de tudo. Então, temos que pensar numa cidade onde a população tenha prazer de morar. Esse é o nosso grande desafio.
CIDADÃO: Durante discurso, o prefeito Vilar falou em recuperar 10 anos perdidos e ainda avançar os quatro do seu mandato. Vocês querem fazer 14 anos em quatro?
LUISINHO: (risos) O Vilar é uma pessoa que só quem trabalha com ele conhece o ritmo que ele impõe a tudo. É um ritmo alucinante. Não sei dizer se são 14 anos, 10, quatro. Sei é que ele cobra bastante a ação dos diretores. O que é trâmite normal, ele quer em três dias. O que é urgente, é um dia! Vilar trabalha no ritmo da iniciativa privada, coisa que não existe na cultura da administração pública. O resultado aparece muito mais rápido. A máquina da prefeitura está entrando no ritmo dele, aprendendo que o tempo não para.
CIDADÃO: Vilar anunciou, no encerramento da coletiva de quarta-feira, que em seguida viajaria para São Paulo; e que se o objetivo da viagem desse certo, seria uma revolução para Fernandópolis. Você poderia adiantar qual é o assunto?
LUISINHO: Isso é com o próprio prefeito, não temos essa autonomia. Só posso garantir que é algo que pode colocar Fernandópolis em outro patamar, e estamos torcendo pelo seu sucesso na viagem. Há outras coisas na nossa diretoria que também poderão produzir efeito parecido. O que foi anunciado nesta quarta-feira não é o final do nosso trabalho, é só o começo. Continuamos conversando com os empresários e o encaminhamento é bom, mas certas coisas não podem ser anunciadas antes da concretização. Sempre que isso ocorrer, teremos o maior prazer em divulgar, com toda a transparência necessária. Estamos muito otimistas. Nós acreditamos sempre.