A Polícia Ambiental de Fernandópolis está apurando uma denúncia de cortes de árvores na Fazenda Jagora, de propriedade da família Cáfaro, que as arrendou para empresários da Usina do Noroeste Paulista (UNP).
Pelo menos 23 árvores foram cortadas há cerca de 20 dias, segundo relataram os vizinhos da propriedade, que preferiram não se identificar. Foram identificadas espécies como ipê amarelo, monjoleiro, açoita-cavalo e laranjeira brava, entre outras. Cerca de 30 máquinas foram utilizadas na preparação da área e retirada das árvores. O trabalho era feito durante as madrugadas, o que causou incômodo aos moradores da região.
Antes mesmo do corte das árvores, um vizinho alertou a Polícia Ambiental de Fernandópolis sobre a possibilidade de ocorrência de desmatamento para o plantio de cana-de-açúcar. Dias depois, o fato acabou se concretizando.
O mesmo vizinho foi até a polícia por diversas vezes fazer a denúncia, pedindo para que o local fosse inspecionado. Na quarta-feira, 25, a Ambiental decidiu ir até a fazenda checar a denúncia. Com uma câmera digital, o cabo James Faim registrou a ocorrência.
A equipe de reportagem do CIDADÃO entrou em contato nesta quinta-feira para saber da polícia o que foi constatado no local e as razões da demora na averiguação. O comandante da Polícia Ambiental, tenente Cássio, disse que o cabo Faim estava de folga e que ele, tenente, ainda não estava ciente da ocorrência, mas que se houvesse irregularidades os acusados seriam autuados por crime ambiental.
Ontem, a reportagem falou com o cabo Faim, que disse não ter autorização para falar sobre o assunto. Segundo o militar, somente o comandante, que estava de folga naquele dia, poderia se manifestar.
CIDADÃO também conversou ontem com o promotor de Justiça Denis Henrique Silva, que é curador do Meio Ambiente. O promotor disse que não tinha conhecimento do assunto, pois estivera fora da cidade nos últimos dias, mas iria checar o caso.
Já Humberto Cáfaro Filho, um dos proprietários da Fazenda Jagora, foi informado do fato somente ontem pelo irmão, José. A família pretende dar total apoio ao vizinho que fez a denúncia, uma vez que eles deixaram de ser pecuaristas para trabalharem com reflorestamento.
Nós fomos procurados pelos próprios policiais, que nos colocaram a par do caso. Eles disseram que em função do porte das árvores, que era de aproximadamente 1,30m, não haveria problema, mas pela insistência do denunciante isso terá que ser levado em conta. Nós vamos apoiar o denunciante, apesar da usina ser nossa parceira. Inclusive, atualmente, o foco da nossa empresa é o reflorestamento, deixamos de ser pecuaristas. Só naquela fazenda nós plantamos mais de 60 mil mudas de árvores, disse Humberto.
O proprietário explica que, para arrendar aquelas terras, a família teve que fazer um reflorestamento, pois a lei assim exige quando do arrendamento de terras. É preciso ter 20% de área verde. Entre nós e os arrendatários foi feito um contrato e eles têm o dever de preservar o meio ambiente. Se eles realmente cortaram essas arvores estão violando o contrato e vão ter que ser responsabilizados por isso, concluiu Humberto.