Em ação conjunta, os destacamentos da Polícia Militar de Meridiano, Valentim Gentil e Fernandópolis detiveram na manhã de quinta-feira, 19, no km 541 da Rodovia Euclides da Cunha, dois homens acusados de seguir, desde São Paulo, um caminhão da empresa Flórida Agroquímica Ltda., que viajava até a fábrica localizada em Fernandópolis. O proprietário da empresa, Renato Betti, acusa A.S., 39, e J.P.A., 42, de estarem perseguindo o caminhão a mando do empresário paulistano G.R., o chefe da "Máfia do Osso", com o objetivo de roubá-lo. Outro caminhão da Flórida foi roubado na última segunda-feira em Jandira, na Grande São Paulo.
Betti explicou que o grupo de G.R. o estaria perseguindo desde que ele entrou, em outubro do ano passado, no mercado de osso animal e sebos na cidade de São Paulo. O proprietário da Flórida explica que o grupo de G.R. recolhia os ossos de açougues e supermercados da cidade de São Paulo sem pagar nada, ou por vezes até cobrando. Porém, o grupo de Betti começou a pagar para retirar esses ossos, o que, supõe o empresário, abocanhou todo o mercado de G.R. e seu sindicato, formado por várias empresas. "É muito estranho, pois como pode existir um sindicato de seis empresas?", indagou o empresário, que chamou seu concorrente de mafioso.
O empresário explicou que às 23 horas da quinta-feira recebeu um telefonema do motorista do caminhão que vinha até a região, dizendo que estava sendo perseguido. Ao conseguir localizar o caminhão, Betti seguiu o automóvel de A.S. e J.P.A.. O empresário explica que em todas as paradas que o caminhão fez na estrada, os dois homens também paravam. "Quando estava na rodovia Washington Luiz eu ainda achei melhor esperar. Porém, quando começou a Euclides da Cunha e eles continuaram, eu resolvi ligar para a polícia". O automóvel foi detido a cerca de um quilômetro do trevo de acesso a Meridiano.
O empresário acusa G.R. de concorrência desleal. "Eles pagam um vizinho de uma das minhas fábricas para ficar ligando para a Vigilância Sanitária dizendo que está mal-cheiroso. Eles já conseguiram fechar minhas fábricas de Itanhaém (Baixada Santista) e Araçaiguama (próximo a São Roque)". A.S. e J.P.A. alegaram aos policiais serem detetives contratados por G.R. para investigar a empresa de Betti, que estaria cometendo crimes ao meio ambiente. A acusação é que eles estavam vindo até Fernandópolis para enterrar ossos. Betti nega essa informação. "Não faria sentido eu viajar 500 quilômetros para enterrar ossos", explicou. Dentro do carro dos detetives foram encontradas anotações, com telefones, e no celular deles havia trechos filmados da viagem, no qual apareciam imagens do caminhão.
Renato Betti explica que o mercado de ossos e sebos traz muitos lucros. "Dentro de São Paulo são em torno de 32 mil toneladas de ossos recolhidos por mês. Isso dá cerca de US$ 300 milhões", afirmou. O motorista assaltado na última segunda-feira será trazido até a região para fazer o reconhecimento dos acusados. Segundo Betti, ele sofreu violência psicológica. Os bandidos falavam que iriam matá-lo e depois largaram-no amarrado em uma árvore. Ele foi encontrado por um produtor rural da região. Já o caminhão foi achado no bairro paulistano da Mooca, com outra placa, na tarde de quinta.
De acordo com a delegada de Meridiano, Maristela Marques Lima Dias, os dois acusados foram liberados após averiguação, pois eles não cometeram nenhum crime. Quanto ao reconhecimento por parte do caminhoneiro se foram eles mesmo que roubaram o caminhão de Betti, a delegada informou que as fotos dos dois suspeitos serão mandadas para a delegacia de Jandira, onde aconteceu o roubo.