Iraci Pinotti nasceu em uma propriedade rural na cidade de Santa Albertina. Por ser a filha mais velha, teve como missão cuidar dos sete irmãos enquanto os pais trabalhavam na roça.
Seu amor e dedicação eram tão grandes que por vezes era chamada de mãe pelos quatro irmãos mais novos. Pedidos para sair, brincar ou fazer algo diferente eram sempre direcionados a Iraci, pois passava a maior parte do dia ao lado dos irmãos.
Desde cedo, Pinotti se deslumbrava com o mundo da cultura. Os circos que, volta e meia, se instalavam perto de sua casa tiveram grande influência na sua infância e, posteriormente, na sua carreira profissional.
Aos quatro anos de idade já sonhava partir com um circo que se instalara na cidade. Sua casa, por vezes, era utilizada como oficina de costura para confecção das roupas dos palhaços nos espetáculos.
Os palhaços me chamavam muito a atenção, os dramas (encenações teatrais) que eram exibidos no circo, as músicas, a cara pintada. Eu era fascinada por aquele mundo, nem bem levantavam o pano do circo e eu já estava lá, disse Pinotti.
Quando cresceu, tornou-se a artista da família. Aos sábados, enquanto os irmãos se divertiam em uma festinha, Iraci gastava seu tempo encenando peças, ensaiando e aprimorando seus dons.
Chegou a estudar piano por seis anos e a fazer um curso de cinema por correspondência, mas a inquietude e dinamismo da adolescência por vezes a impediam de concluir as atividades que, simultaneamente, fazia.
Iraci também chegou a fazer a faculdade de Letras na Unesp, mas no terceiro ano teve que trancar o curso ao receber um cargo de chefia na empresa em que trabalhava, Grupo Tarraf, que abriu a Cotav em Fernandópolis. Ela teve que se mudar e não pôde concluir os estudos.
Embora Iraci tenha trabalhado na área administrativa, sua realização pessoal e profissional sempre esteve ligada a trabalhos desenvolvidos na área da cultura. Um dos projetos que resultou em uma grande virada na sua vida foi o Grupo Renovador Filhos da Terra (1989/2000).
Tratava-se de um grupo de pessoas que, percebendo a lacuna que havia na área da cultura na cidade, resolveu se unir e desenvolver projetos não só na área da cultura, mas do esporte e do lazer.
Por seu trabalho nesse projeto, Iraci foi convidada em 1993, pelo prefeito Luiz Vilar de Siqueira, para ser a Diretora de Cultura do Município. Na pasta da Cultura permaneceu até 2000, também na gestão do ex-prefeito Armando José Farinazzo.
Foi muito difícil esse começo, pois eu tinha uma pequena sala, anexa ao Paço que funcionava na rua São Paulo, com um auditório também pequeno. Tentamos comprar o Cine Fernandópolis, ficamos negociando durante um ano, mas não deu certo. Depois conseguimos o prédio do antigo Fórum, mas também não deu certo. A biblioteca já estava até instalada lá e tivemos que tirar. Então tínhamos uma biblioteca e uma Diretoria de Cultura itinerantes. Começamos a construir o Teatro Municipal na administração do Vilar e o equipamos na gestão do Farinazzo. Levamos oito anos para pôr o prédio para funcionar. A maior dificuldade que tive foi lidar com poucos recursos. Tive que buscar verbas estaduais e federais, afirmou.
Na pasta da Cultura permaneceu até 2000, fim da gestão de Farinazzo. Após esse período, Iraci mudou para São José do Rio Preto e, novamente, voltou a trabalhar na área da administração, mas não conseguia deixar Fernandópolis. Estava sempre prestando serviços para pessoas da cidade, como, por exemplo, a OSFER (Orquestra de Sopros de Fernandópolis) no desenvolvimento de projetos e captação de recursos financeiros.
Segundo a diretora de cultura, sua maior dificuldade era ter que trabalhar em uma sala fechada, com tantos projetos da área da cultura ainda vivos na mente. Você sempre sai com a sensação de que poderia ter feito mais. Com aquele gosto de quero mais. Eu tenho muito tempo disponível por não ter filhos, pois meu filho é a cultura, disse.
Após oito anos morando em São José do Rio Preto, Iraci jamais achou que fosse voltar ao cargo de Diretora Municipal da Cultura. Para sua surpresa, após 16 anos, foi novamente convidada pelo prefeito Luiz Vilar para assumir a pasta.
Todos aqueles projetos que foram guardados eu estou tirando da gaveta. Essa volta é a oportunidade de realizar o que ficou lá atrás. Não vou desperdiçá-la, afirmou Iraci Pinotti.