Os aprendizes não existem apenas para fazer cobranças!. Frases assim são comuns, na boca de Sandra Moreira, uma jovem Assistente Social. No Centro Social de Menores, assume agora como Coordenadora Geral. E se prepara para o mais novo desafio Qualificação Profissional para Jovens Aprendizes e seus familiares. Os amigos dizem que Sandra é irreverente, determinada e plugada na tomada de 220 volts, por causa do seu jeito falante e agitado. E se não nascesse, teriam que inventar. E ela não para: assumiu ainda a coordenadoria do recém-instalado curso de Serviço Social da Unicastelo, e de cara já conseguiu formar uma turma de 70 alunos, que iniciaram as aulas na última segunda-feira. Sandra diz que sua adrenalina vem do amor à profissão e às causas sociais. Um belo tipo humano, essa moça, que só agora mais especificamente, no próximo dia 13 chega aos 27 anos de vida.
CIDADÃO: No último dia 2, o curso de Serviço Social da Unicastelo foi aprovado e iniciou as aulas. São quantos alunos na turma?
SANDRA: São 70 alunos, entre meninas e meninos, e o curso tem o objetivo de ser o melhor da região na área de Serviço Social, com bastante qualidade e profissionalismo. Temos a responsabilidade de inserir no mercado de trabalho pessoas com compromisso ético e com qualidade na profissão de assistente social. Estou muito feliz, com a oportunidade de trabalho na Unicastelo e vislumbrada com seriedade da universidade e com profissionalismo do Prof. Amauri Piratininga. Estou em um time cheio de campeões é uma grande oportunidade para aprender e crescer.
CIDADÃO: Como coordenadora do curso, quais foram as primeiras medidas que você adotou inclusive por causa do pouco tempo disponível para o planejamento?
SANDRA: A captação de alunos foi o primeiro trabalho desenvolvido. O curso de Serviço Social existe em várias cidades da região, e está em ascensão no mercado de trabalho. O mercado tem valorizado bastante esses profissionais, e há boas oportunidades de trabalho, o número de vagas é grande e com excelente remuneração. Assim, é normal que as pessoas sejam seduzidas por esse fato e se disponham a cursar Serviço Social. Então, trazer alunos para a Unicastelo foi um desafio que, graças a Deus, conseguimos priorizando a qualidade da educação na universidade. Hoje, estamos com 70 alunos, um número bastante representativo. Nossa missão é oferecer a esses alunos, educação superior comprometida com a formação de profissionais éticos contribuindo para qualidade de vida da sociedade.
CIDADÃO: Fernandópolis é um bom campo de treinamento para estudantes da área de Serviço Social?
SANDRA: É e muito. O estado de São Paulo é o mais preparado para a política de Assistência Social através do Sistema Único da Assistência Social SUAS. O terceiro setor esta cada vez mais em expansão estimulados pelo governo. As empresas em geral, perceberam que precisa valorizar seus colabores e clientes. Na saúde precisamos integrar nas equipes médicas para a melhor recuperação do paciente. Desta maneira, o município, o estado e o país necessitam de capacitação profissional para atender essas demandas. A Unicastelo de Fernandópolis vai ter os melhores profissionais para atender o mercado de trabalho, é marketing positivo para o município.
CIDADÃO: Entidades assistenciais bem estruturadas, como as que existem em Fernandópolis, são um bom campo de estágio?
SANDRA: Sim. Costumo dizer que quando o profissional é bom, nunca lhe faltará local de estágio nem mercado de trabalho. Eu pretendo utilizar minhas experiências e habilidades em capacitar as pessoas para o mercado de trabalho, para com os alunos do curso de Serviço Social da Unicastelo. Quero que eles façam a diferença na hora do encaminhamento ao estágio de trabalho, com postura, interesse, iniciativa, capacidade de elaboração de projetos. Repito: ao bom profissional, dificilmente falta mercado de trabalho.
CIDADÃO: Em sua opinião, quais são os pontos fortes e quais são as deficiências do município de Fernandópolis na área de assistência e desenvolvimento social?
SANDRA: As instituições do terceiro setor não sabem a importância de qualificar seus profissionais. Esse é o lado negativo as instituições acreditarem que não precisam de profissionais qualificados para atender a sua clientela. O curso de Serviço Social da Unicastelo tem interesse em quebrar esse paradigma e levar a essas instituições profissionais qualificados, o que proporcionará um atendimento melhor aos seus clientes e desenvolvimento no setor. É um trabalho de médio e longo prazo, e certamente as instituições reconhecerão através da satisfação de seus clientes que serão melhores atendidas. As instituições sociais, independente das necessidades que se propõe atender precisam satisfazer seus clientes, casos contrários não precisam existir. E ressalto satisfazer não implica em dizer sim para tudo, implica em realizar transformação social conscientizando de sua necessidade, isso se faz com dedicação, carinho e muito respeito.
CIDADÃO: Você desenvolveu o programa Jovem Aprendiz no CAEFA e agora pretende implantá-lo no Centro Social de Menores. Por quê? Quais são os seus planos?
SANDRA: Trabalhei durante cinco anos no CAEFA e agradeço ao Antonio França por ter me dado essa oportunidade, quando ainda era estagiária. Com empenho na equipe, o CAEFA se tornou uma das melhores instituições de Fernandópolis contribuindo na formação de caráter dos nossos aprendizes, que através do nosso trabalho tem melhores perspectivas de futuro estão no mercado de trabalho e chegam à universidade. Longe das drogas e da marginalidade, mudando o seu destino, de suas famílias e da sociedade. Por falta de empatia e divergências nos objetivos com a atual presidência, me estimularam a buscar outros desafios profissionais, que até então, não estavam definidos.
Na ultima reunião com todos os aprendizes e seus familiares, onde informei o meu desligamento. Vi muitos deles emocionados e tristes com minha saída estavam se sentindo desamparados. Ao final da reunião me abraçaram agradecidos pela minha dedicação e disseram sobre lágrimas que começaram a sonhar e a ser felizes, sendo estimulados a acreditarem em si mesmo e acima de tudo sendo útil a sociedade. Chorei muito, por que cresci junto com eles, nos seus piores e nos seus melhores momentos. E este reconhecimento é de muito valor pra mim. Então, percebi que este trabalho não pode parar, tem muitos adolescentes e famílias que precisam desta oportunidade e deste trabalho. Então, por que parar? Mesmo por que a continuidade deste trabalho em outra instituição permitirá maior atendimento aos adolescentes com vulnerabilidade social. E maior amplitude de opção para as empresas que a partir de agora poderão escolher onde buscar o seu jovem aprendiz.
CIDADÃO: Uma das raras críticas que se faz ao programa Jovem Aprendiz é o custo por jovem contratado pelas empresas em torno de R$ 700. O que você pretende fazer para mudar isso?
SANDRA: Não, não é tudo isso não. É assim, de acordo com a lei (art. 429 da CLT), os estabelecimentos de qualquer natureza, independente do número de empregados, são obrigados a contratar aprendizes, de acordo com o percentual exigido, que é de 5 a 15%. É facultativa a contratação de aprendizes pelas microempresas (ME), empresas de pequeno porte (EPP). O Jovem Aprendiz tem um contrato de trabalho especial que é ajustado por escrito e com prazo determinado, com duração máxima de dois anos. Onde o Jovem Aprendiz recebe apenas um salário mínimo federal tendo como obrigatoriedade capacitação profissional através de uma instituição. De acordo com a lei é facultativa para a instituição a cobrança da taxa de capacitação. Através das parcerias já realizadas, o Centro Social de Menores se compromete com a melhor capacitação profissional-técnica e comportamental com o menor custo possível para o empresário. Portanto, não se trata apenas de um investimento para a sua empresa, mas também para a cidadania. Ter um jovem aprendiz na empresa é garantia de ter um profissional qualificado, coisa que anda em falta no mercado de trabalho. Eu sinceramente só vejo vantagens.
CIDADÃO: Afinal, qual é o seu grande sonho?
SANDRA: Meu sonho é ser útil à sociedade através do meu trabalho, fazendo parte da história das pessoas que são responsáveis pela minha história.