Medo e destruição no Paulistano

20 de Agosto de 2025

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Medo e destruição no Paulistano
O Parque Paulistano foi um dos bairros que mais sofreu com a força das chuvas da última segunda-feira, 2. Segundo moradores, a Rua Florisbela M. S. Freitas, que fica no começo do bairro, atrás da empresa Couroquímica, recebe a água de vários locais, o que a transformou num imenso rio. “Vimos árvores e pedaços de asfalto passando na enxurrada. Pensei que fosse morrer” desabafou uma moradora.

Na casa de um aposentado de nome Edivaldo, a água subiu rapidamente. Ele conta que o muro de placas estava agüentando bem, até que um pedaço enorme de asfalto se chocou contra ele, colocando-o por terra. “Foi aí que a água entrou com toda a sua força.

Na correria para tentar salvar as coisas, meu gato de estimação ficou muito agitado e pulou no José Natalino (amigo da família). No susto ele se desequilibrou e caiu em cima da carriola e bateu na geladeira, que estava com uns pedaços de toco para ficar mais alta e a chuva não alcançar o motor... Mas foi em vão. Ela veio com muita força”.

Dona Maria estava tirando a água de sua casa quando o marido chegou da Santa Casa, onde estava internado havia dias. A moradora não sabia se socorria o esposo ou a casa inundada. Outras moradoras contaram que os cacos de asfalto entupiram os bueiros, o que impediu o escoamento da água da chuva.

Na terça-feira, dia 3, as casas permaneciam sem água. “Não temos nem como limpar essa lama toda porque não tem água. Fico com medo dos meus filhos pegarem alguma doença”, disse uma das moradoras que teve a casa atingida pela chuva.

Márcia Aparecida Pereira dos Santos conta que viu a morte de perto. “Minha vizinha pediu para levar os meus dois filhos à missa e eu deixei, nem estava tempo de chuva. De repente, o mundo desabou. A água e a lama começaram a entrar na minha casa, foi horrível. A água vinha como onda do mar. Fiquei desesperada e subi no beliche dos meus filhos. Meu sofá, minha geladeira, meus móveis, que comprei com tanto esforço agora estão todos danificados. Eu gritava desesperadamente, quando vi que a água não parava de subir, saí da casa, mas a rua estava como um rio. Meu padrasto veio com seu carro para tentar me socorrer, e eu gritava para ele voltar, pois a água estava muito alta. Quando ele deu ré, bateu em uma árvore e amassou todo o carro. Parecia o fim do mundo”, concluiu emocionada.


Solidariedade não tem idade

Os irmãos Tiago e Larissa, de 3 e 5 anos respectivamente, moradores do Paulistano, não tiveram sua casa atingida pela força das águas, porém, ao verem sua mãe com uma carriola ajudando uma vizinha que teve sua casa invadida pela lama, logo trataram de ajudar. Cada um pegou uma pá de brinquedo e começaram a tirar a lama da casa. “Podia ter sido na minha casa, eu fiquei com muito medo”, disse a pequena Larissa.