Mesmo com uma participação razoável no campeonato de 2008 depois de nove anos sendo eliminado na primeira fase, conseguiu a classificação para a fase seguinte do torneio o Fernandópolis Futebol Clube vive agora um dilema angustiante: o presidente Jesus Moreti não sabe se inscreve ou não a equipe para disputar a 2ª Divisão paulista este ano.
O motivo é um velho problema dos cartolas brasileiros: a falta de recursos. Sem patrocinador, o time sofreu para arcar com as despesas no ano passado. Moreti muitas vezes desembolsou dinheiro para honrar os salários e outros compromissos.
Agora, com a decisão do Conselho Arbitral da Federação Paulista de Futebol, de que os times terão até o próximo dia 3 de fevereiro para confirmar a inscrição, Moreti considera indispensável uma reunião urgente com o prefeito de Fernandópolis, Luiz Vilar de Siqueira.
Durante a campanha eleitoral, Vilar e seu vice, Paulo Biroli, prometeram publicamente apoiar o Fefecê. Biroli usou um dos horários da propaganda gratuita no rádio para tratar do tema, e prometeu que o Fefecê retornará aos dias de glória de 1994. Empossado, Vilar disse a Moreti que só iria tratar do assunto em fevereiro.
Não vai dar tempo de esperar, disse Moreti. Precisamos de uma decisão imediata. Do ponto de vista burocrático, o presidente garante que o Fernandópolis está com tudo em ordem para participar do campeonato.
Moreti pagou as taxas da FPF, recolheu uma multa de R$ 1 mil que o time sofreu em 2008, participou da reunião do Conselho Arbitral e promoveu as vistorias do estádio, exigidas pelo Corpo de Bombeiros e Polícia Militar, apresentando em seguida os laudos à federação.
Só dependemos da definição desse apoio, disse o presidente. Não quero dinheiro da prefeitura, porque sei que isso é impossível. Quero é apoio político, que o prefeito faça apelos aos empresários, disse.
TORCIDA
Se depender dos torcedores, o time disputará o campeonato. Na última quarta-feira, data da abertura do campeonato da série A-1, os empresários Renato Colombano e Osmar Paloni discutiam a questão com o estudante de Educação Física Welington Gustavo de Oliveira da Silva, enquanto São Paulo e Ituano jogavam no Morumbi.
Paloni, 56, proprietário da Yellow Box, dizia que não é difícil levar o time à série A-3, desde que o comércio e a indústria deem sustentação à equipe. Ferroviária, Monte Azul e Catanduva estavam na 2ª Divisão. Com um trabalho bem organizado, estão perto de chegar à elite do futebol paulista, afirmou o empresário.
Colombano, diretor de uma agência funerária, foi mais longe: afirmou que, se Jesus Moreti aceitar, ele assume a administração do clube. Não há ninguém melhor do que o Jesus para formar o time de futebol. Se ele topar, poderá cuidar só do elenco, que eu cuido da parte administrativa e formo um pool de empresários, assegurou.
Gustavo, o estudante, tem 23 anos e é de Santa Fé do Sul. Porém, estuda na FEF e até já representou Fernandópolis em jogos regionais, como lutador de judô. Ele acredita que não há nada que divulgue tanto uma cidade como o futebol. Veja o caso de Santa Fé, com o futsal. Ele já se considera torcedor do Fefecê, porque aprendeu a gostar do time no último ano.
VILAR
Ontem, o prefeito Vilar informou, através de sua assessoria de imprensa, que está à procura de um empresário para conduzir os destinos do Fernandópolis Futebol Clube.
Vilar garantiu também que dará todo apoio ao esporte amador da cidade. Temos grande interesse no Fefecê, mas não podemos repassar recursos do município. Daí a procura por um empresário que aceite a incumbência, disse o prefeito.
O diretor municipal de esportes Ademir de Almeida comunicou à reportagem de CIDADÃO que pretende marcar uma reunião com o presidente Jesus Moreti com a máxima urgência. O objetivo do encontro, segundo Almeida, é detectar as deficiências do clube e ver no que será possível a diretoria de esportes ajudar.