Sob a argumentação de que a prisão do publicitário Marcos Valério é uma justa resposta ao abalo social que teria sido produzido pela ação do réu na organização criminosa da qual faria parte Valério é acusado de ser um dos mentores de uma trama destinada a desmoralizar fiscais da Fazenda de São Paulo o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região rejeitou na terça-feira, 13, um pedido de habeas corpus impetrado em favor do publicitário.
Marcos Valério, que se tornou conhecido nacionalmente como operador do Mensalão, foi detido durante a Operação Avalanche, acusado de tramar ação que levaria à desmoralização dos fiscais que autuaram em R$ 105 milhões a Cervejaria Petrópolis, do empresário Walter Faria, seu amigo.
A decisão dos desembargadores da 1ª Turma do TRF foi unânime. Eles sustentaram a tese de que, uma vez posto em liberdade, o publicitário colocaria em risco a ordem pública e econômica, bem como a instrução penal e a credibilidade do Judiciário.
Marcos Valério está detido desde o dia 10 de outubro do ano passado, no presídio de Tremembé, sob a acusação de corrupção ativa, denunciação caluniosa e formação de quadrilha. Outra acusação que pesa contra o réu partiu da própria Polícia Federal, que lhe atribui tentativa de suborno no valor de R$ 2 milhões de agentes da PF, para que estes abrissem inquérito contra os dois fiscais.
Para os advogados de defesa Antonio Cláudio Mariz de Oliveira e Marcelo Leonardo a decisão é ilegal e injusta. Na audiência, Mariz tentou sustentar que não haveria necessidade de manter o réu na prisão. O advogado lembrou que a própria juíza que decretou a prisão (Paula Mantovani) admitiu incompetência territorial e remeteu os autos para a Justiça Federal de Santos, onde atuam os fiscais e onde teriam ocorrido as ações delituosas.
Entretanto, acabou prevalecendo a argumentação do desembargador Luiz Stefanini, relator, que sublinhou a gravidade do delito e a grande influência do grupo, detentor de poderio econômico e político.