Sérgio Félix do Nascimento - gerente administrativo e enfermeiro da AVCC - começou a vida na roça, trabalhando no campo ao lado dos pais em um sítio de Fernandópolis. Somente aos 13 anos, mudou-se para a cidade.
A ideia de deixar o campo partiu de Sérgio e do irmão, que juntos passaram a trabalhar a hipótese com os pais. Por ser de família humilde, ambos nunca estudaram em escola particular, mas souberam aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereceu. O primeiro emprego de Sérgio foi numa farmácia - a Drogaceni. Mesmo tendo sido contratado para trabalhar como office boy, ele aproveitava as horas vagas para aprender alguns ofícios da área farmacêutica.
Após cinco anos de trabalho na farmácia, ele foi convidado a trabalhar na Santa Casa como atendente de enfermagem. Ali eu dava banho nos pacientes, fazia curativos, aplicava injeções, levava os pacientes na cadeira de rodas para fazer os Raios X. Eu gostava muito de cuidar dessas pessoas, disse Nascimento.
Quando Sérgio descobriu em si a vocação, decidiu fazer o curso de Enfermagem na FEF que na época era chamada de FEOFE (Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia de Fernandópolis). Com o auxílio do ex-administrador da Santa Casa José Antônio Zaparolli (Tom Zé) e da ex-diretora do Serviço de Enfermagem Sílvia Garcia Bortoluzo - que se dispuseram a trocar o horário de trabalho de Sérgio - ele pôde estudar durante o período diurno. Os quatro anos seguintes não foram nada fáceis, pois trabalhava das 19h às 7h, saía do hospital, tomava um ônibus de estudantes para estar às 7h30 na FEF. Sem ter dinheiro, muitas vezes comia apenas um pão que a Santa Casa oferecia pela manhã. Muitas vezes a gente não tinha dinheiro para comer, tinha que pegar o pãozinho da Santa Casa e sair correndo para comer lá no banco da faculdade, desabafou Sérgio.
Antes de concluir o curso, se casou com uma colega da faculdade (com quem está até hoje) e no dia 1º de janeiro de 1994, conseguiu o primeiro emprego no Hospital Beneficência Portuguesa de Araraquara. Lá ele trabalhou durante um ano e logo foi convidado a administrar uma clínica da Unimed na cidade e depois o hospital da Unimed.
Em 1997, Sérgio voltou para Fernandópolis para trabalhar na Santa Casa e dar aulas no curso de Enfermagem. Depois de um ano ele recebeu proposta para voltar para Araraquara, mas acabou não dando certo e ele novamente voltou para Fernandópolis para trabalhar na Santa Casa e dar aulas na FEF.
No final de 1999, Sérgio se desligou por definitivo da Santa Casa ao receber um convite para trabalhar com os estagiários do curso de Enfermagem na AVCC. A diretora da AVCC na época - Marilande Gonçalves de Castro Lyra - teve a iniciativa de fazer uma parceria com a FEF e Sérgio foi chamado para acompanhar os alunos no estágio. A AVCC passava na época por muitas dificuldades, não era o que é hoje, mas desde aquela época a doutora Marilande já vislumbrava tudo isso. E um dos projetos em que ela foi muito feliz, foi o de buscar uma parceria com a Fundação. Para mim foi um grande desafio, ao qual tive que me dedicar muito.
Sérgio passou, então, a conviver com os portadores de câncer e a sentir na pele o sofrimento. A primeira vez que fui lá e vi as pessoas em um estacionamento em frente ao hospital. Eu me assustei, pois parecia um campo de guerra. Aquelas pessoas embaixo de árvores, deitadas em um grande gramado esperando todas as pessoas que foram no ônibus serem atendidas para voltar para casa. Elas saíam de casa por volta das 4h e só retornavam por volta da meia noite.
Com o crescimento da AVCC e do número de pacientes atendidos pela entidade, Sérgio foi contratado para trabalhar em período integral não mais apenas como enfermeiro, mas como administrador. Com a busca de alternativas como leilões, quermesses, jantares, bazares implantados por Marilande, a entidade começou a crescer e a vislumbrar novos projetos e possibilidades.
Em 2006, com a entrada do novo diretor na AVCC - Adenilton Fernandes Sérgio continuou a fazer parte da entidade e a desenvolver seu trabalho como antes, sempre em busca do sonho inicial - fazer da AVCC um grande hospital do câncer.
O meu maior sonho é um sonho que não é só meu, que é ver Fernandópolis com um hospital do câncer, sendo referência para toda região. Onde todas as pessoas, principalmente, as mais carentes tenham um atendimento qualificado, com amor e carinho e que não precisem mais viajar e ficar tantas horas fora de casa e que também não desistam do tratamento por não suportar a viagem como eu já vi casos. Esse é o meu maior sonho, concluiu Sérgio.