Ângela e sua família passaram muitos anos convivendo e vivenciando o sofrimento da mãe, Amélia de Oliveira Costa,51, cujos problemas renais a obrigavam a fazer hemodiálises e se submeter a sacrifícios. Ângela conta que a mãe praticamente não podia beber água, eram apenas 10ml, apenas para molhar a boca, isso quando os alimentos não ficavam trancados, porque dona Amélia não podia comer qualquer tipo de alimento e tudo era feito sem sal, mas a vontade de comer outro tipo de comida era tanta que muitas vezes se pegou procurando os alimentos para comer escondido.
Diante do sofrimento e da interminável lista de espera por doadores compatíveis, a família de dona Amélia se reuniu para decidir quem faria os exames para salvar sua vida. Os irmãos de dona Amélia que teriam maior chance de compatibilidade se negaram a fazer os exames por medo da cirurgia. A vida de dona Amélia ficava cada vez mais dependente dos filhos, já que o marido, José Gonçalves da Costa, é diabético e não poderia fazer a doação.
Um dos filhos de dona Amélia, o José Alberto aceitou fazer a doação, mas depois do segundo dos 75 exames necessários, desistiu por medo. Ângela, a única filha de dona Amélia se dispôs a enfrentar os exames e dar uma nova vida à mãe, mas a princípio a família não aceitou muito a idéia pelo fato de Ângela ter uma filha pequena.
Entretanto, com o firme propósito de salvar a mãe, Ângela, com 50% de compatibilidade, fez os exames e, em 14 de setembro de 2007, partiu para a cirurgia no Hospital de Base de São José do Rio Preto. Os médicos fernandopolenses Nilson Abdala e Evaldo Terra eram quem cuidavam do caso na época.
A cirurgia foi um sucesso, mas os primeiros dias do pós-operatório foram angustiantes para a família. O organismo de dona Amélia não reagia e a família já estava perdendo as esperanças. Certo dia chegou a notícia que a família mais temia. O médico de Rio Preto daria alta para dona Amélia no dia seguinte, alegando que o transparente não havia dado certo e que não tinha mais nada a fazer. O desespero foi total, mas na noite daquele mesmo dia a família recebeu uma maravilhosa notícia: o rim estava funcionando e o que parecia perdido ganhou um novo significado: dona Amélia nascia de novo naquela hora.
Hoje, dona Amélia tem uma vida normal, come e bebe o que quer. Até ganhou alguns quilinhos saudáveis e sua cor, que antes era de aspecto esverdeado, hoje é normal.
Ângela também leva a vida como antes, a cirurgia não lhe provocou qualquer problema e ficou a alegria de ter salvado a vida da própria mãe.
TRANSPLANTE RENAL
O transplante é a substituição dos rins doentes por um rim saudável de um doador. É o método mais efetivo e de menor custo para a reabilitação de um paciente com insuficiência renal crônica terminal.
A técnica cirúrgica e os cuidados do transplante renal foram bem estabelecidos como tratamento adequado para a insuficiência crônica renal a partir de 1965.
Hoje, no Brasil, aproximadamente 35.000 pacientes com insuficiência renal crônica estão em tratamento pela diálise. Destes, somente três mil conseguem ser transplantados anualmente. A razão dessa longa fila de espera se deve ao pequeno número anual de transplantes renais. No Brasil, só 10 % dos pacientes que estão na lista de espera conseguem fazer o transplante.
Além disso, a mortalidade em hemodiálise em todo o mundo e no Brasil é da ordem anual de 15 a 25 %. Se somar os pacientes transplantados (10 %) aos que morrem em hemodiálise (15 a 25 %) restam anualmente 65 a 75 % de pacientes na lista de espera. A esse grupo deve-se somar os novos renais crônicos que surgem todo o ano, em torno de 35 a 50 para cada um milhão de habitantes.
Quem pode fazer
transplante renal?
Todo o paciente renal crônico pode se submeter a um transplante desde que apresente algumas condições clínicas como: suportar uma cirurgia, com duração de 4 a 6 horas; não ter lesões em outros órgãos que impeçam o transplante, como cirrose, câncer ou acidentes vasculares; não ter infecção ou focos ativos na urina, nos dentes, tuberculose ou fungos; e não ter problemas imunológicos adquiridos por muitas transfusões ou várias gestações.
Quem pode doar um rim?
Podem doar rim pessoas vivas e pessoas em morte cerebral. O doador vivo pode ser da família (pai, mãe, irmão, filhos), ou de outra pessoa relacionada com o receptor. Todos os doadores vivos devem estar em plena consciência do ato que estão praticando. Após serem examinados clínica e laboratorialmente e se não apresentarem nenhuma contra-indicação podem doar o rim.
Algumas vezes são realizados transplantes com doador vivo não relacionado, exemplo esposa (o). Nesses casos a investigação realizada é muito maior e deve haver algum grau de compatibilidade dos tecidos para não haver rejeição.
É muito importante em todo o transplante, seja de doador vivo ou não que o sangue e os tecidos sejam compatíveis. Essa semelhança evita que o sistema de defesa imunológica do receptor estranhe o novo rim e o rejeite. Para isso, são feitos exames da tipagem sangüínea (ABO) e dos antígenos dos glóbulos brancos (HLA). O HLA é um exame igual ao de paternidade e/ou maternidade.