Prevenir para não remediar

20 de Agosto de 2025

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Prevenir para não remediar
“Melhor prevenir do que remediar”. Quem nunca ouviu esse sábio dito popular que dê a mão à palmatória. Não há quem não o conheça, mas poucos fazem uso dele na prática. Na maioria das vezes, todos são pegos de surpresa por situações que poderiam ser evitadas, caso tivessem “prevenido”. Com Maria Ioshiko Nobukuni – uma bancária aposentada – não foi diferente. Em 2006 ela quase morreu por dengue hemorrágica, a pior forma de manifestação da doença.

A princípio, parecia um resfriado comum, mas logo vieram as manchas no abdômen, febre e dores nos olhos e no estômago. Ela não conseguia comer nada. Sentia dores por todo o corpo, seu intestino começou a sangrar. Por duas vezes foi internada sob suspeita de dengue hemorrágica. Na primeira, permaneceu no Hospital das Clínicas por dois dias, na segunda vez, a internação durou quatro dias.

“Eu me lembro que fui à Central da Saúde colher sangue e uma das chefes - não me lembro o nome - pediu para que a funcionária colhesse meu sangue com quantidade a mais para o hemograma. Então eu disse à funcionária: “mas será que precisa, pois eu já fiz isso no laboratório”. Na dúvida, a funcionária foi perguntar à chefe, que respondeu brava dizendo que era urgente e necessário. Ela disse também que às 16h eu deveria vir buscar o resultado sem falta. Mas quando chegou próximo ao horário eu já estava passando mal, não conseguia me levantar da cama, muito menos dirigir. Então pedi para que alguém fosse buscar para mim. Quando chegou, que vi o resultado, liguei imediatamente para o Hospital das Clínicas, pois identifiquei que minhas plaquetas estavam muito baixas. Quando cheguei ao hospital, imediatamente o doutor Faleiros me internou. No mesmo dia fiquei sabendo que em uma cidade vizinha uma enfermeira havia falecido por dengue hemorrágica. Se não fosse a agilidade desses profissionais, talvez hoje eu não estivesse mais aqui”, disse Sônia.

Mesmo ganhando alta, Ioshiko só conseguiu restabelecer sua saúde cerca de três meses depois. Foi quando ela decidiu que iria dedicar-se à pesquisa de métodos de combate ao aedes aegypti, inseto transmissor da doença.
Ioshiko se tornou especialista no assunto, descobriu várias formas de combater o inseto, como por exemplo: a planta Citronela - uma gramínea originária da ilha de Java, na Indonésia - conhecida cientificamente como cymbopogon winterianus; a adultrap - uma armadilha que prende a fêmea adulta, impedindo-a de se reproduzir – a planta ora-pro-nobis – conhecida cientificamente como pereskia aculeata, entre outros. Ioshiko já distribuiu diversas mudas da planta e CD´s com orientações tanto em Fernandópolis como em outras cidades e estados, como: Palmas – TO, Lins, Suzano, Tupã, Taubaté (onde um antropólogo levou o método para o Amazonas), São José do Rio Preto, Araçatuba, Votuporanga, Ilha Solteira, Mira Estrela, Cosmorama, Jales, Indiaporã, Valentim Gentil, Macedônia, entre outras. Embora Ioshiko não saiba quantificar o quanto gastou para levar adiante seu trabalho, ela confessa: “Já gastei muito, não sei quanto, mas não foi pouco. Já deixei de comprar roupas, sapatos e até de fazer viagens para investir neste trabalho”. Quando é questionada sobre os motivos que a levaram a desenvolver esse trabalho solidário, a aposentada se justifica: "Não é justo corrermos risco de morte por causa dessa porcaria de mosquito”.

Aos poucos seu trabalho foi sendo reconhecido e passou a ganhar importantes aliados. Como o juiz da Vara da Infância e Juventude de Fernandópolis, Evandro Pelarin, que no ano passado expediu um ofício à imprensa pedindo para que a ajudasse na divulgação da Citronela para benefício da saúde pública. A Escola Agrícola Melvin Jones também associou-se à campanha, distribuindo mudas de Citronela aos interessados. A procura foi tão grande que a escola acabou com seu estoque. Atualmente, Ioshiko tem distribuído, voluntariamente, “filipetas” de papel com orientações de como se livrar da dengue.

“Atualmente estou distribuindo estas filipetas, vou fazendo minha caminhada e distribuindo. Coloco-as nas caixas de correio, casa por casa, já passei pelos bairros Santa Helena até o posto Boa Vista, Coester, Brasilândia, Araguaia e também visitei dez indústrias. Algumas pessoas disseram que tiveram a dengue clássica, outras relataram que ficaram com seqüelas. Uma senhora disse que a filha está com fibro-mialgia, já um senhor me disse que ficou com a memória lenta. Tenho lutado muito para não passarem veneno, pois é inútil e nocivo à saúde. Eu já distribuí aproximadamente cinco mil filipetas e já encomendei mais dez mil”, disse Sônia.
Quase que anonimamente, Ioshiko tem conscientizado a população através das suas “filipetas”. Muitos, ao se depararem com a mensagem não sabem de onde veio. Mas a partir de agora, quando alguém encontrar uma filipeta como a que segue abaixo, logo vai saber: a Ioshiko esteve aqui.

QUER SE LIVRAR DA DENGUE?
Plante citronela, manjericão e use derivados delas: DIVULGUE!! Óleo, sabonete, repelente, desinfetante - nos pisos, ralos, banheiros. Essência – coloque uns pingos na água nos cantos dos cômodos ENSINE!! Vela (cuidado para não pegar fogo nas cortinas!) Coloque peixes guaru nos reservatórios de água – Coloque Bacillus Thuringiensis nos alagados, use armadilhas Adultrap, captura a fêmea adulta do aedes aegypti. Não passe veneno, o aedes já é resistente, mas mata seus predadores, insetos, do bem, faz mal à nossa saúde. [email protected]