O dentista Álvaro Okabe - um dos pioneiros na área da implantodontia em Fernandópolis - chegou à cidade em 1974, acompanhado do amigo Claudemar da Fonseca, também dentista. Ambos dividiram por muito tempo um quarto no Hotel Paulista, na cidade de Lins - onde cursaram a faculdade e vieram para Fernandópolis por indicação de um amigo, sobrinho do ex-vereador Antônio Brandini. Esse nosso amigo era sobrinho do finado Antônio Brandini. Ele sempre dizia: Vão para Fernandópolis que meu tio vai dar uma mão para vocês. Nós não chegamos a precisar da ajuda, mas o tio dele sempre se oferecia para ser nosso fiador. O pessoal da cidade gostou muito da gente e acabamos não tendo dificuldades para nos estabelecer. E nós trabalhamos juntos até hoje. Nesses mais de 35 anos, nunca tivemos uma briga, o Claudemar só me aporrinha por causa do futebol. Ele é são-paulino e eu santista, mas me tornei santista só pra ganhar do time dele e ter o prazer de aporrinhá-lo também, disse o descontraído Álvaro.
A alegria é uma das virtudes de Álvaro. Quem o vê sorrindo e sempre de bem com a vida, não imagina que esse homem já passou por períodos difíceis na vida. Um deles foi a morte da esposa, há duas décadas. Meus dois filhos eram pequenos quando minha mulher morreu, então tive que criá-los sozinho. Mas como sou um homem polivalente, eu fazia de tudo, cozinhava, levava-os para escola, ajudava a fazer tarefas escolares,eles nunca passaram falta de nada. Hoje eles são formados em medicina, minha filha Renata é neurologista em Sinópolis (MT) e meu filho Fernando é clínico geral em Olímpia. Fernando, aliás, tem esse nome em homenagem a Fernandópolis.
Mesmo tendo uma rotina um tanto quanto puxada - atende no consultório até às 22h - Álvaro não abre mão daquela que é, ao mesmo tempo, sua segunda profissão e seu hobby: ir para a fazenda em Cassilandia (MS) todo final de semana. Sexta-feira à tarde ou no máximo na madrugada do sábado, ele arruma as malas e viaja 300 quilômetros.
O trajeto é curto, diz Okabe, pois já vai pensando em tudo o que terá que fazer quando chegar: arrumar cercas, cuidar dos bezerros, curar umbigo, checar os maquinários. Andar de trator ou a cavalo, nem pensar. Álvaro prefere manter a forma e andar a pé. Aos 60 anos, tem uma saúde invejável, não toma qualquer remédio.
Minha receita para não ficar doente é ir para a fazenda, meu remédio é a estrada. Não sei o que é doença, depressão. Cuido muito bem da minha saúde, faço 40 minutos de esteira todos os dias. Só assim para manter esse pique, garante.
Mas há outra área de atuação que o apaixona: a política. Grande amigo do falecido José Fernandes Santa Rosa foi seu braço direito nas eleições que o empresário disputou Álvaro é presidente do PSC e herdeiro do espólio político do amigo. Aprendi com o Santa Rosa que política se faz o tempo todo, e não só na campanha. O verdadeiro político sempre visita as bases, conversa com as lideranças de bairro, toma uma cervejinha com os eleitores, explica.
A morte de Santa Rosa fez com que os integrantes do PSC cogitassem de lançar seu nome a prefeito. Houve candidatos que o convidaram para ser vice. Álvaro acabou optando por uma coligação com Luiz Vilar, afinal eleito. Achei que era o melhor para Fernandópolis. Gosto de ajudar a cidade, principalmente a população carente. Eu e o Claudemar viramos fernandopolenses, nossos filhos nasceram aqui, aprendemos a gostar de Fernandópolis.
Um detalhe para arrematar este perfil: a entrevista aconteceu durante uma sessão de tratamento odontológico. É que ele não pára nunca. E, se você está lendo esta matéria bem cedinho, saiba que, a essa hora, Álvaro está na estrada, rumo à fazenda, pensando na cerca, nos bezerros, na ordenhadeira...