S.O.S. Santa Catarina

20 de Agosto de 2025

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S.O.S. Santa Catarina
A população de Fernandópolis e região aderiu maciçamente à campanha nacional em favor dos flagelados de Santa Catarina, Estado que foi vítima da maior enchente das últimas décadas.

Vários pontos de arrecadação de mantimentos - garrafas d’água, bolachas, leite, arroz e feijão – além de roupas, calçados, colchões, cobertores e remédios, foram montados em Fernandópolis para receber, organizar e enviar as doações da população aos desabrigados.

A Polícia Militar, com dois postos para recebimento de doações, o Corpo de Bombeiros, o 16.º Batalhão BPM/I concentraram a arrecadação. Também a Igreja Católica colocou a Secretaria da Igreja Matriz à disposição dos doadores. Outros pontos da cidade também receberam donativos, por iniciativa da sociedade civil, clubes de serviços e entidades como a OAB. Mais uma vez, comprovou-se a tradição de solidariedade do povo de Fernandópolis.

Distribuidoras de água chegaram a ficar sem o produto por alguns dias. Proprietários de algumas dessas distribuidoras confirmaram informações apuradas pela reportagem, de que tiveram que comprar água nas cidades de Votuporanga e Jales, devido à imensa adesão da sociedade fernandopolense à campanha.


AVIÃO
Na manhã da última quarta-feira, um caminhão partiu da sede do Corpo de Bombeiros de Fernandópolis rumo ao aeroporto de Rio Preto, onde um avião cargueiro da empresa aérea TAM levaria a Santa Catarina as doações de mantimentos arrecadados em toda a região. O caminhão foi cedido pelos proprietários dos Supermercados Pessotto Flex e Pessotto da Cohab Antonio Brandini. Uma camioneta da PM já havia levado para Rio Preto os mantimentos arrecadados na cidade no início da semana.

Em dez dias de arrecadação no Corpo de Bombeiros de Fernandópolis foram doados 2771 litros de água potável, 658 quilos de alimentos, 12156 peças de roupas, 590 pares de calçados, 192 unidades de material de limpeza, 279 unidades de material para higiene pessoal, 78 cobertores, 10 colchões, 10 travesseiros e 279 litros de leite “longa vida”.

Essa lista continha o montante contabilizado pelos militares do Corpo de Bombeiros, mas durante o carregamento do caminhão que foi para Rio Preto, várias pessoas chegaram ao Corpo de Bombeiros com mantimentos, e CIDADÃO registrou algumas doações.

ESTRELA
O quinto caminhão de mantimentos arrecadados em Fernandópolis, cedido pelo Grupo Arakaki especialmente para fazer o transporte, partiu do 16.º BPM/I para o aeroporto de Rio Preto no início da tarde de quinta-feira e continha metade de sua carga formada por doações enviadas da cidade de Estrela D’Oeste.

O comandante do 16º BPM/I, tenente-coronel José Paschoal Nicoletti, não continha a emoção: “A cidade de Estrela D’Oeste, mesmo passando por um drama terrível chamado desemprego (o militar se referia às cerca de 700 demissões no frigorífico da cidade) mostrou que tem coração. Os estrelenses foram responsáveis por metade da carga deste caminhão”, apontava.

Camionetas da própria PM, totalmente lotadas de doações, saíram da cidade e rumaram diretamente para a sede da Polícia Militar da cidade de Itajaí/SC. Além de alimentos, cobertores, calçado, leite e água, muitas peças de roupas novas, mais de 200 pijamas, além de peças íntimas, foram doados por uma confecção da região. No curso da semana, a carga completa de um caminhão extra foi adquirida por uma distribuidora de água de Fernandópolis, especialmente para atender aos pedidos dos fernandopolenses, que posteriormente doavam a água para ser enviada a Santa Catarina.

A Polícia Militar pede à população que concentre as doações em água e alimentos, produtos considerados prioritários nesse momento. “Colchões e roupas, além de serem de transporte mais complicado, são menos importantes do que a comida e a água, já que as enchentes contaminaram a água de Santa Catarina”, explicou um militar.


“Solidariedade advém da empatia”, diz psicanalista

O psicanalista João de Lima Stefanini, presidente da Associação Paulista de Medicina (APM) explica que atitudes de solidariedade, como as que vêm ocorrendo nas últimas semanas em relação aos flagelados de Santa Catarina, decorrem de um processo de empatia que se estabelece entre as vítimas e aqueles que prestam socorro: “O indivíduo toma o sentimento do outro, posiciona-se no lugar daquele que vive o drama. É como se ele se projetasse no outro”, analisou.

Para Stefanini, é um “vínculo bom” que se estabelece, uma manifestação interior que costumeiramente ocorre em situações de catástrofe. “O indivíduo vive aquilo junto com o seu semelhante que passa pelo drama, participa como se sofresse as agruras na própria carne”, justificou.


Fenômeno tende a se repetir

A tragédia de Santa Catarina lamentavelmente vem ratificar o que há tempos diversos cientistas e pesquisadores vêem alertando: as tempestades e furacões ficarão cada vez mais fortes e freqüentes em decorrência do aumento dos gases lançados na atmosfera (gases das queimadas de canas e florestas, escapamentos de automóveis e chaminés das indústrias). As mudanças climáticas decorrentes do aquecimento global (efeito estufa) já são uma realidade e o nosso planeta vem sofrendo todas as conseqüências.

O volume de chuva que caiu sobre o estado foi atípico e fatores como construções em lugares de risco e desmatamento contribuíram para a tragédia.

A mídia não pára de falar nas previsões negativas para as próximas décadas e da necessidade de mudanças imediatas em nossos hábitos e modo de viver.

Ninguém está pedindo para que se largue tudo e voltemos a morar em cavernas. Só estamos pedindo respeito - para com os animais, com os rios, lagos e mares, respeito com as plantas e as árvores, respeito entre nós, enfim respeito por esse planeta azul que nos tem dado de tudo, desde o alimento ao ar que respiramos.

Que bom seria se cada um fizesse sua parte: economia de água, de energia. Se cada um de nós usasse combustíveis alternativos, controlasse a poluição e desmatamentos, reciclasse, plantasse árvores, não jogasse lixo em qualquer lugar. “Que bom seria!”