Escritor, fotógrafo e filantropo, Granella prefere não ter sonhos

20 de Agosto de 2025

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Escritor, fotógrafo e filantropo, Granella prefere não ter sonhos
Há 20 anos ele trabalha na Polícia Científica de Fernandópolis. Nas horas vagas, ele se dedica à sua grande paixão: escrever livros. Ao todo foram nove, escritos por Wilson José Granella. Primeiro vieram os contos: Totem do Amor (1975) e Um repórter da cidade (1980). Em seguida os contos: O descalço passageiro das estrelas (1984), Um vôo à liberdade (1985). Depois vieram as obras espíritas: Corações no limiar da eternidade (1997), Por favor, ajude-me a ser feliz (2001), As almas da casa grande (2002), O afinador de violinos (2005) e, por último, Sombras Arrependidas, um romance de tragédia, amor e perdão.

O dom para a escrita literária surgiu quando ele ainda estava no grupo escolar da Brasilândia. “A professora sempre levava paisagens e pedia para fizéssemos uma narrativa a partir daquilo que estávamos vendo. Eu gostava daquilo e gostava também, desde aquela época, de participar de encontros e exposições de desenho”, relembrou Granella.

O primeiro livro, Totem do Amor, foi escrito aos 13 anos e lançado aos 18. Logo a arte de fotografar também tomou conta de seu coração. Com uma máquina emprestada de um amigo fotógrafo - José Tanamati – ele passou a registrar alguns momentos importantes, como os desfiles que aconteciam na cidade, chegando até a receber premiações. Tempos depois decidiu montar um estúdio de fotografias, mas por fim acabou optando por dedicar-se apenas à literatura.

Outra grande paixão de Granella é a Associação Filantrópica Henry Pestalozzi. Há 20 anos ele se dedica a crianças e adolescentes carentes, de 7 a 14 anos, que são abrigados dentro do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).

Embora se desdobre para ajudar ao próximo, ele encara seu trabalho como uma pequena contribuição para a humanidade. “Existem pessoas do mundo inteiro que chegam por aqui para realizar grandes missões, fazendo com que através desse trabalho a humanidade possa avançar, quer na arte, quer na ciência. Mas todos nós, os desconhecidos do dia-a-dia também temos as nossas pequenas missões que são edificar a família, crescer moralmente, coletivamente, socialmente, materialmente em busca do seu aperfeiçoamento moral. E eu me encaixo dentro deste contexto. Sou um pequenino com a minha pequena participação”, disse Wilson.

Questionado sobre seu maior sonho, ele alega que isso não existe. “Não tenho um maior sonho. Pode parecer algo estranho porque todos nós somos movidos a sonhos e paixões. Mas em estes forem em excesso e não controlados eles nos arrastam. E é o que acontece com a grande maioria. Então temos que buscar o caminho do meio, o do equilíbrio. Mas se existe algo que tirou de mim ou reduziu em mim esses sonhos, foi o meu trabalho no Instituto de Criminalística, que me faz defrontar com as muitas faces da morte. Eu convivo com enforcados, suicidas, assassinos, mulheres esfaqueadas pelos seus maridos, crimes banais, forjados que parece coisa de cinema, mas temos na nossa região. E foi a partir de um desses crimes bárbaros que passei a escrever meu último livro. Claro que, mesmo não tendo sonhos, não desisto das coisas facilmente”, disse Wilson.

A prova de que não desiste dos seus sonhos, ou melhor, projetos, é o seu livro que será lançado na próxima semana. Granella esperou 17 anos para concluir o romance que saiu das páginas da vida real para um livro de 420 páginas, escrito a dedos, pelo escritor fernandopolense que está completando 20 anos como Fotógrafo Pericial do Núcleo do Instituto de Criminalística da Superintendência da Polícia Técnico-Científica.