Os caçadores dos empregos perdidos

20 de Agosto de 2025

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Os caçadores dos empregos perdidos
O advogado e empresário Neoclair José Morales fará parte do “triunvirato” escalado pelo prefeito eleito, Luiz Vilar de Siqueira, para comandar a pasta do Desenvolvimento Sustentável. Experiente, Neoclair, que já comandou a ACIF, fez carreira no Banespa e é comerciante estabelecido em Fernandópolis, sabe que os desafios são enormes.

Aos 47 anos, casado com Carmem, pai de Mateus e João Vitor, esse paulistano que não gosta da agitação da capital e garante ter escolhido Fernandópolis “por opção de vida”, se prepara para criar, ao lado de Luis Antonio Arakaki e Valdir Erédia Fancio, os mecanismos que permitirão o crescimento do parque industrial e a conseqüente geração de empregos.

Nesta entrevista, Neoclair fala um pouco dos planos que tem para a importante pasta da administração.

CIDADÃO: A pasta do Desenvolvimento Sustentável é tida como fundamental para Fernandópolis. Como você encara essa responsabilidade?
NEOCLAIR: Não tenho medo de afirmar que a questão do desenvolvimento sustentável – principalmente a geração de empregos – é o maior desafio da administração Vilar. É também para a maioria dos municípios similares a Fernandópolis. Evidentemente, temos idéias, e há uma inovação, já que a pasta será tocada a seis mãos, que a meu ver é positiva, particularmente porque, na breve experiência que tive na gestão de Rui Okuma, vi que o desafio de implementar e viabilizar uma política de desenvolvimento no município é extremamente desafiadora e exige muita dedicação, na busca dos diferenciais em relação a outros municípios, que têm objetivos semelhantes. Dentro desse contexto, espero que eu, o Valdir e o Luisinho possamos nos manter em sintonia e ter uma ação abrangente, atuando no atacado e no varejo, com ações locais e externas, para que, a médio prazo – e isso é uma realidade, não podemos querer resultados imediatos – a gente consiga ter em Fernandópolis uma estrutura que permita a geração sustentável de empregos.

CIDADÃO: Por que o prefeito eleito, Luiz Vilar, escolheu um “triunvirato” para a pasta?
NEOCLAIR: Quando o prefeito Vilar me procurou, há poucos dias, disse que haveria uma inovação e que a experiência que ele havia tido na gestão do Rui Okuma, fez com que ele pensasse numa estratégia diferente. Creio que um dos aspectos que foi levado em consideração é o de que eu sou micro-empresário, ao contrário do Luisinho Arakaki e do Valdir Erédia, que são empresários ícones nos seus segmentos. Hoje, é quase impossível você abolir suas atividades para se dedicar exclusivamente à função administrativa. Vamos agir ao mesmo tempo em frentes diferentes. Isso ainda não está bem definido, mas na próxima terça-feira nós nos reuniremos para definir quais serão as áreas prioritárias de cada um. No contexto geral, vamos trabalhar e agir juntos, mas certamente nós três teremos algumas prioridades a seguir. E o leitor sabe que prioridades não faltam nesse setor.

CIDADÃO: A crise econômica mundial deverá afetar a ação da pasta?
NEOCLAIR: Não há dúvida de que vai atrapalhar, isso é líquido e certo. A minha expectativa é de que nós consigamos, através de algumas idéias que já esboçamos, a criação na diretoria de um setor que seja o “facilitador”: queremos aproximar o negócio, a oportunidade enfim, do investidor. Em Fernandópolis e região, há muitas pessoas com capacidade de investimento, mas muitas não têm tempo para se dedicar ao negócio, á busca de novos negócios, em função de seus múltiplos compromissos diários. Creio que isso poderá amenizar o processo, mas não há dúvida de que a crise mundial dificultará as coisas. Particularmente, penso que a busca desse novo empresário “além-fronteiras de Fernandópolis” poderá minimizar esses efeitos, potencializando as ações locais. Sabemos que existem em Fernandópolis com capacidade de investimento e de atuar em áreas inovadoras, mas que por uma série de fatores, não têm as informações para agir. Numa linguagem popular, queremos entregar tudo “mastigado” para o empresário, e dizer: “Tá tudo aqui, agora é com você”. É um trabalho de prospecção que requer tempo, dedicação e envolvimento. O dinheiro que está aplicado no banco não gera empregos, queremos aplicadores no nosso parque industrial e comercial. Sempre vou a feiras das mais diferentes vertentes, e lá identifico negócios interessantes, compatíveis com a nossa realidade. É evidente que, se nós conseguirmos re-enquadrar Fernandópolis nos trilhos de um relativo desenvolvimento, com mais união e convergência, abriremos perspectivas para novos investimentos. Aquilo que Fernandópolis hoje pode oferecer para o empresário, muitos outros municípios de São Paulo e do Brasil oferecem. Quando trabalhei na administração do Rui, pude constatar que às vezes você convence o empresário de que será bom para ele e para o seu negócio ir para o interior, mas nem sempre a cidade acaba sendo contemplada. Temos que dispor de uma estrutura interna, coisa que, posso garantir, a cidade hoje não tem. Hoje, Fernandópolis não tem o que oferecer nem para o empresário local, quanto mais para o empresário de fora. Teremos que criar essa realidade. Para se ter uma idéia, não há áreas dignas de serem oferecidas aos empresários. Como posso oferecer ao empresário de pequeno porte que tem potencial – e esse talvez seja o caminho das pedras, porque o pequeno que tem um negócio próspero, com perspectivas futuras, diferentemente de segmentos cujo futuro é temerário – um espaço que não coaduna com suas necessidades? Um empresário de Rio Preto me disse uma vez que queria uma área em Fernandópolis totalmente plana, “para que eu não precise enterrar milhões debaixo da terra”. Se olharmos as áreas disponíveis, elas não têm essas características. Temos que ser criativos e buscar alternativas para, ao oferecer terrenos a empresários, fazer com que tenham o mínimo de condições adequadas para se construir. Os desafios são muitos, e nós teremos que ser extremamente criativos.

CIDADÃO: Existem metas definidas, em termos numéricos, de geração de empregos?
NEOCLAIR: Na reunião de terça-feira, definiremos ações que julgamos importantes para a administração de Fernandópolis. Tenho convicção de que, já na primeira semana de dezembro, teremos condições de responder certas perguntas, assim como essa. O fato é que precisamos deixar de ser exportadores de mão-de-obra e, conseqüentemente, exportadores de talentos; isso porque o ideal é reter os nossos e atrair outros talentos.

CIDADÃO: Será que o sucesso de vocês não seria facilitado se houvesse uma presença mais eficaz e presencial dos deputados – estaduais e federais – que são votados em Fernandópolis? Atualmente, a atuação dos deputados parece se restringir à conquista de verbas de R$ 100 mil aqui, R$ 200 mil ali...Veja que Votuporanga tem o “seu” deputado.
NEOCLAIR: Sempre bati na seguinte tecla: o político tem participação importante no contexto da facilitação da conquista de certas coisas. Agora, o que poucos fazem é levar ao partido, independentemente da sua esfera de atuação e de seu partido político, os projetos – que sejam factíveis e que tenham resolutividade. É isso que o político quer. A grande dificuldade que senti quando era presidente da ACIF era conseguir estruturar projetos que, ao mesmo tempo, atendam aos interesses da comunidade e gerem dividendos políticos para o parlamentar que o apoiou. Nossa diretoria tentará compatibilizar as nossas ações com a demonstração, aos técnicos que avaliam esses projetos, da sua viabilidade e de sua repercussão política. Não é uma ação fácil, mas há exemplos de municípios brasileiros que têm conseguido bons resultados nesse sentido.

CIDADÃO: Você está otimista ou com a pulga atrás da orelha?
NEOCLAIR: Estou otimista! Gosto de Fernandópolis, não estou aqui por falta de opção, e sim porque optei por morar aqui, foi uma escolha de vida feita há dez anos. Acredito muitona nossa cidade e na nossa gente. Espero contribuir para que haja maior integração e que os fernandopolenses acreditem mais no município. Não tenho qualquer dúvida de que, ao final dos primeiros quatro anos da administração de “seu” Luis, nós teremos uma cidade muito melhor, sob todos os aspectos. Se acontecerem as coisas que planejamos, conseguiremos re-inserir Fernandópolis num quadro de liderança regional, resgatando a valorização e a auto-estima, que anda em baixa. Disposição não faltará.