Dono de um coração que não cabe no peito

20 de Agosto de 2025

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Dono de um coração que não cabe no peito
Ele é um herói. É o que dizem os alunos da APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) sobre o presidente Antonio Luís Aiélo. Entre os fãs que demonstram maior admiração e amor, está a jovem Maria Terhorst ou Mariazinha, como é conhecida. Através de várias cartinhas, Mariazinha demonstra o grande amor que sente por Aiélo. Entre os documentos da carteira está uma de suas cartas, que diz: “Por favor, me leva na TV Tem, eu queria falar uma coisa pra você, que você é o melhor presidente do mundo. Eu quero tirar uma foto com você e eu quero mandar um beijo para minha família. Eu queria ser artista de desenho. Eu fiz um caderno de desenho e fiz sozinha. Queria ser cantora do programa Raul Gil na Band. Eu quero dançar e cantar como dancei para tirar uma foto para você. Com carinho, Maria Terhorst”.

Simples gestos como esse fazem com que Aiélo e tantos outros voluntários que trabalham na APAE se doem em prol dessas crianças tão especiais. O amor pela APAE surgiu há cerca de 15 anos, quando foi convidado pelo amigo Antônio Augusto Parmegiane para trabalhar, durante a Expô, no restaurante da associação. Tempos depois ele foi convidado pelo mesmo amigo para fazer parte do Rotary 22 de Maio e, um ano depois, através de um convite de Antônio Ribeiro, entrou para a diretoria da APAE como diretor financeiro. Após duas gestões no cargo, passou a presidente, depois a vice e, novamente, está na presidência da entidade.

Para ver Aiélo se comover basta perguntar sobre o trabalho da APAE. Alguns segundos são suficientes para ver as lágrimas correrem de seus olhos. “A coisa mais importante para mim é ver o sorriso estampado no rosto dessas crianças tão especiais, mais especiais que a gente. Elas não têm maldade. O que a gente procura fazer na APAE é dar melhor qualidade de vida a elas, pois 90% são de classe baixa. Neste ano tive uma grande alegria, pois tivemos o privilégio de dar às crianças, por três vezes na semana, frutas na hora do almoço e café da tarde. É uma alegria poder dar frutas àquelas crianças, as mesmas frutas que minhas filhas comem em casa. Esse era o meu sonho: poder vê-las comer aquilo que eu como em casa. E isso é muito difícil, pois é muito caro e a verba que a entidade recebe é pequena”, desabafou, entre lágrimas, o presidente da APAE.

Embora Aiélo nunca tenha passado por necessidades na vida, teve que trabalhar muito para chegar aonde chegou. Seu primeiro emprego foi de jornaleiro. Levantava às 5h30 e às 6h já estava nas ruas. Às 8h, quando já havia terminado a entrega dos jornais, ia trabalhar na casa de carne do pai e, à noite, era a vez de ir à escola.

O segundo emprego – cobrador da Farmácia Liberdade - não exigia que levantasse tão cedo, mas também tinha que andar muito para ganhar uns trocados no final do mês. Depois de seis meses como cobrador, recebeu uma proposta para dar aulas de judô nas cidades vizinhas de Valentim Gentil e Paranapuã. Por praticar o esporte desde os sete anos de idade e ser faixa marrom, aceitou a oferta.

Tempos depois prestou uma prova para trabalhar na inspeção federal do frigorífico Vale do Rio Grande, passou e permaneceu na empresa por cinco anos. Até que assumiu o cargo de fiscal da Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto, depois subiu de cargo, para agente fiscal, e por último gerente regional.

Em 2005, Aiélo foi convidado pelo então prefeito Rui Okuma – amigo de infância – a assumir o cargo de chefe de gabinete. “A família do Rui era como se fosse a minha, éramos muito amigos. Ele queria uma pessoa de confiança ao lado dele na prefeitura, então me chamou. Eu tinha toda liberdade de trabalhar e, às vezes, até falar em seu nome. Foi uma experiência diferente e muito boa, pena que ele se foi. Aliás, as pessoas boas nunca ficam aqui por muito tempo, vão mais cedo morar com Deus”, disse.

Depois que Okuma faleceu, Aiélo permaneceu por mais dois meses no cargo e voltou para a Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto, onde permanece até hoje. Ao todo, 21 anos de trabalho.

Embora Aiélo tenha uma vida um tanto quanto agitada, sempre tem um tempo reservado para suas três mulheres: a esposa e as duas filhas, que, segundo ele, são os seus maiores tesouros. “Sou casado há 15 anos, tenho duas filhas maravilhosas. Minha esposa é a coisa mais linda que tem em Fernandópolis, ela me cativou pelos seus olhos verdes. Essas três mulheres são os meus maiores tesouros. Eu também sou muito feliz por ter duas famílias, que são: meu pai e minha mãe e a família do meu sogro. Ele é um verdadeiro pai para mim, sempre me aconselho com ele. Temos um relacionamento muito bom. Todo dia almoçamos em sua casa. Quando minha sogra adoeceu devido ao câncer, antes de falecer, pediu à família que nunca se separasse. Depois de sua morte, meu sogro mudou-se para o mesmo prédio em que já morava parte da família. Então passamos a almoçar juntos todos os dias. Quando chegam todos de uma só vez quase não cabe na mesa. E o melhor de tudo é que ainda economiza, pois o sogro banca tudo”, concluiu Aiélo, descontraidamente.