Uma pesquisa para um arranjo produtivo com objetivo de incrementar ainda mais o desenvolvimento das uvas da região de Jales está sendo realizada com recursos do Governo federal através dos ministérios de Ciência e Tecnologia e da Agricultura.
Foi o que informou o professor doutor Dario de Oliveira Filho, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul que falou sobre o assunto na I Semana Acadêmica do Curso de Tecnologia em Agronegócio da FATEC de Jales. O governo, segundo ele, está muito interessado em desenvolver a fruticultura no país, inclusive para exportação.
Ele explicou ao Jornal de Jales que foi orientador de professores da FATEC de Jales no curso de mestrado feito na UFMS, o que acabou resultando nesse trabalho de pesquisa que começou há um ano e meio e deverá terminar em julho de 2009 quando será apresentado um relatório final aos dois ministérios.
Dario disse que diversos professores daquela universidade também estão envolvidos, junto com os da FATEC e da Escola Técnica de Jales, além de alunos de mestrado e de graduação dos cursos de Economia, Administração e Agronomia.
Desde o início da pesquisa já foi possível apresentar alguns resultados, como um levantamento para comparação dos custos de produção em Jales e Petrolina PE que é o maior produtor de uvas de mesa do país. Esses estudos mostraram que, ao contrário do que muitos viticultores da região imaginavam, a uva de Jales é bastante competitiva, pois a lucratividade daqui é maior.
Ficou constatada ainda a necessidade de uma linha de crédito junto ao PRONAF Programa Nacional de Agricultura Familiar, que não pode ser genérica como é atualmente, mas voltada especificamente para a uva, que tem custos de produção muito elevados, em comparação com outras culturas.
Dario explicou que essa linha de crédito especial pode não implicar, necessariamente, na redução dos juros, mas sim no aumento do valor financiado e do prazo para pagamento para que o viticultor possa cultivar sua uva em uma área maior. O aumento do prazo para pagamento se justifica, segundo ele, pelo fato da uva ter um período de retorno de cinco anos.
Os resultados desse trabalho deverão ser apresentados em abril ou maio durante um seminário para todos os interessados quando também serão discutidos os seus possíveis encaminhamentos, como informou Dario.
O PROFISSIONAL DO AGRONEGÓCIO
Outro tema discutido na Semana Acadêmica da FATEC foi a situação atual dos profissionais do agronegócio no Brasil que têm uma perspectiva muito favorável, desde que estejam preparados, como afirmou o professor doutor Renato Luiz Sproesser, também da UFMS.
Ele lembrou que a pesquisa mais recente, feita em 2005 junto aos empresários, definiu claramente o perfil desejado desses profissionais. E para surpresa de alguns, ficou claro que não são os conhecimentos técnicos os atributos mais favoráveis para a contratação e sim seu comportamento ético, seguido do seu poder de comunicação e expressão.
Na sua avaliação, a FATEC acertou em cheio ao iniciar suas atividades em Jales com o Curso de Tecnologia em Agronegócio, pois a região, segundo ele, é favorável, pelo fato de existir um conjunto de empresas nessa área bastante significativo.
A AGRICULTURA E A CRISE
O nível de desemprego no país, de 7,5%, divulgado pelo IBGE na última quarta-feira, dia 19, é um dos menores dos últimos anos, o que mostra que a crise mundial continua atingindo mais os Estados Unidos e países da Europa. A avaliação é do professor mestre Ricardo José Senna que falou sobre a conjuntura econômica brasileira e mundial e a perspectiva para o Brasil.
Ele disse que a agricultura pode ser atingida pela crise, principalmente com a redução do crédito para os agricultores. Isso, no entanto, não deverá ser problema, se depender do governo brasileiro que já liberou recursos para a safra de 2008/2009 que deverá ser recorde, segundo as previsões do próprio governo.
O que acontece, segundo ele, é que as grandes empresas multinacionais que geralmente antecipam o financiamento da safra, tiveram problema de crédito e estão reduzindo o volume de recursos. Mas os agricultores que não dependem desse sistema de financiamento não deverão ter dificuldades, a não ser pela queda dos preços de alguns produtos, como soja e milho, no mercado internacional.
Isso mostra que a situação do país é bem melhor do que era no passado, quando qualquer crise atingia a economia brasileira de forma bastante significativa, como observou Ricardo. Ele acredita que a crise, na verdade, já passou e desta vez, o Brasil não foi junto com os outros países, embora deva sofrer um pouco com a desaceleração da economia.