Denúncias de compra de votos envolvem prefeito eleito

20 de Agosto de 2025

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Denúncias de compra de votos envolvem prefeito eleito
C.S.N. e seu marido vivem e trabalham em Fernandópolis. No dia 22 de dezembro de 2007, C.S.N. emitiu um cheque no valor de R$ 368,27 em favor do Supermercado Pessotto da Avenida Líbero de Almeida Silvares. O cheque, porém, não tinha o devido provimento de fundos.

Como é de praxe no comércio, o cheque, após tentativas infrutíferas de recebimento, foi protestado em junho deste ano, num dos cartórios da cidade. Sem recursos para resgatá-lo, C.S.N. passou a conviver com o espectro de ter o próprio nome no SCPC.

Eis que, no dia 1º de outubro, a “solução” chegou, travestida na figura de um certo Ademir, dado como cobrador do supermercado. Esse Ademir teria dito ao casal, de acordo com o depoimento de C.S.N., que se eles votassem em Luiz Vilar, candidato a prefeito de Fernandópolis, o cheque seria retirado do protesto, e a empresa forneceria uma carta de anuência – documento onde o credor afirma ter recebido o que lhe era devido e que autoriza o cartório a cancelar o protesto.

Segundo C.S.N., Ademir lhe pediu os números dos títulos eleitorais – dela e do marido. No dia 4 de outubro, ela foi ao supermercado procurar Ademir. Este não estava, mas ela encontrou uma funcionária que lhe perguntou se “o assunto a tratar era sobre cheque”.

Diante da resposta afirmativa, a funcionária teria confirmado as palavras de Ademir e ainda acrescentado que, se Vilar ganhasse a eleição – que aconteceria no dia seguinte – o cheque lhe seria devolvido. Com efeito, no dia 6 de outubro – um dia após a vitória de Vilar – Ademir lhe entregou a carta de anuência.


GRAVAÇÃO
Em seu depoimento na Polícia Federal, C.S.N. afirmou que teria gravado essa conversa com a funcionária. E por que a Polícia Federal? C.S.N. explicou que, por causa da greve da Polícia Civil, ela não conseguiu lavrar um boletim de ocorrência registrando a alegada tentativa de compra de votos. Foi orientada a recorrer à Polícia Federal de Jales.

Assim, no dia 23 de outubro, C.S.N. compareceu à sede da Federal em Jales, onde foi ouvida pelo agente Daniel. Na semana passada, o delegado federal Vinicius Faria Zangirolani encaminhou ao juiz eleitoral de Fernandópolis, Heitor Miúra, a “denúncia de crime eleitoral em anexo, para conhecimento e adoção das medidas que Vossa Excelência entender cabíveis”.

O juiz abriu vistas ao Ministério Público, e o promotor da Justiça Eleitoral requereu abertura de inquérito. Foi assim que, na última quinta-feira, C.S.N. compareceu à Delegacia Seccional de Polícia de Fernandópolis, onde depôs, a portas fechadas, ao delegado Diomar Pedro Durval. Ainda não se sabe o teor desse depoimento.

Novas denúncias – feitas à Polícia Federal no curso das últimas semanas – chegaram ou devem chegar à Justiça Eleitoral, a quem competirá julgar responsabilidades. Como as acusações feitas por M.I.L. e E.S., moradoras da periferia de Fernandópolis, lançadas no boletim 021/08, no dia 9 de novembro – um festival de acusações de ofertas de dinheiro, cestas básicas, carne para churrasco e até cadeira de rodas.