Quando a Unimed foi fundada em Fernandópolis, há 25 anos, o oftalmologista Jarbas Alves Teixeira estava entre os fundadores. Nos fundos da casa do médico Theodósio Dério Semeghini, iniciou-se a pequena cooperativa. O primeiro item adquirido foi um telefone, comprado com muito sacrifício e rateado entre todos os sócios fundadores. À medida que a Unimed se expandia, mudava-se de prédio, mas sempre alugados. Entre risos, Jarbas comenta que quando a primeira sede própria foi criada, quatro salas foram construídas com estrutura para ampliar, caso desse certo.
Embora nossa sede tivesse apenas quatro salas, nós tínhamos mais espaço para ampliar. E sempre dizíamos: se crescer, já temos estrutura para ampliar. Em nossos sonhos mais audaciosos não imaginávamos chegar aonde chegamos, disse Teixeira.
Com o passar dos anos, Jarbas - que tinha a função de superintendente - passou a assumir a presidência da Unimed, após o adoecimento dos médicos Theodósio Dério Semeghini e Paulo Sano. Alguns dizem que Jarbas foi a bola da vez, mas impetuosamente ele disse: amo tudo isso e estou aqui porque quero.
Treze anos já se passaram desde o dia em que ele assumiu a presidência. Seu tempo é dividido entre a cooperativa, o consultório onde atende como oftalmologista e a família. Mas também já assumiu outros postos, entre eles, o de diretor da Santa Casa de Fernandópolis, diretor de saúde do município, presidente do ERSA (Escritório Regional de Saúde), entre outros.
Apesar do temperamento fleumático, Jarbas adverte: sei a hora de virar a mesa e nessa hora eu me modifico. Gosto das coisas corretas e, às vezes, é preciso tomar atitudes mais drásticas. Com a Federação foi assim; mas só faço isso porque a gente tem que andar corretamente na vida, isso é muito importante. Mas graças a Deus, sempre fui compreendido e atendido.
Com os funcionários da Unimed é da mesma forma, as coisas têm que caminhar de forma correta e quando sai fora dos trilhos, a visita à sala do presidente é certa. Mas quando eu percebo que exagerei, chamo o funcionário e peço desculpas. Não tenho vergonha de dizer que errei, julguei ou fui severo demais. Então quando chamo alguém para vir até minha sala e não é nada demais, já mando avisar que pode vir sossegado que não é nada, disse Jarbas descontraidamente.
Quem olha para aquele homenzarrão de sobrancelhas largas e timbre vocal grave - que impõe respeito - não imagina a singeleza e doçura que o adornam. Eu pareço ser bravo, mas não sou, tenho um coração mole, mole. Não consigo ver as pessoas precisando de ajuda e não fazer nada, desabafou Teixeira.
Seu hobby é estar em contato com a água. Na praia, vai ao mar e só volta depois de, aproximadamente, uma hora e meia. Eu gosto de ficar dentro d´água. Sou daquelas pessoas que quando vão à praia demoram um tempão pra voltar. Gosto também de pescar, mas sou um pescador diferente, quando vou pescar vou para bater papo. Entro no barco, sento no meio com um caixa de isopor cheia de latinhas de cerveja e enquanto a turma pesca eu os sirvo, sou o maitre do barco. Meus amigos me tratam tão bem que digo: vocês vão me deixar mal acostumado, disse Jarbas.
Outra grande paixão do médico é o judô. Ele foi um dos fundadores da modalidade na cidade. Com orgulho, diz que há uma sala na sede do judô com o seu nome e que todas as vezes que seu neto vai ao treino diz: olha lá o vovô. São gestos simples, como este, que nos marcam, comenta.
Olhando para o passado, Jarbas diz não saber se hoje teria tanta confiança para investir nos sonhos em que acreditou, em relação à Unimed. Mas confessa que, às vezes, sente vontade de alçar vôos ainda maiores e construir um hospital. Estive desde o início à frente da Unimed, a cada passo a gente foi sentindo as mudanças. Mais que isso só se a gente construísse um hospital e isso passa de vez em quando pela cabeça da gente. Jarbas se diz uma pessoa totalmente realizada. Tem uma esposa e quatro filhos maravilhosos - sendo três do primeiro casamento e netos. Sou uma pessoa totalmente realizada. Ao 64 anos estou em paz com minha consciência porque não sei guardar mágoa ou raiva. Não dá mais para ficar de biquinho para lá e para cá. Hoje eu quero é continuar do jeito que eu estou. Trabalhar na Unimed e no meu consultório até quando der, porque ficar em casa não dá, só serve para atrapalhar a empregada e a mulher, conclui, em meio a risos, o presidente da Unimed.