Luis Antonio Arakaki é diretor do Grupo Arakaki, um dos maiores conglomerados empresariais do Noroeste Paulista. Vice-presidente da ACIF - Associação Comercial de Fernandópolis e da UDOP União dos Produtores de Bioenergia -, durante esta semana presidiu o 2º Congresso de Agroenergia de Fernandópolis e região, no qual também foi um dos palestrantes. O atarefado empresário ainda consegue tempo para exercer a função de presidente do Centro Social de Menores da cidade.
Apaixonado por tecnologia e motocicletas, nosso entrevistado tem um estilo de vida arrojado e divide seu tempo entre reuniões por todos os cantos do país e na administração das empresas do grupo, que atua, entre vários outros segmentos, no do etanol, que é o produto mais cobiçado atualmente por todos os países do mundo.
Luisinho Arakaki, como é popularmente conhecido, é um empresário de visão futurista e tem como meta transformar Fernandópolis em um centro de excelência em agroenergia. Veja abaixo o que ele tem a dizer sobre isso.
CIDADÃO: Esta semana aconteceu em Fernandópolis o 2º Congresso de Agroenergia. Qual é a importância desse evento para o município?
LUISINHO: Fernandópolis e região já têm grande parte da sua economia girando em torno da agroenergia. Então, nada melhor do que um congresso para que os jovens fernandopolenses tomem consciência dessa grande participação dos negócios na economia regional e venha se informar sobre esta nova alternativa de emprego e de sustentabilidade para as gerações futuras.
CIDADÃO: Sua palestra no congresso teve como tema Centro de Excelência em Agroenergia de Fernandópolis. Em linhas gerais, o que na prática vem a ser isso?
LUISINHO: Alguns centros de excelência já estão estabelecidos dentro do estado de São Paulo e dentro do Brasil. Quando falamos de São Paulo, nós já temos algumas regiões tradicionais como Ribeirão Preto, Piracicaba, Sertãozinho e também mais próximo da gente, alguns centros mais novos, onde a cana se expandiu nesses últimos anos, que seria na área de Catanduva e ultimamente Araçatuba. Nesses centros que eu citei, o que a gente percebe é existe espaço para a criação de mais um centro aqui em Fernandópolis, que seria a última fronteira de crescimento do setor no estado de São Paulo. Dessa forma, o tema da minha palestra é que Fernandópolis possa aproveitar e ser mais um centro de excelência em agroenergia porque estamos bem localizados e temos uma logística e uma infra-estrutura já acontecendo em nossa cidade. Na prática é isso que temos que fazer, ou seja, aproveitar a oportunidade para criar mais um centro aqui em nossa cidade.
CIDADÃO: Você comentou que o seu pai chegou a Fernandópolis com uma caixa de ferramentas e um sonho e que gostaria que esta história se repetisse. Explique isso melhor.
LUISINHO: Eu sempre digo que nós precisamos trazer novas empresas para a cidade, voltadas para a criação desse centro de agroenergia. Mas sabemos também que existe um custo para o próprio município para fomentar a vinda de novas empresas aqui para Fernandópolis ou para qualquer cidade que faça esse tipo de ação. Nós sabemos também que a vinda de grandes empresas é mais difícil. Não que a gente não queira que isso aconteça, mas nós sabemos também do custo de implantação de uma grande empresa, o município tem que arcar com uma despesa muito grande. Então a idéia é como teve a história do próprio Grupo Arakaki, quando o meu pai (Kosuke Arakaki) chegou aqui em nossa cidade em 1952 com uma caixinha de ferramentas e uma malinha de roupa, nesse sentido nós pensamos também que algumas pessoas que hoje estão em algumas empresas desses centros tradicionais onde as oportunidades são muito mais difíceis, existem empresas atuando fortemente no mercado. Mas que nessas empresas exista talvez uma pessoa que é um subgerente ou um encarregado e que tem capacidade de empreendedorismo e que não tem oportunidade de colocar a sua empresa nesses locais que já estão muito bem atendidos. Então a idéia é que essas pessoas venham para a nossa cidade, vamos dizer assim, replicando uma história feita pelo meu pai há muito tempo atrás, com empreendedorismo, e a cidade acolher e dar um apoio para que aproveite essa grande quantidade de usinas que estão próximas da gente e que atualmente não estão sendo bem servidas. Então é uma oportunidade para que essas pessoas possam começar sua história e que daqui a vinte anos eles possam contar uma história como nós constamos do Grupo Arakaki, da história de vida do meu pai e do meu tio (Riromassa Arakaki).
CIDADÃO: Quais são os fatores que fazem com que Fernandópolis possa ser um centro de agroenergia?
Nós temos aqui em Fernandópolis algumas coisas positivas acontecendo. E algumas coisas que por questão de logística a cidade é muito bem servida, como por exemplo, a Rodovia Euclides da Cunha, que é um dos eixos principais eixos de escoamento de matéria-prima para chegar aos grandes centros, a ferrovia e a ponte rodoferroviária, que também passa em nosso município, além de que temos aqui as artérias das rodovias indo para Minas Gerais e Mato Grosso. Temos também o poliduto da Brenco que passará em Fernandópolis e que terá aqui um ponto de abastecimento e outras ações, como por exemplo, a chegada da Ford Caminho e da revenda star class, que é a top de linha entre as revendas de caminhões Mercedes-Benz e também os cursos de Agronomia, Medicina Veterinária e Administração de Empresas da Unicastelo, o Sucroalcooleiro da FEF, o curso técnico de Açúcar e Álcool do Centro Paula Souza, além dos que estão chegando na própria ETEC, que é o de Operação e Manutenção de Máquinas e Equipamentos Pesados, que terá a participação e o apoio de fábricas de caminhões e tratores. Então isso tudo vem somar para que Fernandópolis tenha um diferencial em relação às outras cidades na questão do centro de excelência em agroenergia.
CIDADÃO: O mote do 2º Congresso de Agroenergia foi Os novos rumos da sustentabilidade. Qual é a sua opinião sobre os investimentos nessa direção?
LUISINHO: Hoje em dia não se pode falar em mais nenhum tipo de investimento que não seja sustentável, principalmente na agricultura. Vide exemplo do próprio etanol que está sendo produzido pelo Brasil e que deve entrar em grande escala para exportação, hoje existe uma exigência muito grande na Europa e nos EUA, ou seja, no mundo, em relação à sustentabilidade dos produtos que são exportados para estes países. A minha opinião é que não podemos pensar hoje em agricultura sem sustentabilidade, sem ser ecologicamente correto e socialmente responsável. Isso é uma exigência fundamental para quem quer participar do mercado mundial. Fernandópolis, representada pela Alcoeste, conseguiu realizar embarques de álcool para a Europa e para isso teve que ter uma qualificação e uma certificação de sustentabilidade.
CIDADÃO: Afinal, o cultivo de cana-de-açúcar, no futuro, vai cortar ou gerar empregos?
LUISINHO: Além de gerar, eu posso dizer que não vai cortar, mas re-qualificar os empregos. Isso é o que é mais importante. É necessário re-qualificar o pessoal de mão-de-obra mais braçal e gerar empregos. Então é importante que as pessoas se qualifiquem e se re-qualifiquem para as novas tecnologias que estão chegando. Eu sempre digo que emprego não falta, mas sim pessoas qualificadas para os empregos. É lógico que aquele que parar no tempo e não se atualizar vai ficar em uma situação de não- empregabilidade e isso não é só para o setor de agroenergia, isso vale para toda a economia brasileira e mundial.
CIDADÃO: Você disse que é na crise que estão as grandes oportunidades. Por que?
LUISINHO: Isso é um ditado chinês. O mesmo ideograma, que também é utilizado pelos japoneses, onde se escreve crise, é o mesmo ideograma que se usa para falar sobre oportunidade. Muitas pessoas, na época de crise, ficam se lamentando dos problemas e outras pessoas aproveitam os tempos de crise para procurar grandes oportunidades que sempre estão aparecendo nesses momentos. Então cabe a cada um de nós focarmos na parte de oportunidade que com certeza vencerão mais rapidamente os tempos difíceis.