O procurador-geral da União Jefferson Carus Guedes anunciou esta semana a criação de uma força-tarefa para propor ações civis públicas de combate à corrupção e à improbidade administrativa. A força-tarefa, que começará a atuar em 2009, adotará medidas judiciais em todo o território nacional. Na opinião de Guedes, o acompanhamento e a supervisão permanentes da conduta dos administradores públicos é uma forma essencial de controlar a corrupção. Deverá ser permanente e intensificada.
Os efeitos da corrupção são perceptíveis na carência de verbas para obras públicas e para a manutenção dos serviços, o que dificulta a circulação de recursos e a geração de empregos e riquezas. Os corruptos drenam os recursos da comunidade, já que costumam aplicar o grosso do dinheiro desviado longe dos locais dos delitos para se esconderem da fiscalização da Justiça e dos olhos da população.
A corrupção afeta a qualidade da educação e da assistência aos estudantes, uma vez que os desvios subtraem recursos da merenda e do material escolar, subtraem a motivação dos professores, prejudicam o desenvolvimento intelectual e cultural das crianças e as condenam a uma vida com menos perspectivas de futuro.
O fenômeno corrupção, endêmico no Brasil, também subtrai verbas da saúde, comprometendo diretamente o bem-estar dos cidadãos. Impede as pessoas de ter acesso ao tratamento de doenças que poderiam ser facilmente curadas, encurtando as suas vidas.
O desvio de recursos públicos condena a nação ao subdesenvolvimento econômico crônico.
Para o advogado Jorge Aidar, de Fernandópolis, a medida é um complemento de defesa da legalidade, mas ainda é cedo para dizer se vai funcionar. De todo modo, é mais um aperto do governo contra os corruptos.
Aos 77 anos, Aidar garante que nunca viu tanta corrupção mesmo na vigência da Lei de Responsabilidade Fiscal. Parece que o administrador, no Brasil, tem uma espécie de compulsão pelo ilícito. E é bom lembrar que corrupção não se faz sozinho é preciso haver cúmplices.
José Horácio de Andrade, 50, também é advogado. Como Aidar, ele foi vereador em Fernandópolis, destacando-se por sua luta contra a improbidade. Para Andrade, a princípio, como toda ferramenta anticorrupção, a força-tarefa é bem-vinda. Temos que analisar seu funcionamento técnico, para que não vire um condutor de corrupção.
Andrade acha que é preciso ter cuidado para não sacramentar a corrupção: Os corruptos são notórios manipuladores. Isso só será evitado se houver a efetiva participação e acompanhamento da sociedade organizada imprensa, sindicatos, igrejas, associações de bairros, Ministério Público e OAB, entre outros, analisou.