O Tribunal do Júri da Comarca de Fernandópolis condenou nesta quinta-feira o médico Luiz Henrique Semeghini, de 50 anos de idade, a 16 anos e 4 meses de reclusão. O médico é acusado de matar a tiros sua mulher, Simone Maldonado Semeghini, no dia 15 de outubro de 2000.
O júri, composto por quatro mulheres e três homens, não acolheu a tese do homicídio privilegiado sustentado pela defesa, reconhecendo a qualificadora de ação que impediu ou dificultou a defesa da vítima.
Na sentença, o juiz Vinicius Castrequini Buffulin considerou falaciosa a insinuação da testemunha Nilton Paulo Lima, de que Simone poderia ter um amante. Lima, de 72 anos, disse que em 1999 trabalhava em uma empresa, onde teria ouvido os comentários de trabalhadores braçais, segundo os quais a esposa do médico o traía com um comerciante.
Ralph Maldonado, irmão da vítima, foi a primeira testemunha ouvida. Ele almoçou na véspera do crime com o cunhado no Shopping Center de São José do Rio Preto. Depois, falou Ana Carolina, 20, filha do réu. A jovem afirmou que o pai é uma pessoa maravilhosa e que cuida bem dos filhos.
O RÉU
Em seu depoimento, o médico afirmou que, naquele dia, morreram duas pessoas: a Simone e eu. Luiz Henrique disse que teve um curto-circuito na memória e que não se lembra bem de alguns dos fatos do dia fatídico. Disse que, ao chegarem do Baile do Havaí, sentou-se alguns minutos na sala e depois foi para o quarto, onde tentou acariciar Simone. Esta o teria repelido, e o casal começou a brigar. A esposa, segundo o médico, o teria agredido.
Atuaram na acusação o promotor de Justiça Fernando César de Paula e os advogados Márcio Thomaz Bastos e Luiz Fernando Pacheco. A defesa coube ao advogado João dos Santos Gomes Filho.
O advogado de defesa, que é fernandopolense e atua em Londrina, tentou afastar a pecha de monstro que, segundo ele, se criara em torno do médico. Até o dia da tragédia, Luiz Henrique, então com 42 anos de idade, jamais tivera uma única ocorrência policial, um único processo ou inquérito contra si, narrou.
O julgamento, que começou às 9h, só terminou por volta das 17h, quando as cerca de 150 pessoas que lotaram a sala do júri ouviram a leitura da sentença. Não houve manifestações de familiares. Além de Ralph, estavam no tribunal Hélio Maldonado, pai de Simone, e seus irmãos Alberto e Haideé.
A mãe de Luiz Henrique, dona Nenê, e os netos Ana Carolina e Pedro também assistiram ao julgamento, que atraiu até mesmo os demais juízes da comarca, os quais tiveram tempo de assistir apenas ao final da sessão do júri.