Nutricionista dá dicas alimentares para os motoristas

20 de Agosto de 2025

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Nutricionista dá dicas alimentares para os motoristas
Angela Maria Buosi Vidotti, 44 anos, é nutricionista mestre em Promoção de Saúde e coordenadora de graduação de Nutrição da Fundação Educacional de Fernandópolis. Nesta entrevista, Ângela orienta sobre questões básicas do dia-a-dia dos motoristas que percorrem as estradas, como a alimentação ideal e cuidados com a escolha do local onde vai “reabastecer” o estômago.

CIDADÃO: Muitos motoristas fazem longas viagens e acabam se alimentando em horas impróprias e até mesmo ingerindo alimentos que não são saudáveis. Qual sua sugestão e de quanto em quanto tempo é recomendável para se alimentar?
ANGELA: Independente da profissão é importante a realização de cinco refeições por dia, sendo três refeições principais (desjejum, almoço e jantar) e duas refeições intermediárias (pequenos lanches). As refeições principais devem conter todos dos grupos de alimentos, ou seja, alimentos energéticos, construtores e reguladores. Os alimentos energéticos são representados pelos cereais (arroz, milho, trigo e derivados) e feculentos. Construtores são as carnes em geral (boi, frango, peixe), leite (e derivados), ovos e leguminosas (feijão, ervilha, soja). Os alimentos reguladores são representados pelas verduras, legumes e frutas, e também, água. As refeições intermediárias não necessitam ser compostas pelos 3 grupos de alimentos. Para obter uma alimentação balanceada, podem ser utilizados alguns guias alimentares, como, por exemplo, a pirâmide de alimentos. A pirâmide é uma maneira de orientação para populações em geral onde pode ser observado o número necessário de porções de cada grupo de alimentos assim como o tamanho dessas porções.
Não são recomendáveis longos períodos de jejum, como muitas pessoas fazem, realizando uma ou duas refeições por dia; no entanto, não devemos comer a todo momento. É importante alimentar-se aproximadamente a cada 3 horas, respeitando a orientação de cinco refeições por dia.

CIDADÃO: Já que em viagens é difícil conhecer o local onde vai comer, o que a pessoa deve observar quanto ao local e os alimentos? É feio pedir para conhecer a cozinha do local?
ANGELA: É um direito do consumidor visitar a cozinha de restaurantes e similares, de maneira nenhuma é feio. Ao chegar em um restaurante é importante verificar a apresentação dos funcionários do local: condições higiênicas do uniforme, uso de luvas, máscaras e principalmente se os cabelos estão bem protegidos por toucas. O avental é significante dentro desta observação, pois devem ser utilizados para proteger o alimento que está sendo manipulado e não para proteger a roupa do manipulador – como muitas vezes é utilizada! O aspecto geral dos utensílios (toalhas de mesa, talheres, pratos, copos), assim como as condições de banheiros são indicações das condições gerais do estabelecimento.

CIDADÃO: Para quem dirige longas distâncias diariamente, quais os alimentos recomendados para não “pegar no sono”? Quais os não recomendados?
ANGELA: Para melhorar o estado de alerta é importante não fazer refeições muito volumosas e também evitar alimentos de difícil digestão, principalmente alimentos muito gordurosos (feijoada, carnes muito gordas, frituras). È interessante também não ficar mais de 4 horas sem se alimentar. Um cafezinho após as refeições é interessante, no entanto, não deve ser utilizado indiscriminadamente. O café é um produto estimulante, no entanto, não pode ser responsável por manter em alerta pessoas cansadas e que não tenham sono regular.

CIDADÃO: Para aqueles que levam o alimento de casa, quais os procedimentos para armazenamento e manuseio?
ANGELA: Existem alguns alimentos que podem permanecer por maior tempo sem refrigeração como pães e frutas. Já alimentos como leite e derivados, embutidos (salsicha, presunto e salame) só devem ser transportadas sob refrigeração. Por períodos curtos, sacolas térmicas e gelo são suficientes.

CIDADÃO: Quem se alimenta mal, pode ter inúmeras doenças no aparelho digestivo. Quais são elas e o que as provoca?
ANGELA: Uma das principais reclamações de pessoas que trabalham por muito tempo sentada é a constipação intestinal. Essa condição é desencadeada principalmente pela baixa ingestão de fibras (contidas em verduras cruas, cascas de frutas, aveia e feijão), ingestão insuficiente de água e inatividade física. Então, para desfazer essas situações é importante ao aumento da ingestão de alimentos ricos em fibras, ingerir água o suficiente – mais de 2 litros por dia, e quando não estiver viajando realizar alguma atividade física regular.